Ela saiu caminhando com o quadril solto, o vestido negro brilhando sob a luz dos postes. A orla de Copacabana estava viva, mas nada daquilo interessava a ela.
O mundo dela era outro.
A cada passo, seu corpo pedia mais.
Seu sangue vibrava.
Seu desejo pulsava.
E ela sabia exatamente onde queria estar.
Na favela.
Era ali que ela realmente se libertava. Ali que encontrava homens que a olhavam como ela gostava.
Homens de verdade.
Homens com fogo no olhar, calor no corpo e aquela pegada que fazia ela esquecer o mundo.
O celular vibrou no bolso.
De novo.
Era Fábio.
De novo.
O nome dele piscava na tela, insistente, repetitivo, um lembrete da vida que ela tinha em casa — e que, naquele momento, não era a vida que ela queria viver.
Denise parou, olhou o telefone tocando e deixou tocar até desligar.
E nem pensou em retornar.
— Hoje não, Fábio… — ela murmurou, mordendo o lábio com um sorriso malandro. — Hoje eu tô afim de viver.
O telefone tocou mais uma vez.
Ela simplesmente desligou sem atender.
Ela estava acesa, quente, faminta de liberdade, daquele tipo de noite que ela sabia que só a favela poderia oferecer.
O som alto, o cheiro de churrasco, os corpos dançando perto demais…
A vibração que subia pela pele dela só de pensar.
Já bêbada, com o coração acelerado e a mente entregue à vontade, desviou para o ponto de moto-táxi.
— Favela do Pavão… — ela disse, com a voz rouca e cheia de intenção. — Hoje eu vou até o fim.
O mototáxi entendeu o brilho nos olhos dela e abriu um sorriso.
— Tá animada assim por quê?
Denise passou a mão no cabelo, inclinou o corpo para frente e disse:
— Porque hoje eu quero quebrar a noite. Quero perder a linha. Quero me acabar de tanto aproveitar.
O mototáxi apenas riu, balançando a cabeça.
— Sobe aí, gata. Quem chega quente assim… é porque vai fazer estrago.
Ela subiu na garupa e abraçou firme, o vento batendo no rosto, o corpo vibrando em expectativa.
Enquanto subia o morro, o celular tocou mais uma vez dentro da bolsa.
Ela nem olhou.
Só pensava no que a esperava lá em cima:
Olhares intensos.
Corpos colados.
A música na pele.
A liberdade total.
Denise estava pronta para a noite que queria —
uma noite onde ela ia se entregar ao próprio desejo, sem culpa, sem freio, sem limites.
Afinal, ela sabia muito bem:
No bar, ela só provoca.
Na favela… ela vive de verdade.
