A conversa cresceu. Rimos, trocamos confissões, brincamos com o perigo. Quando mandou a imagem da taça de vinho, o convite já estava feito — e aceito.
Morávamos no mesmo condomínio. O destino, às vezes, é um roteirista debochado.
Subi. O vinho me esperava sobre a mesa, dois copos já servidos. Ele me recebeu com um sorriso pequeno, desses que dizem: “eu já sabia que você viria.”
Falamos pouco. As palavras se dissolviam no ar, lentas, quase desnecessárias. O olhar dele pesava e convidava.
O primeiro toque foi um susto bom. O corpo dele era quente, o perfume tinha gosto de lembrança, e o beijo… o beijo parecia algo que eu já conhecia de outra vida.
Mas não era um beijo calmo — era fome. Parecia que estávamos há muito tempo esperando por aquele instante. Queríamos nos devorar, como se o desejo fosse uma língua comum, urgente, impossível de conter.
Havia entrega e controle, calma e vertigem. Cada toque era uma tradução, um jeito de dizer sem falar.
Senti o gosto da pele dele e, por um instante, tudo pareceu fazer sentido. Era um sabor que misturava novidade e reconhecimento — como se o destino tivesse sussurrado esse encontro antes mesmo de acontecer.
Ele me dominava com um toque preciso, desses que não pedem permissão.
E eu o deixava.
A intensidade cresceu até o ar ficar espesso, quente, vibrando entre nós. O corpo reagia antes do pensamento. O suor começou a surgir como testemunha do que ardia ali.
Ele se aproximava mais, e cada gesto era uma busca — o toque dele seguia cada linha, cada curva, como quem quer conhecer o outro por completo. Parecia provar o momento, sentir o gosto do próprio instante.
Ele já me tocava como quem decifra um idioma antigo.
Parecia conhecer cada reação minha, cada respiração entrecortada. Não havia hesitação — ele sabia exatamente o que fazia, e isso me desarmava.
O domínio estava em tudo: no toque firme, no ritmo da pele, no sabor que se misturava entre nós.
Era uma força tranquila, quase natural, e eu deixei acontecer.
Não havia resistência possível — apenas a certeza de estar entregue, domado por algo que não se explica, apenas se sente.
O momento foi de uma intensidade que me atravessou inteiro.
Entre o desconforto e o êxtase, havia algo novo — um ponto em que a dor se tornava prazer, e o prazer se tornava entrega.
Meu corpo respondeu antes que eu pudesse dizer qualquer palavra, e ele entendeu.
O ritmo entre nós era um diálogo silencioso, feito de respiração e instinto.
Cada gesto dele parecia buscar um lugar que não era só físico — era como se quisesse chegar a algum território escondido em mim.
O tempo perdeu sentido. Tudo se dissolveu em calor, som, respiração.
Por alguns instantes, foi como tocar o paraíso e perceber que ele cabia ali, entre o que se sentia e o que se permitia sentir.
O tempo perdeu qualquer medida. Quando o ritmo entre nós encontrou o mesmo compasso, tudo se fundiu num instante só — respiração, calor, o olhar fixo, um riso breve que nasceu de pura satisfação.
Não era só desejo; era um reconhecimento silencioso, como se cada gesto dissesse “agora estamos inteiros”.
Depois, o banho trouxe de volta a gravidade do mundo. A água escorria, lavando o excesso, mas deixando a lembrança grudada na pele.
Vesti-me devagar, sem pressa, ainda envolto no cheiro dele e na calma que vem depois de uma tempestade.
Ele me acompanhou até a porta. Nenhuma promessa, nenhum adeus dramático — só um olhar demorado, desses que dizem: a história não acabou, apenas respirou.
No elevador, senti o corpo leve e o pensamento suspenso.
Lá fora, o ar da madrugada tinha gosto de vinho e destino.
E, no fundo, uma certeza perigosa: aquilo não terminaria ali.
A sedutora situação que com cativante elegância demonstra o prazer a dois. Magnífico!
Show de tesao
bahiagrande