Entre padrinhos



Depois de muito tempo sem aparecer por aqui, vim ler meus contos antigos e me deu vontade de contar mais alguns casos. Esse específico eu escolhi para começar.

Há alguns anos, quando eu tinha 31, uma das minhas melhores amigas, Helena, anunciou seu casamento. Fiquei feliz por ela e pelo então noivo, Natan. Ela era minha amiga há mais de duas décadas, quase uma irmã, e ele tinha se tornado um grande amigo meu também. Se faziam bem, e ver isso acontecer me deixava feliz de verdade.
Para completar, me escolheram para ser um dos padrinhos. Aceitei de imediato. Eles ainda não tinham decidido se os padrinhos entrariam em casais ou sozinhos. Eu torcia pela segunda opção, porque tinha me divorciado há pouco tempo e não queria ter que entrar com uma desconhecida só por protocolo. Mas, claro, não ousei dar opinião — o dia era deles, e se me pedissem para entrar de braço dado até com um sapo, eu entraria sorrindo. Nas últimas semanas de preparação, ajudei com o que pude. Acompanhei Natan nas incumbências delegadas por Helena – sempre no comando: falar com fornecedores, pesquisar valores de bebidas, contratação da equipe de montagem, recepção da família que vinha de fora... Helena não confiava no buffet para tomar a maioria das decisões.
Nós três tínhamos agendas muito apertadas: Helena toca um escritório de engenharia, Natan um laboratório, e eu me desdobro entre a docência na universidade, a pesquisa e o meu escritório. Por isso mesmo a gente sabe o valor de quem quebra um galho — e do tempo do outro. Como o casamento ficou para janeiro, isso me ajudou: peguei o recesso da universidade e das pesquisas e consegui me liberar mais. O casal, por sua vez, reorganizou as demandas de trabalho e delegou funções, conseguindo se dar três semanas de folga que começavam na semana que antecedia o casamento, marcado para um sábado.
Assim, com os três livres, junto com o apoio de familiares da Helena que também se engajaram, entramos na reta final da preparação. Natan era de outro estado e veio há alguns anos viver na cidade e abrir seu negócio com apoio de um familiar que vivia aqui. O restante da família ainda vivia na cidade natal dele. Na segunda-feira anterior ao casamento, Natan me pediu ajuda para resolver algumas pendências e depois ir buscar seu primo, que também seria padrinho, no aeroporto. Os pais e irmãos de Natan chegaram dois dias antes e estavam na casa deles. Seu primo vinha para completar o time nas tarefas. Natan já tinha me falado diversas vezes de seu primo, André. Com 35 anos, era mais velho que Natan, que tinha 29, mas sempre foram grandes amigos. Natan parecia entusiasmado em reencontrar o primo. Na verdade, ele parecia bastante alegre por ter a família por perto. Era bonito ver meu amigo tão sorridente.
Nos dirigimos então ao aeroporto e ficamos aguardando na saída da área de desembarque. Até Natan fitar alguém e sorrir. Mesmo de longe, André me fez meu coração errar a batida no ato: pele branca bronzeada, rosto de traços fortes e marcados. O maxilar firme e anguloso passava imponência, mas o sorriso largo, de dentes grandes e brancos que já exibia ao nos ver, quebrava tudo com um ar másculo e malandro que me hipnotizaram. O cabelo curtinho, castanho-claro, deixava ver bem o desenho da cabeça. Era um corte simples, mas nele ficava perfeito: limpo e masculino. A barba em cavanhaque, também castanho-claro, curta e bem aparada, acentuava ainda mais o maxilar firme. O sorriso já era enorme, e com a barba o efeito ficava ainda mais forte, meio de moleque, meio de homem feito. Não media mais que 1,75 m, ainda dentro do meu número, que não costumo ter muito tesão em homem alto. Soltei o ar quando percebi que esqueci de respirar enquanto o admirava.
Como se já não fosse muito, o corpo dele me pegou de jeito. Já perto o suficiente para começar a abrir os braços na direção de Natan, vi ainda melhor. A camiseta preta não era colada como segunda pele, mas mesmo assim não escondia nada: o peito era cheio na medida, duro, sem exagero; os ombros davam um caimento natural que aumentava a imponência. Não era corpo inflado, era corpo firme. Os braços seguiam a mesma linha: não eram enormes, mas passavam solidez. Dava para notar a rigidez dos músculos, mesmo no movimento descontraído do seu andar; o antebraço grosso tinha aquele desenho sutil de quem usa força de verdade, sem precisar ostentar. Tudo nele era proporcional, nada destoava, nada parecia construído só para impressionar. Ainda assim, eu estava impressionado. Olhei discretamente para Natan, torcendo para meu amigo não notar o que me atravessava a cabeça.
A bermuda preta que André usava, feita de tecido leve, levemente larga e pouco acima dos joelhos, ficava num limiar enlouquecedor entre revelar e disfarçar: coxas grossas, fortes, que só marcavam o tecido nos movimentos certos. Não era músculo rasgado, era firmeza. Abaixo, as panturrilhas firmes fechavam o conjunto. Era um corpo denso e firme, sem precisar ser bombado. Mas, na silhueta da bermuda, algo mais me chamou a atenção. Com a mesma sutileza provocativa, o volume do seu pau marcava, sem denunciar toda sua anatomia. Convidava os meus olhos sempre para uma checagem a mais, tentando decifrar e ao mesmo tempo satisfazer a vontade que me dava água na boca. Sua bunda era outra surpresa sensacional. Seguindo o padrão das coxas, era firme, bem moldada. Não arrebitada, mas cheia, marcada, desenho perfeito, menos sutil no tecido leve, porque não era possível esconder algo tão imponente.
Respirei fundo, disfarçando o transe no qual estive preso nos últimos segundos, e voltei a me concentrar em Natan, que já abria um sorriso para recebê-lo. Bem a tempo de retribuir o sorriso e apertar a mão que me estendia antes de usá-la para me puxar para um abraço. Sabe gente que abraça com o corpo inteiro? André colou o corpo em mim de modo que meu queixo não tinha outra opção além de repousar em seu ombro. Mesmo depois de horas de viagem, o cara tinha um cheiro delicioso de homem e desodorante. Era quente e toda a firmeza que eu vi, senti no toque do corpo. Apertei-o com a mesma intensidade e me entreguei para aquele toque. Enquanto me abraçava, falou do prazer que sentia em me conhecer. E eu, cuidadoso para que meu prazer não ficasse evidente de outra maneira.
– Meu primo falou muito de você. Que você é um parceiro dele e da Helena. Fico feliz demais de saber que ele tem alguém assim por aqui. – Disse André, sorrindo. – Desde que saiba que o lugar de melhor ainda é meu. – Completou e riu em tom jocoso.
– Fica tranquilo que tem Natan pra todo mundo. Sobra até um pouquinho pra Helena. – Retruquei, e rimos os três.
Fomos até o carro, o sol quente da tarde ainda castigando. Guardamos as malas e saímos dali. Paramos num boteco próximo e pedimos as primeiras cervejas. Enquanto os primos matavam a saudade, observei André falar — gestos efusivos, riso fácil. Na conversa, soube que tinha um casal de filhos adolescentes. Foi pai bem jovem, calculei. Tinha um cargo considerável numa empresa do ramo imobiliário e estava solteiro. Acho que deixei escapar um sorriso quando constatei essa última informação.
Além de tudo, era bom de papo. Tanto que Natan pareceu contrariado quando uma ligação interrompeu a conversa. Era Helena. Aparentemente, Natan não se deu conta de que havia concordado, dias antes, em fazer a prova do bolo em uma hora na cidade vizinha. Ouvimos a conversa pelo volume alto da ligação.
– Puta merda! Primo, desculpa. Não me liguei que era a mesma data da sua chegada. Vocês querem ir lá com a gente?
– Primo, vai tranquilo. Eu tô cansado. Quero tomar um banho e descansar. – Respondeu André.
– Então a gente toma outra mais tarde? Helena vai querer te ver também. – Natan perguntou, ainda parecendo pesaroso.
– Tá certo então. Victor vai aparecer também? – Perguntou virando para mim.
– Se você tá chamando...
– Tudo certo então – concluiu Natan. – Vic, você leva André na hospedagem dele? Fica no caminho pra você. Vai com o meu carro porque eu vou no de Helena. Ela está na casa da mãe, aqui ao lado.
Concordei e seguimos em direções opostas. Natan a pé; eu, levando André até o apartamento alugado em que ficaria. Com a casa do casal já tomada de gente, ele preferiu ficar num lugar com mais privacidade. Era um apartamento particularmente perto da minha casa, mesmo para os padrões de uma cidade pequena.
No caminho, conversamos mais, e ele fez questão de perguntar também sobre a minha vida. Contei sobre o divórcio recente e me esforcei para passar naturalidade, mas fiquei atento à sua reação ao saber que era um homem com quem eu era casado. Se isso causou algo, ele não demonstrou.
– Então você também tá pra jogo, é? – Perguntou aquele sorriso, virando o rosto para mim.
– Aí depende de quem tá perguntando, né? – Respondi. – Se a oferta for boa, eu penso no caso. – Gargalhamos juntos.
– Boa, boa! Tem que valorizar seu passe.
Chegamos ao condomínio no fim da tarde. Ainda estava quente, mas a brisa litorânea aliviava o calor. Ajudei-o a retirar as malas do carro e entramos na recepção. André recebeu as chaves com o mesmo jeito simpático que vinha exibindo desde o aeroporto.
O prédio era antigo, mas bem cuidado — fachada branca com venezianas azuis, típico de hospedagem praiana. O elevador era estreito. Com as malas no chão, o espaço restante exigia uma proximidade entre nós que eu não lamentava.
O cheiro limpo de desodorante e viagem ainda nele era quase um convite. E a tensão me fazia acreditar que o toque dos nossos ombros não era casual. Não me afastei, mas temi que minha intenção fosse percebida.
O apartamento ficava no quarto andar. Ao entrar, o cheiro suave do aromatizante nos recebeu. O espaço era simples, mas bem arrumado: piso de madeira clara, paredes brancas e forro azul. A porta de entrada dava numa sala pequena, integrada à cozinha americana, e um quarto dividido por um biombo de ripas brancas. No quarto, uma cama de casal grande com um colchão que parecia macio ao amparar o corpo de André, que se jogou nele de maneira teatral.
– Tô quebrado! – Falou com o rosto abafado no travesseiro.
Eu repousei a mala de rodinha ao lado de onde ele havia deixado a outra. – Relaxa que agora você vai poder descansar. Gostou do quarto?
— Tá ótimo. — Disse, olhando em volta. — Melhor do que eu esperava.
— A localização é boa — respondi. — E pertinho da minha casa também. Se precisar de alguma coisa...
Ele assentiu. Levantou-se e se apoiou na beira do balcão da cozinha enquanto enchia um copo d’água. O movimento fez a camiseta subir um pouco, revelando o início do abdome. Virou para mim e seus olhos se direcionaram mais abaixo dos meus do que eu esperava. Foi assim que me dei conta que eu ajeitava o pau que, mesmo sem estar duro, dava sinais. Abruptamente, olhou para o meu rosto, com um certo desconcerto.
— Valeu pela carona, Victor. — disse ele, a voz mais baixa. — Salvou o dia.
— Que nada. Foi caminho. — respondi, com a voz mais baixa do que previ. Um tanto sussurrada, como se a densidade do clima pesasse o ar. – Eu vou te deixar descansar então – Completei em tom mais altivo e descontraído, tentando recuperar a dignidade.
André acompanhou o tom e respondeu sorridente: – Mas eu te vejo mais tarde, certo?
– Certeza!
Trocamos contato e nos despedimos com um abraço rápido. Enquanto descia até o carro, meu corpo e minha cabeça fervilhavam. O coração disparado, o pau ficando duro, os pensamentos inquietos... Que loucura adolescente era essa? Não fazia mais do que três horas que nos conhecemos e o cara me descompassou todo sem mesmo me dar um beijo. Estava num misto de estranhamento e êxtase.
Voltei pra casa ainda elétrico. Tomei banho, mas o corpo não descansava. Mais tarde, por volta das 19h, recebo áudio de Helena me chamando para um barzinho que a gente gosta. Pediu que eu passasse para buscar André que estava hospedado mais perto de mim. Levantei animado. Tanto para ver André quanto para discutir as questões do casamento que se aproximava. Caprichei para estar arrumado e cheiroso do melhor jeito possível sem parecer desesperado. Coloquei uma camisa branca de botão um tanto oversized, uma bermuda preta de tactel nova e chinelos pretos. O bar fica na areia da praia, então, o look era esse. Avisei a André que estava saindo e ele confirmou que estava pronto. Dei uma reforçada no perfume e fui.
André conseguiu estar ainda mais bonito. Camisa de cetim pérola, short de algodão curto, cor vinho e chinelo branco. Quando entrou no carro, o cheiro do perfume permeou o carro, mas, antes que eu pudesse elogiar, ele se adiantou:
– Rapaz! Eu falei pra valorizar o passe e você levou a sério, né? – Falou me olhando de baixo a cima, propositalmente exagerado.
– E você? Botou o coxão pra rolo... – Falei rindo e apertando a coxa dele em tom de brincadeira. – Tá de maldade?
– “Aí depende de quem tá perguntando, né?” – Respondeu com sorriso malicioso e levantando as sobrancelhas. Seguimos gargalhando, mas no fundo eu me perguntava se estávamos trocando elogios ou flertado. Seguimos então para o bar, que não chegava a dar 10min de distância.
O bar estava cheio, como sempre nas noites de calor. O casal já nos esperava. Helena ria alto; Natan, com o copo na mão, visivelmente fazia graça. O bar era um deck de madeira sobre a areia. Lá dentro, quase tudo era de madeira escura, envernizada. Na parte de dentro, balcão, palco com música ao vivo e algumas mesas. Tudo iluminado com luzes amarelas aconchegantes. Do lado de fora, mais mesas de madeira na areia, dentro de um cercado de cordas que delimitava o espaço. Por cima, varais de luzes também amarelas. Natan e Helena estavam numa mesa de quatro lugares na areia, um ao lado do outro. À frente deles, duas cadeiras paralelas. Helena e André se abraçaram longamente e contavam suas saudades sem se soltar. Só depois eu pude abraçar minha amiga antes de me posicionar na cadeira ao lado de André. Ele puxou a cadeira, o joelho roçou no meu. Acaso, talvez. Não afastei.
Conversamos sobre os mais diversos assuntos. E eram muitos, considerando o contexto do casamento, família visitando e a presença de André. Tomávamos cerveja e a combinação da gelada com o calor e o ambiente tornaram a experiência tão agradável que a noite se estendeu. Percebi que já estávamos gargalhando e falando alto, o que pra mim é critério de qualidade de encontro com amigos. Perguntei a Helena sobre a prova do bolo e ela disparou.
        – Todas as opções de recheio, muito gostosas. As de decoração, muito feias. – Riu enquanto Natan revirava os olhos rindo também em seguida.
        – Helena deu trabalho à mulher do buffet hoje. Acho que ela queria um bolo com Gogoboy saindo de dentro. – Natan zoou.
        – Ué, então já temos. Olha o look do amostradinho hoje. – Apontei com a cabeça na direção de André. – Tá oficialmente escalado pro bolo! – Completei.
        — Depende de quem vai provar primeiro — respondeu com um sorriso maldoso e dando mais um gole na cerveja, sem me olhar diretamente.
Rimos. Ninguém percebeu o duplo sentido, ou fingiram não perceber.
Helena e Natan seguiram rindo e contando histórias do início do namoro. Eu e André, já mais soltos pela cerveja, acompanhávamos as risadas, mas nossos olhos se cruzavam com frequência incômoda — dessas que duram um segundo a mais do que o social permite. Quando ele se inclinava para ouvir melhor a conversa, o ombro dele roçava no meu. E, toda vez, eu precisava lembrar o corpo de não reagir. Sem perceber, apoiei o braço sobre o encosto da cadeira, deixando-o atrás de dele. Não o tocava, mas o calor da nuca dele perto da minha pele era quase físico. Ele se virou para falar algo a Natan e apoiou as costas completamente na cadeira. Consequentemente, no meu braço. Fingimos não notar. Eu sorri, mas o riso veio travado.
— Esse casamento vai ser um evento, viu? — ele comentou, voltando o olhar pra mim.
— Ah, vai. Desde que a noiva não fique muito bêbada antes do “sim”. — respondi.
Ele riu, e o riso dele era desses que mexem com o corpo dos outros — peito subindo, garganta solta.
– Não prometo! – Respondeu Helena. A gente ria junto, no mesmo tempo, como se já tivesse ensaiado.
A música mudou para um samba lento e o músico chamou os casais para a pista. Gritamos que os dois se casariam em breve e foram intimados pela banda a irem danças. Helena se levantou para dançar com Natan enquanto me xingava, os dois meio desengonçados, rindo alto. Ficamos em silêncio por alguns segundos.
— É bonito ver gente que se gosta assim. — Falei, sem pensar muito.
— É. — ele respondeu, olhando os dois. — A gente até repensa.
– E você tá repensando? – Retruquei sorrindo e olhando-o.
— Um pouco, sim. — respondeu rápido, virando o copo.
        Nessa altura, nossas pernas se tocavam de leve. Sentia os pelos da minha perna se dobrando ao tocar na pele dele. O silêncio nesse momento não era desconfortável — era íntimo. Um tanto de cerveja, um casal apaixonado por perto e clima de verão mexem com a gente de um jeito que eu me sentia enfeitiçado. Quando Natan voltou para a mesa e começou a sequência de piadas, me esforcei para seguir atento. Todos os meus sentidos se concentravam em registrar o toque da nuca de André, que tornou a encostar no meu braço.
        A noite já estava avançada quando Helena começou a bocejar. Natan aproveitou o ensejo e anunciou que os dois iriam embora.
— Amanhã o dia vai ser cheio. — disse, enquanto pagava a conta. — E esse calor tá me matando.
Helena abraçou André, depois me abraçou também, falando sobre como a noite foi boa.
— Vic, você se importa de continuar cuidando de André e levar ele em casa? — Perguntou rindo. André disfarçou uma risada virando o rosto.
– Claro, amiga. Eu vou cuidar dele só porque é você que está pedindo. – Brinquei, ambíguo. André contorceu um pouco mais o rosto tentando segurar a risada. Helena e Natan saíram, abraçados, chinelos nas mãos e andares vacilantes de bêbados.
O músico desmontava o equipamento, e a luz amarela das lâmpadas penduradas balançava com o vento. André girava distraído o copo quase vazio entre os dedos. — Acho que eles estão certos. — disse. — Também tô morto.
— Te deixo no hotel. — falei, automático.
Ele olhou por um instante, longo o suficiente pra parecer outra coisa.
— Melhor.
Pagamos o resto da conta e caminhamos até o carro. A rua lateral era estreita e silenciosa. No carro, a conversa era lenta. Não era timidez. Era o ar ficando denso outra vez. De vez em quando, eu o via pelo canto do olho — o perfil bonito, o queixo másculo, os traços fortes. A musculatura do antebraço se movia leve, relaxada.
— Gostei daqui. — disse, quebrando o silêncio. — Tem uma calma diferente.
— A cidade ou a companhia? — perguntei. Ele riu baixo.
— As duas.
O resto do caminho seguimos conversando amenidades, no mesmo tom letárgico. Da minha parte, a lentidão servia para não perder nem um segundo de todas as sensações que meu corpo experimentava. Quando parei em frente ao prédio, André demorou alguns segundos antes de soltar o cinto. Eu não sabia se ele esperava por algo, nem se eu deveria agir. Não me lembrava a última vez que me senti tão hesitante por um homem.
— Valeu de novo. — falou. — A noite foi boa.
— Foi mesmo. — respondi, sem conseguir disfarçar o sorriso.
Ele ficou ali um instante, olhando pra frente. Depois virou o rosto, devagar.

O olhar encontrou o meu, e o silêncio pareceu se alongar mais do que devia.
André abriu um meio sorriso, desses que não precisam de palavras. Olhou pra frente de novo, depois voltou os olhos pra mim.
— Tá calor demais aqui dentro, né? — falou, mas não abriu o vidro.
Eu balancei a cabeça, sem resposta. O ar parado fazia o cheiro do perfume dele, agora já quente e misturado ao cheiro da sua pele, ficar ainda mais denso.
Por um instante, não parecia que havia mais nada no mundo além daquele banco e o espaço entre nós. E o som ensurdecedor das batidas do meu coração.
— Então… — ele começou, a voz baixa. — Boa noite, Vic. – Disse, agora com um sorriso leve no rosto, mas me fitando diretamente.
— Boa noite. — respondi retribuindo o sorriso, mas minha voz saiu grossa, pesada.
Ele se inclinou um pouco. Devagar, como se testasse o caminho. Por um segundo, hesitei.
E depois não hesitei mais.
Nossos rostos se encontraram num movimento só. O beijo veio quente, firme, direto — o tipo de beijo que não pede licença. O gosto de cerveja naquela boca de lábios grossos e volumosos, de língua pesada, me deixou mais alto que todo o álcool de antes. Era um misto de satisfação com incredulidade, o que eu sentia. As respirações se atropelavam, o som do mar entrava de longe pela janela entreaberta.
Reagi então. Segurei sua nuca e aprofundei o beijo, como se fosse consumi-lo. Era o que eu queria. O peito vibrando ainda mais, a pele do rosto viril dele se chocando contra o meu, era tudo surreal. Sua mão também encontrou minha nuca enquanto minha outra mão pegava em sua cintura e o puxava pra mim. Por alguns segundos, não havia mais barulho, nem calor, nem racionalidade — só o som abafado da respiração dos dois. Quando sua mão livre tocou meu peito pelo espaço aberto da camisa de botão, meu corpo se arrepiou por inteiro. Nenhum dos dois falava nada e, ainda assim, era como se estivéssemos nos comunicando em sintonia.
Com a mão que estava em sua cintura, tateei até sua barriga. Abri o último botão de sua camisa e deslizei para dentro. Tocar sua pele por sob a camisa aumentou meu tesão exponencialmente. Seguíamos nos beijando vorazmente até eu descer beijando seu pescoço e sua nuca. O cheiro que eu sentia no carro agora invadindo meus sentidos até eu chegar ao primeiro botão de sua camisa. Enquanto eu desabotoava, ele criava coragem para fazer o mesmo comigo. Em poucos segundos estávamos despindo um ao outros com olhares desesperados. Quando nos livramos das camisas, o êxtase dos beijos se somou ao dos peitos nus que se chocavam enquanto eu pegava seu rosto com uma das mãos e trazia pra mim, tomando o controle e mordendo seus lábios. Sem a camisa, todo aquele corpo rígido que vi sob a roupa estava visível: peito e barriga lisos e volumosos. Axila peluda, máscula. Estávamos ambos entregues. A falta de pudor do momento me levou intuitivamente e pegar com firmeza seu pau por cima do short. André arfou. Eu fui à lua. Grosso, duro e quente, do único jeito que poderia ser num monumento daquele. Fiquei massageando-o por cima de bermuda e sentindo a pulsação na minha mão.
Cessei os beijos por um momento. Com o rosto quase colado no dele, olhos nos olhos, sentindo sua respiração de perto, posicionei as pontas dos dedos dentro no elástico do seu short. Ele exalou, como se se preparasse e então, assentiu com a cabeça num movimento quase milimétrico. Deslizei minha mão para dentro e senti direto na pele a pulsação quente do seu pau. Comecei uma punheta lenta dentro daquele espaço apertado enquanto via seu êxtase, boquiaberto, arfando, me olhando nos olhos. Conduzi sua mão ao meu pau que já estava explodindo também. Por cima da bermuda, apertei meu pau com sua mão e ele também começou a massagear. Voltei a beija-lo, agora devagar, molhado, profundo, seguindo a mesma cadência do meu toque.
Mas eu queria mais. Lentamente, novamente buscando o consentimento no seu olhar, pus uma mão de cada lado de seu short e puxei lentamente. À medida que a roupa descia, começaram a aparecer em sequência: a cintura forte, a virilha com pentelhos na medida certa, volumosos, mas aparados no lugar certo e, por fim o pau que eu tanto desejava. Inchado de tesão, grosso em toda sua extensão, desde a base. As veias saltadas por todo o cumprimento que devia ser de uns 18cm até a cabeça rosa e grande. O cheiro de pau foi se misturando aos outros aromas do carro e minha boca aguou. Peguei com firmeza, me inclinei devagar, observando a mistura de espanto e tesão na cara dele. Botei a cabeça na boca na língua, dentro da minha boca para sentir bem seu gosto. Tinha a intensidade característica de quando o tesão atinge o ápice.
André começou a gemer e revirar os olhos, sem parar de apertar meu pau. Coloquei pra fora e ele me punhetou sem hesitar. Aos poucos, ia tentando engolir mais daquele pau delicioso, cadenciando o ritmo com a contração de suas coxas. Quando engoli seu pau todo, passei a mamar enquanto o punhetava de leve. A pressão da pegada dele no meu pau se intensificava na medida que escalava nosso tesão. Quando senti que ele estava perto do ápice, tirei seu pau da minha boca e voltei a beija-lo com voracidade. A intensidade parecia cortar o silêncio da rua deserta. Ficamos nos tocando enquanto beijávamos, até ele anunciar.
– Vic, se continuar assim eu vou gozar... – Falou arfando.
– Goza pra mim. Quero gozar com você! – Respondi.
Comecei a controlar o ritmo da fricção no pau dele até eu chegar perto do clímax. O coração prestes a explodir. O frisson da antecipação me consumindo. Intensifiquei quando senti todo meu corpo se contrair. Senti no toque seu corpo fazer o mesmo. Nosso beijo intenso se transformou aos poucos na proximidade das duas bocas entreabertas, sentindo a respiração profunda do outro. Senti tudo ao mesmo tempo. A primeira pulsação do seu pau ao gozar. O gozo quente na minha mão. A pressão do seu toque mais intenso no meu pau enquanto se melava com meu gozo também. Era como se tudo estivesse acelerado e, ainda assim, em câmera lenta. Caímos um sobre o outro, com os corpos escorados, ofegante e suados. Sem soltar o pau um do outro. Queria aproveitar ao máximo a sensação. Não sei dimensionar por quanto tempo ficamos assim.
Por alguns segundos, o silêncio foi tudo o que existiu. O som distante do mar parecia vir de dentro do carro, misturado à respiração ainda pesada dos dois. O ar quente carregava um cheiro novo, espesso, que me deixava satisfeito. André recostou a cabeça no meu ombro com os olhos semicerrados e um sorriso discreto nos cantos da boca. Abri o porta-luvas e peguei um pacote de lenços umedecidos. Limpamos as mãos e ficamos assim, quietos, como se o tempo tivesse parado num ponto bom demais pra ser interrompido. Depois ele se ajeitou, respirou fundo e me deu um último selinho, seguido de um sorriso.
— Acho que agora sim eu posso dormir.
Assenti e retribuí o sorriso, ainda sentindo o corpo vibrar. Vestimos as camisas devagar, num silêncio satisfeito e íntimo. André abriu a porta e, antes de sair, apoiou o antebraço na janela aberta.
— Até amanhã, Vic.
— Estou contando com isso. — respondi, com a voz mais esperançosa do que esperava.
A porta fechou suave. Vi quando ele entrou no prédio e desapareceu pelo corredor iluminado. Fiquei ali um instante, imóvel, deixando o corpo voltar ao ritmo normal. O cheiro dele ainda estava no ar. E eu sabia, sem precisar pensar muito, que aquela história não terminaria ali.

(Continua, se vocês quiserem)


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Comentários


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franck210387 Comentou em 14/10/2025

Continua logo. Por favor. Conto top.

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engmen Comentou em 14/10/2025

Estória bem contada, envolvente, sensível e excitante. Esse é daqueles contos que servem de inspiração, excelente!

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rotta10 Comentou em 14/10/2025

Delícia adorei

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kaikecamargo3 Comentou em 14/10/2025

Aí é gostoso, poder ter descarregado quase todo o tesão antes de dormir




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Ficha do conto

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Nome do conto:
Entre padrinhos

Codigo do conto:
244611

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
14/10/2025

Quant.de Votos:
14

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