Travessias de desejos: entre um anjo e um mandraque
Campinas, madrugada de domingo para segunda. Eu tinha 37 anos, casado, vivendo uma rotina marcada por compromissos acadêmicos e profissionais. Mas naquela noite, algo em mim decidiu atravessar uma fronteira invisível. Essa fronteira não era física, mas emocional, construída ao longo de anos de repressão, de silêncios, de conversas internas que nunca se tornavam realidade. O desejo sempre esteve ali, latente, mas sufocado por camadas de medo, convenções e julgamentos. Na solidão de mais uma viagem, percebi que estava diante de uma oportunidade rara: ninguém me observava, ninguém me controlava, ninguém me prendia. Eu estava sozinho em uma cidade que já havia me recebido outras vezes, mas nunca com a coragem de atravessar o limite que agora se apresentava. Um gesto simples, traduzido no ato de abrir um site de acompanhantes, tornou-se o início de uma jornada que mudaria minha forma de ver o mundo e a mim mesmo. Enviei mensagens a dois perfis. Um deles, apelidado de Pica-pau, venezuelano. O outro, Fred Ativo. Apenas esse último respondeu. O nome soava direto, quase brusco, mas havia ali uma promessa de encontro. Conversamos pelo WhatsApp com objetividade, sem rodeios. O destino seria o Coliseum, um motel de quarto luxuoso, cenário perfeito para a mistura de medo e expectativa que me acompanhava. Cheguei primeiro ao motel, acanhado e com um medo incontrolável na recepção. Informei o número do quarto, aguardei-o chegar de UBER. O coração acelerava como se fosse a estreia de uma peça cujo roteiro eu desconhecia. O silêncio do quarto parecia amplificar cada batida do meu coração. Antes de entrar, uma ligação dele: “Você está usando alguma coisa?”. Ingenuamente, pensei em roupas íntimas, acessórios ou algo do tipo. Respondi: “Não, como eu disse, é a minha primeira vez”. Só depois entendi que o “usar alguma coisa” era outra pergunta, de um universo que eu não conhecia: drogas, excessos, códigos de um mundo distante do meu. Quando ele entrou, o impacto foi imediato. Tatuagens espalhadas pelo corpo, uma presença intensa, quase intimidadora. Todos os meus preconceitos se acenderam como alarmes. Mas bastou o primeiro gesto, o primeiro olhar, para que o medo se transformasse em curiosidade. O quarto, a banheira, a conversa... tudo se tornava cenário de descoberta. Eu estava assustado, mas também fascinado. Pesquisador nato que sou, fiz perguntas de tudo que pude e obtive as respostas mais espontâneas possíveis. E foi então que os detalhes começaram a se gravar em mim como marcas de fogo. O pedido inesperado, o fetiche revelado: o toque com minha língua nas axilas, que se tornaram território de prazer e entrega. O corpo dele se contorcia, e eu descobria em mim uma fome que não sabia nomear. A camisa de time, suada, transformou-se em símbolo de desejo bruto, de autenticidade sem máscaras. Falei dessa minha vontade inóspita, e ele acolheu sem julgamento. Ainda hesitava diante da travessia maior, isto é, a penetração, mas ele me disse que sabia conduzir. E de fato, não houve dor, apenas a sensação de atravessar uma porta que sempre esteve fechada. Foi como mergulhar em águas desconhecidas e descobrir que eram mornas, acolhedoras. A cada gesto, eu percebia que não era apenas o corpo que se abria, mas também minha própria alma, libertando-se de grilhões invisíveis. Depois, o convite para seguir além: buscar algo com ele, acompanhá-lo até sua casa. Eu aceitei, ainda em êxtase, confiando sem saber exatamente por quê. Na estrada, quase sofremos um acidente, pois houve um carro que surgiu de repente, o coração disparado, a vida lembrando que podia ser frágil. Mas seguimos. E ao chegar, o cenário se repetiu, agora mais íntimo, mais verdadeiro. Estávamos no seu lar. Entrei olhando tudo e observei louças lavadas e guardadas, limpeza impecável e um local acolhedor, próprio de alguém que se ama, apesar dos revezes da vida. Incrível como o preconceito nos flecha... achei que encontraria uma casa em situações deploráveis e o que encontrei foi um lar que eu gostaria de coabitar e dividir a vida. Na cama dele, entre conversas e gestos, percebi que não era apenas um encontro físico. Era uma química rara, uma confiança que se construía no improviso. Ele me mostrou mundos que eu desconhecia, mas também me ofereceu cuidado: alertas, conselhos, toques de sabedoria. Dois anos se passaram, e ainda guardo cada detalhe como se fosse ontem. O olhar, a voz, os relatos de superação da vida de um menino do interior que aprendeu a viver no mundo, além do constante carinho dele pela família. Descobri um anjo escondido na pele de “mandraque”. Um ser humano que me ensinou que, por trás das aparências, há sempre uma história maior. E que às vezes, é preciso coragem para atravessar o desconhecido e descobrir que o outro pode ser exatamente o espelho que faltava para nos enxergarmos de verdade. Mas essa foi apenas a primeira travessia. Outros encontros vieram, cada um revelando novas camadas, novas descobertas, novas formas de me enxergar através dele. O que aconteceu depois merece ser contado, porque cada capítulo dessa história é uma porta aberta para mundos que jamais imaginei atravessar.
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