A minha Deusa Virtual - Parte 1



O brilho do ecrã era o meu companheiro constante nas últimas semanas. Eu sou o Miguel, ou Bluebird como me conhecem neste canto da internet. Tinha 34 anos na altura, e a minha vida online era, até então, um refúgio de conversas banais e interesses partilhados. Foi num fórum desses que a conheci: Ana. Sete anos mais velha, uma mulher moderna na casa dos quarenta, com uma presença digital que capturava a atenção. Pelas fotos de perfil que partilhava ocasionalmente, imaginava-a cuidada, cabelos negros emoldurando um rosto em que uns óculos de massa lhe davam um ar inteligente e confiante. O seu corpo magro parecia favorecer os vestidos justos e os tops decotados que, invariavelmente, realçavam um peito farto.
As nossas conversas eram fluidas, inteligentes, e a sua presença digital irradiava uma confiança que me intrigava. Havia uma firmeza nas suas opiniões, uma clareza de propósito que me atraía de forma inexplicável. Mas, por entre as trocas de ideias e os debates acalorados, surgiam comentários subtis, insinuações que despertavam em mim uma curiosidade diferente, um formigueiro estranho que se instalava algures entre o peito e o baixo ventre.
Lembro-me de uma conversa sobre arte, onde ela, Ana, descreveu a beleza de uma figura masculina rendida, a força na sua vulnerabilidade. Uma corrente quente percorreu-me as veias, e imaginei-me naquela posição, a sua voz a guiar cada um dos meus movimentos. E depois houve aquela troca sobre desejos ocultos, onde ela confessou um fascínio por guiar o prazer de alguém, por ser a maestrina de sensações intensas. Uma pontada de excitação, quase dolorosa, agitou-me.
A transição foi gradual, quase imperceptível. As mensagens tornaram-se mais pessoais, os elogios mais diretos, as perguntas mais íntimas. Ana tinha uma forma de contornar as minhas defesas, de despertar em mim uma necessidade de partilhar, de me abrir de uma maneira que nunca tinha feito antes. E havia aquele lado dela… um prazer genuíno em descrever o prazer, em imaginar o meu prazer. Isso desarmava-me completamente, deixando-me vulnerável a cada uma das suas palavras.
A vontade de a agradar, a Ana, crescia a cada interação. Havia algo na sua atenção, na forma como ela se focava nas minhas palavras, que me fazia querer ser merecedor do seu interesse. E, no fundo, um medo sutil começava a insinuar-se: o medo de dizer ou fazer algo que a afastasse, que quebrasse aquela ligação que, apesar de virtual, já me parecia essencial.
A primeira sessão aconteceu numa noite de insónia. Uma mensagem inesperada de Ana: "Estou online, Bluebird. Queres conversar de forma mais… direta?" O meu coração disparou no peito, um ritmo acelerado que ecoava na garganta seca. Aceitei, hesitante mas irresistivelmente curioso, sentindo um nó de ansiedade e expectativa a apertar-me o estômago.
A conversa começou tímida, com perguntas sobre fantasias, sobre limites. Mas a firmeza de Ana rapidamente tomou conta. Ela começou a dar pequenas ordens, sugestões carregadas de expectativa que faziam a minha pele arrepiar. "Miguel, descreve o teu corpo para mim." As palavras saíram hesitantes no início, a timidez embargando a voz, mas a sua atenção voraz encorajava-me a continuar, cada detalhe que eu mencionava parecia acender um brilho nos seus olhos virtuais.
Depois veio o pedido para me despir. Uma onda de pânico percorreu-me, o sangue a gelar nas veias. "Despir-me? Agora, Ana?" digitei, as mãos a tremer tanto que mal consegui acertar nas teclas.
"Sim", respondeu ela, sem rodeios. "Quero ver o que tens para me oferecer, Bluebird."
A vergonha invadiu-me como uma onda de calor, um rubor intenso a subir do peito às orelhas. "Eu… Ana, não sei se estou pronto para isso. Sinto-me… exposto."
Houve uma pausa tensa na conversa, cada segundo a parecer uma eternidade. "Sabes, Miguel", escreveu ela finalmente, o tom ligeiramente mais frio, uma decepção subtil a pairar nas palavras, "estava mesmo com vontade de explorar isto contigo esta noite. Se não te sentes à vontade, talvez eu esteja a perder o meu tempo. Há outros que certamente apreciariam a minha atenção, que não hesitariam em me mostrar o que desejam."
A ameaça, mesmo que implícita, atingiu-me como um murro no plexo solar, deixando-me sem ar. A ideia de a perder, de ver aquela conexão promissora esvair-se, era insuportável, um vazio frio a instalar-se no meu peito. "Espera… tudo bem, Ana. Eu… eu vou fazer isso." A derrota na minha voz era palpável, cada palavra um peso.
Com as mãos trémulas, liguei a câmara, mantendo o foco hesitante no meu rosto, os olhos fixos no seu nome no ecrã como se procurasse ali alguma ancora. "Agora o corpo, Miguel", ordenou Ana, a sua firmeza a regressar, cada sílaba carregada de expectativa.
Lentamente, fui baixando a câmara, expondo o meu tronco. O nervosismo era palpável, a pele arrepiada apesar do calor do quarto, e o meu pénis encolhia-se sob o seu olhar virtual, envergonhado.
"Hmm", comentou Ana, com um tom avaliativo que me fez encolher ainda mais, a sua crítica como um toque frio na minha pele sensível. "Pequeno e acanhado, Miguel. Nervoso, presumo?" Houve uma pequena pausa antes de continuar, o tom agora mais crítico, quase com desprezo. "Pelos por todo o lado, Bluebird. Que desleixo. Parece um urso mal cuidado."
A humilhação picou como agulhas, cada palavra a inflamar a vergonha que já me consumia. Senti o rosto a aquecer, as bochechas em brasa.
"Não gosto disso, Miguel", escreveu Ana, a firmeza cortante como uma lâmina. "Quero tudo liso. Peito, axilas, púbis… tudo. Incluindo aí atrás."
Um frio percorreu-me a espinha novamente, um calafrio de apreensão e receio. "Depilar… tudo? Isso é… muito, Ana. Nunca fiz isso… aí." A resistência era quase automática, um último suspiro de autonomia, a masculinidade tradicional a erguer uma barreira instintiva.
A resposta dela foi imediata e definitiva: "É o que eu quero, Miguel. É o que me excita. Se não consegues sequer fazer isto por mim, então talvez este não seja o caminho para nós. Pensa bem, Bluebird. Ou me dás o que eu desejo, ou voltamos à conversa amigável… para sempre. E sabes que não é isso que nenhum de nós quer."
O ultimato era claro como cristal, o peso das suas palavras esmagador. A friendzone, a perda daquela promessa excitante, era um preço demasiado alto a pagar, um abismo de arrependimento aterrorizador. A derrota era amarga, um nó na garganta, mas a antecipação do que poderia vir depois… era um anzol irresistível, uma curiosidade perversa que me impedia de recuar.
"Tudo bem, Ana", digitei, a resignação pesando em cada letra, cada toque na tecla um reconhecimento da minha submissão. "Eu vou fazer isso."
Um pequeno sorriso virtual surgiu na sua resposta, uma faísca de satisfação fria. "Bom rapaz, Miguel. Confia em mim. Vai valer a pena. Quero ver tudo impecável na próxima vez."
Desliguei o computador, o ecrã a tornar-se um espelho escuro que refletia a minha confusão. As suas palavras ecoavam na minha mente como um mantra: quero tudo liso… incluindo aí atrás… confia em mim… vai valer a pena. Uma excitação estranha misturava-se com a apreensão.
Levantei-me, o corpo tenso, e caminhei até ao banheiro. Olhei para o meu reflexo no espelho. O meu peito peludo, as axilas… e a ideia daquela zona… um arrepio percorreu-me. Mas por baixo da minha excitação nervosa, o meu pénis estava rijo, pulsando com uma intensidade que me surpreendeu. Era como se o meu corpo já tivesse aceite a ordem, mesmo que a minha mente ainda hesitasse.
Procurei a máquina de barbear elétrica e passei-a pelo peito e pelas axilas, o zumbido preenchendo o silêncio do banheiro. Os pelos mais longos caíram como uma neve escura na pia, revelando a pele pálida por baixo. A sensação era estranha, mais lisa, mais exposta. A ideia de continuar com a lâmina, de alisar completamente tudo, ainda me causava um certo desconforto, especialmente quando pensava naquela parte… era como se estivesse a despojar-me de algo fundamental da minha masculinidade.
Liguei o chuveiro, o vapor quente a embaciar o espelho. Com a pele amolecida, apliquei espuma e peguei na lâmina. Cada movimento era lento, cuidadoso, quase ritualístico. A cada fio que caía do peito e das axilas, sentia uma estranha libertação, mas a aproximação da zona traseira trazia consigo uma hesitação maior. Era ali que a minha masculinidade parecia mais enraizada, uma área raramente exposta, íntima e, de alguma forma, um último reduto da minha autonomia. A ordem de Ana para alisar ali parecia um comando para desmantelar uma parte essencial de quem eu me via como homem.
Com um suspiro hesitante, inclinei-me, a lâmina fria a tocar a pele sensível. A remoção dos pelos ali era estranha, desconfortável, uma sensação de vulnerabilidade extrema. Era como se estivesse a expor uma parte de mim que sempre permaneceu oculta, um gesto de entrega total à vontade de Ana. As suas ordens ecoavam na minha mente, a sua voz firme e confiante a guiar este ato de submissão silenciosa. Quero tudo liso… incluindo aí atrás… confia em mim… O meu pénis permanecia inflexível, duro como aço, uma traição do meu nervosismo, um testemunho do desejo que a sua autoridade inexplicavelmente despertava.
Com a pele agora completamente lisa e incrivelmente sensível ao toque em todo o meu corpo, toquei-me. A ausência dos pelos amplificava cada sensação, tornando o roçar dos meus dedos uma experiência quase dolorosa de prazer. As imagens de Ana, o seu olhar de aprovação (ou desaprovação, se eu não fizesse bem?), incendiaram a minha imaginação. As suas palavras eram o guia para a minha mão, especialmente a lembrança da sua ordem para alisar aquela parte de mim, agora tão vulnerável e exposta.
A masturbação tornou-se frenética, urgente, uma necessidade avassaladora de libertar a tensão e a excitação que ela tinha despertado em mim. As sensações intensificavam-se a cada toque, culminando num orgasmo explosivo, o mais forte e visceral que alguma vez tinha experimentado. O meu corpo estremeceu violentamente, a tensão acumulada a libertar-se em ondas de prazer puro que me deixaram ofegante e exausto.
Olhei-me novamente no espelho, a respiração ainda descompassada. O meu corpo magro, os músculos do tronco e das pernas agora mais definidos e visíveis sob a pele lisa, parecia estranhamente diferente, mais vulnerável… mais maleável. Mas foi o reflexo da minha zona traseira lisa no espelho que realmente me atingiu. Era uma imagem que nunca tinha visto, uma negação silenciosa da minha própria masculinidade como eu a conhecia. Uma pergunta silenciosa ecoou na minha mente, fria e perturbadora, apesar da satisfação física: O que estou eu a fazer? A que ponto cheguei? Mas a resposta, por agora, permanecia envolta na névoa da minha crescente e inexplicável obsessão por Ana.

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Ficha do conto

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Nome do conto:
A minha Deusa Virtual - Parte 1

Codigo do conto:
234782

Categoria:
Fetiches

Data da Publicação:
03/05/2025

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