Um bairro afastado

Lá pras bandas de Registro ele desembarcou do ônibus. Era uma tarde chuvosa e fria de abril. Pediu parada bem antes do trevo principal de acesso ao município. Havia combinado com a senhora misteriosa, com quem conversara há algumas semanas, que desceria às margens da estrada do bairro do qual ela passou a localização. Parecia mais uma vila rural do que um bairro em si.

Ele observou as casas do tipo dos fundões dos sertões perdidos do Brasil. Saíra do sul de Minas para encontrá-la, e agora estava começando a achar que dera uma varada n'água. Estava quase desistindo, pensando em procurar o ponto de circular mais próximo , ir para a rodoviária e voltar quiném um coelho pra Minas!.. e quando estava quase decidido, passou uma moça exuberante, vestida de crente, com botas de salto alto e cabelão à altura da cintura. Perguntou a ela:

_ Bom dia... por acaso você sabe aonde mora Gláucia Vasconcelos?

_ Na casa azul da esquina.

A jovem apontou para uma casa azul, cheia de arbustos floridos no jardim. Ele a agradeceu. Ela sorriu com malícia, como se soubesse muito bem quem era a tal da Gláucia. Ele notou a cara de " é, vai rolar putaria ! " que ela fez. Mas não ligou, afinal, ninguém o conhecia ali.

Chegou à frente da vivenda. Não havia campainha. Bateu palmas. Saiu um homem estranhíssimo, com cara de Herman Monstro, que foi lhe perguntando com expressão de aborrecimento:

_ Você é o mineiro?

_ Sim... _ respondeu balbuciando. Continuou: _ vim a convite de Dona Gláucia.

O esquisito sorriu então... um sorriso parecido com o da moça exuberante... Chamou-o a entrar.

O mineiro entrou, bastante desconcertado. Foi convidado a sentar-se. Minutos depois, uma moça maravilhosa ,e toda vestida de preto , chegou aos seus olhos... E ele, quase babaca, disse:

_ Você está linda, Gláucia!..

Acabou de dizer e não viu mais nada... levou um apagão.

CONTINUA