Pós festa

Já passava das quatro e meia quando ouvi o tilintar apressado das chaves e, em seguida, o arrastar lento da pesada porta de madeira. Reconheci os passos. Lentos, cuidadosos. Movia-se com a intimidade de quem conhece cada canto da casa — e de mim. Minutos depois, o som da água caindo no chuveiro me despertou. Ele estava nu. Pensei em levantar e ir ao seu encontro, mas o banho foi breve. Preferi ficar quieto, à espera. Em silêncio, deixei-me invadir pela ansiedade de tê-lo de novo nos meus braços. Meu homem chegou bem e, em pouco tempo, estaria ali, comigo. Ouvi os seus passos se aproximarem do quarto. A presença dele fez vibrar o ar. Mas ele não entrou. Ficou parado à porta, hesitante. Eu daria qualquer coisa para saber o que se passava naquela cabeça naquele exato momento. Mil pensamentos atravessaram a minha mente, e todos me levavam ao mesmo desejo: tê-lo junto a mim. Finalmente, ouvi os passos ganharem coragem, aproximando-se da cama. Mas ele não foi para o seu lado, veio para o meu. Senti o colchão ceder e o calor do seu corpo se misturar ao meu. O cheiro do sabonete misturado ao aroma natural da sua pele fez meu coração acelerar.
Com gestos suaves, quase reverentes, ele passou os dedos entre o tecido da minha cueca e a pele. O toque húmido dele entre as minhas nádegas fez-me prender o fôlego. Tirou a cueca devagar, como se não quisesse me acordar — mal sabia ele que eu nunca estivera a dormir. O leão chegou faminto. E queria um banquete. Seu dedo molhado deslizou devagar dentro de mim, avançando até onde conseguia alcançar. Controlei-me para não gemer alto. O coração disparado, o corpo em chamas. Quando o segundo dedo entrou, foi como se o mundo à minha volta se desfizesse. Pensei apenas: “Me fode, por favor”. Mas mantive-me quieto. Deixei que ele se divertisse. De repente, os dedos se retiraram. E foram substituídos pela sua língua quente. Quis gemer alto, mas segurei. O prazer era feroz. Ele explorava-me como quem saboreia o prato mais desejado. Cada movimento, cada investida da sua língua, era uma provocação crua. Quando me levou à beira da loucura, parou.
Senti o colchão afundar. Ele subiu na cama com lentidão calculada. O seu toque firme afastou as minhas nádegas, e logo senti a cabeça do seu pau roçar-me. Estava tão excitado que ele deslizou quase por completo, até que suas bolas encostaram à minha pele. Cada centímetro preenchia-me com uma necessidade quase desesperada. Segurou a minha cintura com firmeza. O seu peito quente colou-se às minhas costas. Os seus lábios encontraram a minha nuca. Sorri. Ele percebeu. Sussurrou “és meu” com uma doçura possessiva, e como quem dá uma ordem sagrada, pediu:
— Abre o teu rabo. Obedeci. Recebi um tapa. Sorri por dentro. Eu era dele.
De súbito, senti-o sair de dentro de mim. Antes que a frustração tomasse conta, sua língua quente voltou — agora em um rabo já mais sensível, dilatado e latejante. Chupou-me com gosto, descendo até o meu pau, já todo babado. Gemi, baixo, desejando que ele voltasse a meter. Num só movimento, virou-me de costas, colocou-me na posição de frango e penetrou fundo. As minhas pernas passaram a rodear-lhe a cintura, os nossos lábios fundiram-se. Era o céu. Os movimentos dele tornaram-se rápidos, intensos. Sentia-me completamente aberto, vulnerável e entregue. Apertei a cintura dele, querendo mais, mais fundo, mais dele. O roçar dos nossos corpos fazia-me estremecer. Estava prestes a gozar só com a fricção. E então, sem aviso, gozei. Sem me tocar. A minha barriga sujou-se com jorros quentes que também sujavam o corpo dele. Ele sentiu e não parou. Continuou a foder como só ele sabia. Quando gozou dentro de mim, senti cada pulsar, cada onda quente a encher-me. Relaxou sobre mim como se tivesse acabado de receber a melhor massagem do mundo. Deitou-se ao meu lado. O cheiro dele era agora mais intenso: sabonete, suor e a pele que eu tanto amava. Virei-me para ele, ainda ofegante.
— Como foi a festa? — perguntei.
Nenhuma resposta.

Ele já dormia.
Meu leão.