Foi então que o vi. Bê, um amigo distante dos amigos de meus pais, chegara após a ceia. Cinquenta e oito anos gravados com elegância no rosto (não como marcas do tempo, mas como mapas de experiências). Seus olhos castanhos escuros pareciam conhecer histórias que eu nem podia imaginar. Conversamos brevemente durante o café, e algo em sua maneira calma, em sua atenção genuína ao que eu dizia sobre minha vida em uma cidadezinha perto de Bolonha, acendeu uma curiosidade profunda.
- "Vou dar uma volta para respirar um pouco do ar noturno” - ele disse, levantando-se.
Sem pensar duas vezes, me levantei também.
- "Posso ir com você?" - eu disse (e o sorriso que ele me deu foi meu primeiro presente de Natal naquela noite).
O bosque entre as casas era um mundo à parte. Os pinheiros, vestidos de neve falsas, formavam corredores silenciosos. Nossos passos eram o único som, amortecido pelo chão úmido. Conversávamos sobre trivialidades no início (o frio estranho em Dezembro, a beleza do lugar, memórias de Natais passados). Mas logo a conversa mergulhou em águas mais profundas.
- "Você não tem medo de voltar para a Itália e deixar tudo isso para trás?" - ele perguntou.
- "Tenho saudades, sim. Mas há uma liberdade em viver sozinha em outro país. Uma possibilidade de... reinvenção”
- "Reinvenção” - ele repetiu, como se saboreasse a palavra - "Acho que nunca é tarde para isso”
Paramos em uma clareira onde a lua cheia iluminava as pequenas poças de água com uma luz prateada. Estávamos completamente sós, o mundo reduzido àquele círculo de árvores. Foi então que o impulso me tomou (não um pensamento, mas uma onda física de desejo que subiu das profundezas do meu ventre). Talvez fosse o vinho, a magia da noite, a atração que crescera a cada minuto ao lado dele. Não sei. Só sei que me virei, agarrei a gola do seu casaco e puxei seus lábios para os meus.
O beijo não foi suave nem hesitante. Foi uma afirmação. Seus lábios eram mais firmes que os de homens da minha idade, suas mãos encontraram meu rosto com uma segurança que fez meus joelhos tremerem. Quando nos separamos, ofegantes, ele sussurrou:
- "Dani, tem certeza?"
Em resposta, desabotoei meu casaco, deixando-o cair no banco.
- "Quero você. Preciso. Aqui. Agora”
Ele retirou seu próprio casaco e o espalhou sobre um banco de madeira na clareira. Suas mãos, agora livres, percorreram meu corpo por cima do vestido de Natal (um vestido branco e detalhe Amarelo claro, que minha mãe dissera ser ‘encantador’). Suas palmas subiram pelas minhas coxas, apertaram minha cintura, subiram até meus seios. Ele os apertou através do tecido, os polegares encontrando meus mamilos endurecidos. Um gemido escapou da minha garganta.
- "Você é tão linda” - ele murmurou, enquanto sua boca encontrava meu pescoço, beijando, mordiscando - "Toda essa juventude... é um banquete”
Minhas mãos trabalhavam febrilmente em seu cinto, depois no zíper da calça. Quando liberei seu membro, senti uma nova onda de desejo (ele era plenamente ereto, impressionante em espessura e tamanho). Envolvi meus dedos em volta dele, sentindo a pele aveludada sobre a rigidez interior.
- "Deita no casaco” - eu pedi, e ele obedeceu, deitando-se de costas no banco com forro improvisado.
Subi sobre ele, ainda com meu vestido, apenas erguendo a barra até minha cintura. Não usava nada por baixo (uma decisão impulsiva que agora se mostrava perfeita). Posicionei-me sobre ele, e quando senti a cabeça de seu pênis pressionando minha entrada, parei por um segundo, olhando em seus olhos.
- "Devagar” - ele pediu, suas mãos firmes em meus quadris.
Afundei sobre ele num movimento lento, contínuo, deixando meu corpo se ajustar à sua circunferência (Notei então que aquele pedido dele era pra me proteger de seu tamanho). Quando ele estava completamente dentro de mim, uma sensação de plenitude extrema me tomou. Comecei a me mover, primeiro com ritmo suave, depois mais rápida. Seus dedos cavaram em minha carne, guiando meus movimentos. O estranho frio do ar em Dezembro contrastava com o calor que se espalhava dentro de mim. Meu vestido formava uma casca branca sobre nossos corpos unidos.
- "É assim que você queria?" - ele perguntou, a voz rouca.
- "Maiis...” - foi tudo que consegui gemer.
Ele rolou, colocando-me debaixo dele agora, minha espinha pressionada contra a madeira fria do banco. Ele entrou em mim novamente, desta vez com uma força diferente, mais profunda, mais assertiva. Cada empurrão me levava mais perto do climax. Sua boca encontrou meus seios através do tecido do vestido, molhando-o, aquecendo-o. O tecido úmido friccionando meus mamilos adicionava uma nova camada de sensação.
- "Quero ver você” - ele disse, sentando-se e puxando meu vestido para cima, sobre minha cabeça, deixando-me completamente exposta ao ar gelado e aos seus olhos.
Ele ajoelhou-se no chão molhado diante de mim, afastou minhas pernas e mergulhou seu rosto entre elas. Sua língua era experiente, conhecedora de cada dobra, cada ponto sensível. Quando seus dedos se juntaram à língua, um dedo entrando em mim, enquanto sua boca trabalhava meu clitóris, eu explodi, um orgasmo violento que fez meu corpo arquear contra o banco, meus gritos ecoando pelas árvores silenciosas.
Ele me levantou, virou-me de costas para ele, e me inclinou sobre o encosto do banco.
- "Desta vez, vou mais fundo” - sussurrou em meu ouvido antes de entrar em mim por trás.
Esta posição era diferente (mais intensa, mais animal). Suas mãos seguravam meus quadris enquanto ele se movia, cada movimento uma afirmação de posse temporária. A garoa começou a cair mais forte, gotículas derretendo em nossa pele quente.
- "Você gosta assim?" - ele perguntou, com o ritmo aumentando.
- "To amaandooo” – gemi - "Não pare, por favor”
Ele obedeceu, seus movimentos tornando-se mais rápidos, mais urgentes. Uma de suas mãos desceu da minha cintura, encontrou meu clitóris novamente, e a combinação da penetração profunda com a estimulação externa levou-me a outro orgasmo, este ainda mais forte que o primeiro. Senti suas pernas tremendo atrás de mim, sinal de que ele também estava perto.
- "Onde?" - ele perguntou, faltando-lhe o ar.
- "Dentro” – respondi - "Que se foda, quero sentir você dentro de mim”
Com um último empurrão profundo, ele explodiu, e senti as contrações de seu membro dentro do meu corpo, o calor se espalhando. Ele desabou sobre minhas costas, ofegante, seu suor misturando-se ao meu.
Ficamos assim por longos minutos, o calor de nossos corpos nos protegendo do frio crescente. Quando finalmente nos separamos, nos vestimos com movimentos lentos, sorrindo um para o outro de maneira íntima, cúmplice.
Sentamos no banco, agora com nossos casacos recolocados, compartilhando o calor corporal. Ele passou um braço em volta de meus ombros.
- "Isso foi... inesperado” - ele disse, beijando minha têmpora.
- "Foi perfeito” - respondi, encostando a cabeça em seu ombro - "Não me arrependo de nada”
Ficamos em silêncio, observando a garoa fina cair. Foi então que a realidade começou a voltar. Eu voltaria para a Itália em três dias. O Ano Novo eu passaria com amigos em Roma. A distância entre nossos mundos, que parecia ter desaparecido naquela clareira, agora se reafirmava.
- "Bê” - comecei, minha voz mais séria - "Eu volto para minha casa depois do Natal”
Ele acenou lentamente.
- "Eu sei”
Hesitei por um segundo, depois deixei as palavras saírem:
- "Venha passar uma semana comigo. Em janeiro. A cidade é linda no inverno, menos turistas. Viajaríamos até Bolonha que é pertinho e eu mostraria tudo a você. A Piazza Manggiori, a Fonte de Netuno, as Torres de Bolonha...” - pausei, olhando em seus olhos - "E teríamos nossas próprias explorações. Nosso próprio tempo... Muito tempo”
Ele não respondeu imediatamente. Seus dedos desenhavam círculos em meu ombro através do casaco.
- "Eu tenho compromissos” - ele finalmente disse - "Mas compromissos podem ser reorganizados”
- "Então venha” - minha voz estava cheia de uma esperança que surpreendeu até a mim mesma - "Seria uma semana... nossa. Em minha cama, no meu apartamento com uma vista linda. Em banheiros de museus, se a vontade nos pegar. Em becos escuros do centro histórico. Eu quero você de todas as maneiras que tivemos esta noite, e em outras que ainda não imaginamos”
Ele me virou para enfrentá-lo, suas mãos em meu rosto.
- "Você fala sério?”
- "Totalmente séria. Esta noite não foi um acidente para mim. Foi um começo”
Ele sorriu, e pela primeira vez vi um lampejo de juventude em seus olhos que rivalizava com a minha.
- "Então conversaremos e marcaremos datas amanhã”
- "Comprarei as passagens”
- "E eu terei uma semana em janeiro para me REINVENTAR com você na Itália” - ele deu ênfase na palavra reinventar e eu amei.
O beijo que selou nosso acordo foi doce, promissor, carregado de futuros encontros. A garoa continuou a cair, cobrindo nossas pegadas no piso do bosque, mas sabíamos que eram apenas as primeiras de muitas que deixaríamos juntos, em continentes diferentes, em noites que estavam por vir.
E ao caminharmos de volta para o salão de festas do condomínio, de mãos dadas, eu já sentia a antecipação do seu toque sob o sol da Itália, em minha cama que agora parecia muito vazia sem ele. O Natal havia me dado o mais improvável e excitante dos presentes, não um encontro casual, mas o início de algo que prometia esticar-se muito além daquela noite mágica.
.


