Desejo irresistível (segunda versão)




Ontem, tinha voltado a acontecer. Um auto controlo que perdura por duas semanas é de ser visto como até bom, mas era infantil a ideia de que se iria aguentar indefinidamente.

O relato que passou à amiga, no dia seguinte, foi dito sem os habituais detalhes mais íntimos, por não haverem no que toca a isso novidades. Mantendo-se o problema, mantém-se logicamente o método de acção.

A querida amiga, por querer ir além de ser a boa ouvinte que conforta, diz-lhe, como já tinha feito, que a ajuda de um profissional estaria inevitável. Lógico de dizer, por quem não tem de se sentar num consultório em confesso das mais depravadas singularidades da sua psique.

Desta vez, pela primeira vez, pôs real consideração no caso, como opção real que podesse tomar por desespero, e por saber que precisava de dar razões novas ao vício para que desaparecesse.

Passou três noites de harmonia, a cama livre com espaço para a companhia do casal de gatos, que eram o seu verdadeiro amor de longa data. À quarta, por acaso noite de quarta-feira, os depravados pensamentos obsessivos, voltaram, em força.

Naquele dia tinha trocado contactos com um vizinho, que por hábito, treinava no ginásio do prédio à mesma hora que ela. Já tinha admirado aquele físico esbelto umas boas vezes, mas a conversa não tinha até aí, ido além do banal. Sempre sentiu reticências em se aproximar intimamente de outros moradores do prédio. Voltar a cruzar-se com homens com quem já o tinha feito, era completamente de evitar, tendo em consideração a maneira como o faz.

Escreveu-lhe, já tarde, uma mensagem na esperança subconsciente de que não respondesse por já dormir. Mas passado uns poucos minutos o telemóvel tocou. Às perguntas dela chegavam respostas de simpatia e sem muita demora. A partir de um ponto, por ter mais a dizer, e vontade de dar ênfase ao dito, começaram a chegar em áudio, essas respostas.

Tinha daquelas vozes que não perdem da sua força ao longo do dia, e por isso causava ainda,àquela hora, grande efeito. A alguns áudios ouviu-os uma segunda vez, não pelo conteúdo mas pela sensação causada. Irrefletidamente, deu por si a passar a mão por dentro das calças de pijama, enquanto escutava a resposta a uma pergunta que já nem se lembrava qual tinha sido.

Pediu-lhe uma foto do pénis. Directamente e sem rodeios, não estava sequer a conversa a fluir na direção do erotismo. Normalmente as mulheres não querem ver isso antes do momento, e desgostam muito o receber dessas fotos, questionou-a ele. Não sou como as outras, resposta clássica mas neste caso uma verdade.

Não tinham passado ainda dez minutos desde o momento em que se sentaram no sofá da sala dela, até as roupas começarem a ser despidas, um ajudando o outro. Era um homem de corpo bem trabalhado e com um moreno natural que resultava muito bem à vista. Sem as tatuagens habituais, que costuma usar na seleção, como indicador de agressividade íntima. Com ele não era agressividade bruta que acontecia, antes um fazer as coisas com uma intensidade sempre sensível. O saber fazer um equilíbrio entre fazer dela a sua putinha, e o deixá-la com à vontade para fazer as suas vontades desavergonhadamente.

E o que ela fez, como fez, com a entrega que fez, nunca este homem tinha visto feito, ele que até era bem experimentado. Durante estes momentos não há muito lugar a reflexão, mas chegado ao seu apartamento, veio-lhe à cabeça a conclusão que uma mulher que faz aquilo, como ali foi feito, tem alguma coisa de errado consigo, ou de muito certo.

Ela, como esperava tendo conseguido o seu necessário tratamento, mal caída na cama adormeceu, para só acordar bem restabelecida pela manhã. Mas o sentimento de vergonha instalou-se no pensamento, ainda ant s de chegar ao primeiro gole de aguar. Tinha voltado ao erro. Aquilo que no momento parece mesmo ter que ser, e se consegue justificar que aconteça. Procurou o número do especialista que já tinha pesquisado e marcou consulta.

Doutor não sei maneira simpática de chegar ao que quero dizer, por isso entrar a frio. Muitas das noites só consigo relaxar e adormecer depois de ter pelo menos um orgasmo, de preferência vários. Isso não é de todo anormal, foi a resposta do profissional. Pois, certo. O mais anormal são mesmo os modos que me fazem lá chegar, nada bonitos nem de todo românticos.

Para me vir é-me necessário fazer um bom trabalho de boca. Não me satisfaz um sexo oral medianamente normal. Tenho que chupá-lo como se estivesse esfomeada. Levá-lo até ao fundo da minha garganta agressivamente. Também o ficar de boca receptivamente aberta, e deixá-lo ele fazer os movimentos para dentro de dela com pujança, ajuda sempre a deixar-me lá perto. Devo usar muito a língua também, sentir o mais possível aquele sabor a macho satisfaz-me muito. Durante tudo isto tenho, ainda para mais, que ser bem sonora na acção, mais quando ele não é tão grosso e saboroso como gosto. Para compensar digamos. Faz-me muita diferença a grossura, o tamanho é secundário.

Porque não ficar num relacionamento ou encontrar-se frequentemente com um homem do seu agrado, pergunta lógica. Pois, doutor, Deus não quis que fosse assim tão simples. Tudo isto só resulta bem a uma primeira vez, talvez uma segunda e terceira, goste eu mesmo do homem e do mastro dele. Isto ainda é o pior de tudo, o estar em procura constante de um novo pau que me satisfaça.

Por favor descreva com detalhes como isso a faz sentir. Bem, o mais doloroso de tudo é que me faz sentir uma putinha. Eu que sempre sonhei dedicar-me a um só homem e ser feliz assim. Porque não insistir em procurar uma situação dessas, com o parceiro certo, pode resultar. Já o tentei, acredite. Fiz esforço para me suster mas não adianta. Estando numa relação estaria sempre a cair em traição, e odeio a ideia disso.

Devemos então entrar pelo caminho do aceitar aquilo que é, e aquilo que deseja, no momento presente. Ao longo do tempo eu acredito que com ajuda haverá uma mudança dentro de si. Devemos começar por nos livrar do sentimento de culpa que não tem razão de existir. Os apetites sexuais existem com uma razão e devem ser realizados. Não os ter seria não ser humano, e não os realizar uma afronta à nossa biologia.

Devia até sentir-se orgulhosa do tanto que deseja o macho. A algumas mulheres heterossexuais fazia-lhes bem o serem mais assim. Sendo-lhe honesto, a sua descrição deixou-me até excitado de tanto apreciar uma vontade desse género. Meu deus, doutor. Imaginá-la nas situações que me descreveu, deixou-me com uma ereção difícil de disfarçar. Isto é a sério? Posso lhe mostrar se não acredita. Não é por sofrer destes desejos que sou uma oferecida e aberta a ser sexual com qualquer um. Como profissional esperava que entendesse isso. Mais do que ser profissional sou sobretudo homem. É bem grossa como gosta, e de bom aspecto. Acham todos os homens o mesmo. Veja então por si.

Em silêncio o olhar ficou fixo naquele mastro. Tinha grossura para lhe encher bem a boca, e veias visíveis como bem gosta. Tom moreno como se estivesse levemente bronzeado, e uma cabeça bem fofinha que dava vontade de o provar. Mais, estava sem pelos, que é o perfeito quando se quer ir de garganta bem a fundo.

Queres senti-la? Vou só segurar na minha mão, e talvez dar-lhe um beijinho, mas não vai acontecer mais nada.


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Ficha do conto

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Nome do conto:
Desejo irresistível (segunda versão)

Codigo do conto:
237025

Categoria:
Confissão

Data da Publicação:
24/06/2025

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2

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