Depois de um turno puxado no hotel em frente à praia de Copacabana, Denise resolveu entrar em um bar chique ali perto. Não porque gostasse, mas porque às vezes era divertido brincar com aquele tipo de gente: homens arrumadinhos demais, perfumados demais, com caras de quem achava que dinheiro comprava tudo.
Ela entrou usando um vestido preto colado, que abraçava seu corpo como se tivesse sido feito para ela. Sentou-se no balcão, cruzou as pernas devagar, e tomou um gole do drink vermelho que o barman preparou com cuidado.
Mal encostou no copo e já viu três homens olhando para ela — todos vestidos em roupas caras, ternos alinhados, relógios brilhantes. Aqueles tipos que falavam baixo para parecer mais importantes.
E, claro, ficaram instantaneamente encantados por ela.
Denise percebeu.
E adorou.
Mas, por dentro, riu: “Esses homens acham que podem tudo… mas comigo não pegam nada.”
Um deles, o mais ousado, se aproximou.
— Boa noite… posso te pagar outro drink?
Denise virou o rosto devagar, olhando-o com um sorriso que era metade inocência, metade provocação.
— Pode sim. Eu deixo. — Ela disse, passando a mão no copo de forma provocante. — Só não espere ganhar nada em troca.
O cara ficou confuso, sem saber se ela estava brincando ou falando sério.
— E seu marido não se importa de você sair sozinha assim? — ele perguntou, tentando medir o território.
Denise riu com o canto da boca, com um tom quase cruel.
— Meu marido sabe exatamente quem eu sou. E sabe que eu escolho. Não fico com qualquer um.
O homem tentou se aproximar mais, todo cheio de charme ensaiado.
— E eu… sou qualquer um?
Denise encostou o dedo no peito dele, bem devagar, olhando direto nos olhos.
— Você? Você é exatamente o tipo de homem que eu nunca pegaria. — Disse com a voz baixa e quente. — Cheiro de perfume caro, terno justo, sorriso de quem acha que manda no mundo…
Eu gosto é de homem de verdade. Homem da favela. Homem que sabe viver.
Ele ficou sem graça, quase ofendido.
— Então por que veio nesse bar?
— Pra distrair. — Ela tocou a gravata dele, puxando levemente. — Pra ver vocês todos babando por mim.
Mas tocar… ah, tocar é outra história.
Ela tomou outro gole do drink, olhando os amigos dele.
Todos estavam encantados.
Denise se levantou devagar. O vestido desenhava cada curva do seu corpo, e o salto marcava o ritmo de provocação no chão de madeira.
Passou no meio do grupo dos três homens, deixando o perfume dela atrás, deixando-os sem ar… mas sem oferecer nada além da tentação.
Antes de ir embora, virou-se e disse:
— Vocês são bonitos… mas não são homens pra mim. — Ela piscou. — Homem meu é outro nível.
É da favela. É quente. É vida real.
Aqui vocês são só passatempo.
E saiu do bar com o quadril balançando, deixando os três completamente desarmados, desejando algo que nunca teriam.
Denise provocava, sim.
Adorava sentir os olhares queimando nela.
Mas tocar?
Toque mesmo, só quem era do mundo que ela amava — o mundo da favela, da música alta, do calor humano, da vida sem frescura.
Ali, sim, ela se entregava.
No bar de luxo, ela apenas brincava.
