A madrugada estava fria, mas eu já estava acostumado. Salto firme na calçada, vestido colado no corpo, maquiagem no ponto. A luz trêmula do poste me dava um certo charme, pelo menos eu gostava de pensar assim. Foi então que vi o Corolla preto desacelerar e parar ao meu lado. O vidro abaixou devagar, revelando um homem de ombros largos, olhar sério e um ar de autoridade que não se disfarça fácil.
Tá esperando alguém? ele perguntou, voz grave, segura.
Sorri, de canto de boca. Talvez estivesse esperando você.
O nome dele era Thales. Corpo grande, jeito misterioso, daqueles que você não consegue decifrar de primeira. A conversa foi rápida, leve, cheia de tensão no ar. Em poucos minutos, ele aceitou o convite. Fomos para o meu cantinho, nada luxuoso, mas limpo, organizado, com meu toque.
Assim que entramos, o clima mudou. Ele me encostou na parede, nossas bocas se encontraram com uma fome contida. As mãos dele eram firmes, mas gentis. O cheiro da rua foi substituído pelo perfume da pele e do desejo. Mas então ele parou, respirando fundo.
Não consigo transar no primeiro encontro... disse, meio sem graça, como se ainda tentasse resistir a algo que já era inevitável.
Me aproximei com calma e disse o que ele precisava ouvir:
E quem disse que isso aqui é só um encontro?
Comecei a tirar a roupa dele devagar, sentindo cada músculo, cada tensão se dissolvendo no toque. Quando chegou a hora do “vamos ver”, ele tirou do bolso uma nota dobrada e me entregou com um olhar direto.
Sem camisinha... pode?
Olhei pra ele por dois segundos. Peguei o plástico que eu sempre deixo separado, com todo cuidado. Me protegi do meu jeito. Profissional, mas presente. Sabendo o que estava fazendo.
E então, sem mais palavras, a noite nos engoliu. Ele, quente e intenso. Eu, entregue, mas no controle. A cidade dormia, mas ali dentro o mundo girava diferente. Só nós dois, suor, pele, e aquela sensação de que o proibido, às vezes, é só o começo.