Ele manda, eu obedeço | Parte 1/3

Pelos caminhos da vida a gente vez ou outra se encontra em algumas situações bem peculiares , não é mesmo? Por vezes até pensamos que o melhor seria até evita-las porque no fundo sabemos que a coisa pode ficar fora de controle e a gente pode acabar se dando mal ou correndo riscos. Aprendi isso desde cedo e sei que muita coisa não é tão simples de ser realizada. Brinco em dizer que uma forma de ficar sempre segura é ser sempre sozinha.

Mas há lugares que precisamos nos arriscar até por uma questão natural. Não dá para fazer um curso superior sozinha e sem ajuda ou trabalhar sem ajuda, por exemplo, é preciso se arriscar em confiar em alguém. E assim, na faculdade, conheci o Alberto. Ele tinha 48 anos, tinha um rosto misterioso e era de poucas palavras. Quando se manifestava na sala sempre mostrava ter um conhecimento incomum, uma sabedoria assertiva e isso me chamava a atenção. Ele devia ter quase dois metros, gordinho de barriga de chop, separado e que tinha trabalhado muito tempo em serviços braçais, pele morena, jeitão de macho ogro. Não era comunicativo e nem popular. Tinha quem sentia medo dele.

A gente passou a criar uma sintonia devido às atividades na faculdade. Formamos uma dupla e sempre ficamos focados nas leituras e estudos, algumas amigas diziam que eu era doida. Mas respondia elas com notas altíssimas de nós dois. Pouco falava de sua vida pra mim nessas ocasiões e eu tentava copiá-lo nisso. Mas tem dias que a gente quer ser mais que só uma colega de sala e o mistério em volta dele me fazia pensar nele o tempo todo. Me soltei e falei mais com ele das minhas dificuldades, da época de escola e ele sempre um bom ouvinte, mas sempre na dele. Tentava falar mais para mostrar a ele que confiava nele, mas ele não comentava muito sobre ele.

Num intervalo, quando estava na lanchonete em busca de um lanche, vi um casal brigando e a mulher jogou refri na cara do namorado xingando ele de tudo quanto é nome. Ele ficou envergonhado mas não reagiu. Notei que Alberto também viu a cena e depois olhou pra mim. Não falamos sobre isso, mas no dia seguinte, indo em direção à sala vi o casal junto como se nada tivesse acontecido e o homem todo amoroso com a mulher que o humilhou e achei graça pois achei ele muito submisso e como tinha tido um lance com um cara assim achei a mulher cheia de atitude e até pisquei pra ela aprovando. Passado alguns metros ouvi um cochicho de Alberto que ia passando por mim indicando que viu tudo e a minha reação:

- Então quer dizer que gosta de humilhar homens também. Nunca me contou isso mas é bom saber. - disse ele.

Eu fiquei super sem graça porque vi que ele não curtiu nada. Durante o dia e depois a semana, não fez dupla comigo e eu fiquei um tanto chateada. Me senti julgada por ele mesmo sem ele dizer nada ou ter reagido diferente e um dia resolvi conversar com ele sobre isso a sós.

- Oi Alberto, tudo bem?

- Oi.

- Que foi?

- Que foi o que?

- Nunca mais fizemos dupla, você não quer mais?

- Não. Não sou frouxo e você parece que se dá melhor com esses tipos.

Que ele não era frouxo, eu sabia desde sempre. Mas então quer dizer que ele tinha interesse em mim, senão não teria feito esse drama todo. Fiquei um tantinho alegre em saber disso e isso me motivou a querer me explicar.

- Eu já fiquei com homem submisso e achei legal, mas isso não quer dizer que eu goste disso. Eu gosto de homem.

Ele ficou em silêncio, mas seu olhar demonstrou surpresa quando falei sobre a submissão.

- Eu não sabia que você tava afim de mim. - completei

Ele riu e então falou:

- Você é inteligente, é uma ótima companhia, mas não é de reparar detalhes, né? Acha mesmo que a gente eu conversaria tanto com uma mulher só pra jogar conversa fora? Fora que me viu te observar várias e várias vezes na sala e nunca deu pinta de notar o real interesse. Já até chamei para fazer pesquisa juntos em minha casa e você nada. Saquei que não tava afim de mim e então seguimos estudando. Mas você também não desgrudava, falava um monte e fica a maior parte do tempo comigo que com as amigas. Quando vi sua reação com o frouxo lá, percebi que tava atrás de cara assim. Como não sou, pulei fora. Foi só isso. Parece até que não é mulher.

Pior que tudo que ele tinha dito era verdade. Percebia que me olhava, mas não deixava claro pra ele que notava. Ele chamou pra casa dele pro trabalho num convite que não era bem para estudar (era de grupo e só eu tinha sido chamada). Dava para entender a reação dele. Ao mesmo tempo, soou um alarme alto em minha mente. Se ele soubesse de minha condição (descrita no meu primeiro conto), ou apanharia dele ou ele falaria pra todo mundo. O estilo e perfil de homem assim sempre me causava pânico por serem extremamente héteros e não querer sequer imaginar que passaram um tempo com uma mulher feito eu.

- Eu te acho interessante pelo mistério que é. Mas você nunca conta nada a seu respeito, então não dá pra confiar muito e eu fico também sem saber o que fazer.

- Ao final da aula vá na copiadora aqui na frente da faculdade que te conto mais sobre mim.

- Tá. - falei vibrante pois finalmente iria saber mais dele.

- Mas com uma condição.

- Qual?

- Se você falar qualquer coisinha do que te contar lá para outra pessoa eu não vou querer ver sua cara pintada de ouro.

- Tá. - falei agora com receios quase que pensando em evitar ir lá.

A aula transcorreu normalmente e tudo correu como devia. Ao final da aula, a curiosidade me fez não pensar em outra coisa além de ir ouvir Alberto. Passei no banheiro rapidinho e saí. Ele estava sozinho na porta da copiadora já fechada devido o horário. Os alunos ainda estavam saindo, mas dispersavam rápido e nenhum ficava parado por ali.

- Oi, eu vim.

Ele sorriu e então falou:

- Quer sentar no meio-fio ou ir comigo a um lugar mais confortável?

Um frio na espinha passou por mim e eu fiquei em dúvidas. Ficar lá poderia ficar perigoso pois já era bem tarde e logo não ficaria ninguém por lá, ir com ele, depois desse convite num tom levemente sombrio e mais misterioso, me permitiu ficar com mais dúvidas sobre ele. Então respondi:

- Melhor irmos pra algum lugar mais confortável.

Ele então saiu em direção ao seu veículo e fui atrás dele. Para onde será que ele iria me levar?


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Ficha do conto

Foto Perfil lauraconfusa
lauraconfusa

Nome do conto:
Ele manda, eu obedeço | Parte 1/3

Codigo do conto:
214019

Categoria:
Sadomasoquismo

Data da Publicação:
24/05/2024

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