O despertador tocou às 5:15 da manhã. Clara sentia o corpo pesado, um eco das sessões exaustivas do final de semana, mas o "elixir" de Inu parecia ter deixado um rastro de energia elétrica em seus músculos. Ela vestiu um top de ginástica branco, propositalmente decotado para deixar a tatuagem do escaravelho no seio esquerdo à mostra, e um short curto de lycra preta. Ao se olhar no espelho, a mandala em sua mão parecia brilhar. Ela era uma mensagem ambulante.
Caminhou até a academia indicada por Abu, a apenas um quarteirão de casa. Por fora, o prédio era discreto, sem letreiros coloridos. Na recepção, um homem negro alto, com o tórax que parecia esculpido em granito, a barrou com o olhar. Antes que ela falasse, ele notou a marca no seio.
— Ashanti? — ele perguntou, a voz vibrando no peito. — Sim — Clara respondeu, sentindo o estômago dar um solavanco. — Entre. O treinador Zaka está à sua espera na Arena.
Parte I: O Limite da Carne
Diferente das academias de "wellness" da Zona Sul, o ambiente era rústico e intimista. Não havia espelhos, apenas correntes, sacos de areia, pneus de trator e uma iluminação avermelhada. Cerca de dez homens negros treinavam ali; o som de metal batendo contra metal e respirações pesadas preenchia o ar. Quando Clara entrou, o silêncio se instalou por um breve segundo. Os olhares não eram de admiração, mas de avaliação técnica, como se estivessem analisando a durabilidade de um motor.
Zaka, um homem de meia-idade com cicatrizes nos braços e um olhar clínico, aproximou-se. Ele não a cumprimentou. Apenas segurou o braço de Clara, examinou a tatuagem na mão e depois pressionou o escaravelho no seio dela com o polegar.
— Você é a nova aquisição do Sr. Inu. Bonita, mas parece frágil — disse Zaka. — Meu trabalho é garantir que você não desmaie na metade de uma sessão de 48 horas. Vamos começar com o cárdio de exaustão.
O treinamento foi brutal. Clara foi colocada em uma esteira de resistência manual, onde ela precisava empurrar a lona com a própria força das pernas. Zaka a obrigava a manter um ritmo frenético enquanto dois outros membros da academia circulavam ao redor dela, fazendo comentários em voz alta.
— Olhe para essa pele branca, já está ficando vermelha — disse um deles, passando a mão pela coxa de Clara enquanto ela corria. — Será que as pernas aguentam o peso do Abu por duas horas? — Com esse escaravelho no peito, ela não tem escolha a não ser aguentar — respondeu outro, rindo.
Clara lutava. Suas pernas queimavam, o suor encharcava seu top, e o coração parecia querer saltar pela boca. Internamente, uma batalha rugia: metade dela queria chorar pela humilhação de ser tratada como um pedaço de carne em exposição; a outra metade, a parte "reprogramada", sentia um tesão doentio ao ouvir os homens discutindo sua utilidade sexual como se ela fosse um equipamento de ginástica.
Parte II: A Resistência Psicológica
Após uma hora de esforço físico puro, Zaka a levou para o centro de um tatame. — A resistência não é apenas muscular, Ashanti. É sobre manter o controle enquanto o corpo é levado ao limite do prazer e da dor simultaneamente.
Ele ordenou que Clara ficasse na posição de "prancha" (apoiada nos antebraços e pontas dos pés), mas com uma variação cruel: ela deveria manter o corpo rígido enquanto os membros da academia se revezavam para testar sua concentração.
Enquanto ela tremia para manter a postura, um dos homens ajoelhou-se à frente dela e começou a massagear seus seios, puxando a joia do mamilo com força rítmica. Outro posicionou-se atrás e começou a desferir tapas leves, mas constantes, em suas nádegas.
— Não caia, escrava — rosnou Zaka. — Se o seu joelho tocar o chão, começamos o cárdio do zero.
Clara sentia o suor pingar no tatame. A humilhação de ser usada como um brinquedo de resistência enquanto tentava realizar um exercício físico era excruciante. Mas, toda vez que um dos homens sussurrava palavras obscenas em seu ouvido ou apertava sua cintura com mãos brutas, ela sentia uma onda de endorfina. Ela estava aprendendo a converter a opressão em combustível.
Parte III: O Teste de Capacidade
Para a parte final, Zaka a levou a uma sala menor, onde o anão que ela conhecera na fazenda a esperava. — O Sr. Inu quer saber se você consegue administrar múltiplos estímulos sem perder a consciência — disse o anão, puxando-a pela coleira que ela fora obrigada a recolocar.
Ela foi amarrada a uma barra de tração, com os braços elevados. Dois membros da academia aproximaram-se. Não havia sutileza. Enquanto um a penetrava com um vibrador industrial de alta potência, o outro a forçava a praticar sexo oral.
— Você precisa aprender a respirar pelo nariz enquanto sua garganta está ocupada — instruiu Zaka, cronometrando a sessão. — A resistência cardiovascular que você treinou na esteira serve para este momento. Controle o pânico. Aceite o mastro.
Clara estava no limite. O prazer era tão intenso que beirava a dor. Seus olhos reviravam. Ela via as tatuagens em seu corpo e, pela primeira vez, não sentiu culpa, mas uma aceitação sombria. Ela não era mais a Clara da galeria da Zona Sul. Ela era o objeto que esses homens precisavam que ela fosse.
Parte IV: O Batismo de Fogo (Resistência Total)
Justo quando Clara pensou que o treinamento havia chegado ao fim, Zaka a segurou pelo braço com uma força que a fez arquejar. Ele não a levou para a saída, mas para uma porta de aço nos fundos da arena, que levava a um bunker subterrâneo. O cheiro de suor e sexo era pesado ali dentro.
Cinco homens, os membros mais imponentes e agressivos daquela unidade da Sociedade, esperavam em silêncio. Todos estavam nus, seus corpos cobertos de óleo, exibindo ereções que pareciam armas prontas para o combate.
— A resistência cardiovascular e a força muscular não servem de nada se a sua mente não aceitar a invasão total — sentenciou Zaka. — Estes homens não serão gentis como os instrutores. Eles vão testar a integridade dos seus buracos. Eles vão te currar até você não saber mais o seu nome, apenas o seu título.
Sem qualquer preliminar, Clara foi jogada sobre uma mesa de madeira bruta. Os cinco homens a cercaram como predadores sobre uma presa caída. A "luta" de Clara contra seus sentimentos atingiu o ápice: o pânico de ser brutalizada por cinco desconhecidos colidindo violentamente com o tesão avassalador que a reprogramação de Inu instalara nela.
O ataque foi coordenado e implacável. Enquanto dois homens seguravam seus braços e pernas, esticando-a até o limite da flexibilidade que ela tanto orgulhava-se de ter, os outros começaram a penetrá-la. Não havia ritmo de dança aqui; eram estocadas brutas, rápidas e punitivas. Clara sentia-se como uma boneca de pano sendo rasgada. Um mastro negro ocupava sua boca, silenciando seus gritos, enquanto outros dois disputavam espaço entre sua vagina e seu ânus.
— Olhem como a cadela do Inu tenta resistir — rosnou um deles, desferindo um tapa estalado em sua coxa. — Ela acha que ainda é a loirinha da Zona Sul. — Aperte mais, ela tem que aprender a relaxar sob pressão — ordenou outro, enquanto enfiava os dedos em sua garganta, forçando-a a aceitar a penetração oral profunda.
O treinamento de "ultra resistência" foi colocado à prova. Clara sentia o ar faltar, seus pulmões queimavam, mas a memória dos exercícios na esteira a ajudou a manter a calma rítmica. Ela parou de lutar contra o ato e começou a fluir com ele. Cada pancada violenta contra seu corpo, cada insulto proferido por aquelas vozes profundas, agia como um gatilho. O sofrimento físico transformou-se em uma satisfação elétrica e doentia.
No auge da agressão, quando os cinco homens começaram a atingir seus limites simultaneamente, Clara sentiu-se como o verdadeiro centro de um ritual de poder. Ela estava sendo preenchida, marcada por dentro assim como fora. Cargas sucessivas de sêmen foram disparadas em suas entranhas, em seu rosto e sobre a tatuagem do escaravelho em seu peito.
Quando o último homem se retirou, Clara desabou na mesa, trêmula, coberta de fluidos e marcas de mãos fortes por todo o corpo. Zaka aproximou-se e levantou o rosto dela.
— Você sobreviveu à primeira sessão de choque, Ashanti. Agora você sabe que seu corpo pode aguentar dez vezes mais do que sua mente imaginava.
Ele a soltou. Clara limpou o rosto com o antebraço, olhando para a mandala em sua mão. Ela estava exausta, dolorida e completamente arruinada, mas sentia um poder sombrio crescendo dentro de si. Ela não era mais uma vítima; era uma sobrevivente de elite da Sociedade Africana.
Quando a sessão terminou, às 11:00 da manhã, Clara estava em frangalhos, mas seus olhos brilhavam com uma lucidez perigosa. Zaka entregou-lhe uma garrafa de água e um shake de proteína.
— Bom começo, Ashanti. Amanhã, aumentaremos a carga. Vá para casa. Lembre-se: você pertence à Sociedade.
Clara saiu da academia caminhando com pernas trêmulas. Ao cruzar a esquina, um homem negro que limpava a calçada parou e olhou para a mandala em sua mão.
— Ashanti? — ele perguntou com um sorriso malicioso.
Clara parou, sentiu o sexo pulsar sob o short de ginástica e, com um movimento automático de cabeça, assentiu.
— Sim — sussurrou ela, pronta para qualquer que fosse a próxima ordem, enquanto o fantasma de Luís e sua vida normal pareciam cada vez mais uma fotografia desbotada no fundo de sua mente.
