Branca de Neve



Finalmente chegou o pacote que eu tanto esperava. Na portaria do prédio falo com o porteiro, assino o caderno com o protocolo. Estou ansioso, tanto quanto o dia que busquei o Cetro de Manfred no antiquário.

Com o pacote corro para dentro do apartamento. Abro o envelope com pressa e ali está: "O Livro das Princesas, Fadas e Feiticeiras" de Victor Manfred. Quem vê pensa que é um livro de gravuras de contos de fadas infantis, mas usar esse livro mágico só pra isso seria um enorme desperdício.

Ao folhear o livro o que se vê são gravuras que remetem os contos de fadas, as princesas, as fadas que as acompanham e as feiticeiras que normalmente são as vilãs das histórias. Victor Manfred criou esse objeto com a mesma magia que também fez seu cetro. Um livro único, que ele mesmo usava. Por algum motivo no entanto esse volume não ficou em sua casa, alguém deve ter realmente achado que era um livro infantil e presenteou algum sobrinho ou sobrinha.

Deu muito trabalho localizá-lo porque esse livro andou por sebos e coleções por aí. Aparentemente Manfred colocou uma magia no livro que repelia quem não o usava de forma apropriada. Por isso crianças pequenas nunca deram bola pra ele embora as gravuras sejam muito bonitas. E os adultos que o possuíram não sabiam o que esse livro era, e com isso o livro seguia seu caminho de estante em estante.

Localizei depois de muito procurar num sebo distante. O desprezo por ele é tal que o dono do sebo só me cobrou o valor do envio. Mas finalmente esse volume encontrou a mim, Willian, o bruxo medíocre que percorro os passos de meu mestre Manfred.

Há instruções na primeira página:

"1 - Lembre-se de devolver a princesa, fada ou feiticeira pro livro antes de fechá-lo.

2 - Lembre de tratar as princesas, fadas e até as feiticeiras com respeito e carinho.

3 - Cuidado ao libertar as feiticeiras, elas são deliciosas, mas muito ardilosas"

Quem lia essas advertências não entendia direito. Já eu, sabia exatamente o que fazer.

Contos de fada são mais coisas de garotas do que de garotos, mas mesmo o Willian menino tinha sua princesa encantada favorita. Aquela que a beleza foi atestada por um espelho mágico, que teve que fugir de sua bruxa-madrasta e cuidou de sete anões na floresta encantada. Que foi envenenada por uma maçã e que foi despertada por... eca... um princípe. Branca de Neve, seria a que primeiro iria conhecer.

- Ex libro somniorum, surge, Regina Nivea, pulchra sicut nix.

As luzes do apartamento piscaram, como costuma acontecer quando uso o cetro de Manfred nas peças de xadrez. Mas dessa vez, a gravura saiu da página do livro e a vejo em pé, diante de mim, Branca de Neve. Pele clara e olhos azuis lindos iguais faróis, uma beleza digna de ser apontada por um espelho mágico como a mulher mais bela da Terra. Fiquei de pau duro quase que instantaneamente ao vê-la.

- Olá - disse Branca de Neve - É o príncipe que veio me resgatar?

- Com certeza sou tudo, menos príncipe.

Branca de Neve olha para os objetos do meu apartamento, tentando entender a realidade que foi inserida. Olha para a cesta de frutas na cozinha e reconhece uma fruta que lhe é muito familiar.

- Maçãs! Adoro maçãs!

Vou até a cozinha e alcanço uma maçã pra ela.

- Essa você pode comer - entrego a fruta.

De repente diante de mim vejo a cena clássica que marcou minha infância, Branca de Neve mordendo a maçã. Mas nessa história ela não cairá envenenada.

Ela segue observando meu apartamento e dá um sorriso curioso, talvez notando os livros empilhados, a estante cheia de tabuleiros de xadrez, os cristais que comprei por impulso e nunca usei. Ela segura a barra do próprio vestido e faz uma leve mesura, como se o tempo ainda obedecesse às regras dos contos de fadas.

- Então talvez você seja o mago da história? - pergunta ela, com um tom mais malicioso do que inocente.

- Algo assim. Um bruxo medíocre, segundo alguns.

Ela ri. Um riso doce, mas com algo a mais, uma pontinha de ironia talvez, como se soubesse que não há nada realmente medíocre em quem consegue trazê-la à vida com uma frase em latim.

- Um bruxo medíocre não teria me despertado - diz, aproximando-se, a maçã ainda na mão. - E certamente não causaria isso...

Ela olha descaradamente para minha ereção marcada pela calça. Sua franqueza me surpreende, mas não me intimida. Há algo de diferente nela. Talvez o tempo no livro tenha lhe dado mais autonomia do que se imagina para uma personagem de conto de fadas.

- E você não é exatamente a donzela inocente e adormecida que eu esperava - respondo.

Ela sorri, morde levemente o lábio inferior, e por um segundo parece que até a maçã ficou com inveja.

- Acordar de um sono mágico dá tempo de sobra pra pensar... e pra desejar. Foram anos sentindo um calor dentro do corpo, presa entre as páginas, esperando que alguém ousasse me libertar.

- Então me diga - ela sussurra - ...qual será minha primeira lição no mundo real?

Branca de Neve morde a maçã como quem revive um ritual antigo. Mastiga lentamente, saboreando como se fosse a primeira vez - ou talvez a última. O suco escorre pelo canto da boca, e ela lambe com a ponta da língua, num gesto quase inconsciente. Quase.

- Esta está deliciosa... - diz, com os olhos azuis fixos nos meus. - Não parece envenenada... mas também não parece comum.

- Nada que vem de mim é comum - respondo, me aproximando.

Ela se senta no braço do sofá, ainda analisando o ambiente. Passa a mão pelos cabelos negros, ajeitando-os como se estivesse se preparando para algo..

Chego mais perto e ofereço a mão. Ela não hesita. Quando nossos dedos se tocam, uma pequena faísca mágica estala no ar. O livro vibra em cima da mesa, como se aprovasse.

Ela sorri. Um sorriso que começa doce e termina carregado de algo mais... sombrio.

- Vem. Me mostra o que um bruxo medíocre faz com a mais bela da floresta.

O beijo de Branca de Neve é como um feitiço que não veio do cetro de Manfred, mas de algo mais antigo, mais primal. Seus lábios são macios, com um leve gosto de maçã, e a língua dela dança com a minha como se soubesse exatamente o que fazer. Minhas mãos encontram a cintura dela, o tecido do vestido parece quase vivo, pulsando com a magia do livro. Ela pressiona o corpo contra o meu, e sinto o calor que ela mencionou, aquele fogo que queimou dentro dela por anos, preso entre páginas.

Minhas mãos descem, explorando as curvas sob o vestido, enquanto ela solta um suspiro que faz o ar do apartamento vibrar. O livro, ainda aberto na mesa, emite um leve brilho dourado, como se estivesse assistindo, aprovando, ou talvez apenas registrando cada movimento. Levanto o vestido dela, revelando coxas brancas como a neve que dá seu nome, e ela ri, um som que é metade inocência, metade provocação.

- Um bruxo medíocre, hein? - diz, enquanto desabotoa minha camisa com dedos ágeis. - Vamos ver se você é tão... comum quanto diz.

Eu a puxo para o sofá, e ela cai sobre mim, os cabelos negros espalhados como uma cortina. O vestido finalmente cede, deslizando pelos ombros dela, expondo a pele que parece brilhar com um leve fulgor mágico. Seus seios são perfeitos, grandes e deliciosos. E quando minha boca encontra um deles, ela arqueia as costas, soltando um gemido que faz os cristais na estante tilintarem. A magia no ar está densa, quase palpável, como se o próprio apartamento estivesse se dobrando às regras do livro.

Ela subiu no meu colo com um sorriso doce.

- Sabe o que é engraçado? - ela sussurrou. - Sempre disseram que eu fui salva por um beijo. Mas eu nunca senti que aquele beijo me acordou de verdade.

Ela me beijou, e o gosto da maçã misturado ao calor da sua língua fez minha espinha tremer. Meu pau já estava duro antes. Agora latejava como se quisesse romper as barreiras do real.

- Agora me diga… - ela continuou, lambendo o suco da maçã do próprio pulso — você também vai me "acordar"?

E foi assim que descobri que ela sabia muito bem o que fazer com a boca.

- Isso... - ela sussurra, as mãos dela agora em meus cabelos, guiando, exigindo. - Me faz sentir viva.

Eu a viro, deitando-a no sofá, e ela me encara com aqueles olhos azuis que parecem faróis, brilhando com desejo e algo mais - uma inteligência astuta, como se ela estivesse testando até onde posso ir. Minha calça já era história, e quando me posiciono entre suas pernas, sinto o calor dela, a umidade que confirma o que ela disse sobre anos de espera. Entro nela lentamente, e o gemido que escapa dos lábios dela é tão intenso que as luzes do apartamento piscam outra vez, como se a energia elétrica não pudesse competir com a magia que estamos criando.

- Mais... - ela exige, as unhas cravando nas minhas costas, marcando a pele como se quisesse deixar um lembrete de que estive com a mais bela da floresta. O ritmo acelera, nossos corpos se movendo em sincronia, o sofá rangendo sob nós. Cada estocada é um pulso de magia, e sinto o cetro de Manfred, guardado na estante, vibrar em resposta, como se estivesse com ciúmes.

Branca de Neve não é passiva. Ela se move comigo, os quadris acompanhando cada investida, os gemidos dela se misturando aos meus. O apartamento parece pequeno demais para conter tanto prazer, tanto poder. Ela goza, e é como se o mundo pausasse - um vento quente percorre o ambiente, bagunçando os papéis na mesa. Eu a sigo logo depois, o êxtase me atravessando como um raio, e por um momento, me pergunto se sou eu quem a libertou do livro, ou se ela é quem está me libertando de algo.

Nós dois ficamos ali, ofegantes, a pele dela ainda quente contra a minha. Ela ri, um som doce, mas com aquela pontinha de ironia que me faz desconfiar que sabe mais do que diz.

- Não tão medíocre, afinal - ela murmura, traçando um dedo pelo meu peito.

Eu sorrio, exausto, mas já sentindo o peso da responsabilidade. As instruções de Manfred ecoam na minha mente: "Devolver antes de fechar." Levanto-me, ajudando-a a se sentar. Ela ajeita o vestido, como se nada tivesse acontecido, mas o olhar dela diz o contrário.

- Hora de voltar? - pergunta, com um leve tom de desafio, como se soubesse que parte de mim não quer deixá-la ir.

Branca de Neve se aproxima e folheia o livro de onde veio. Vê Cinderela, a reconhece, sorri. Siniho, Chapeuzinho Vermelho... Malévola... e Grimhilde. Me olha com aqueles olhos brilhantes, enigmáticos.

- Regras são regras - respondo, pegando o livro. A página com a gravura de Branca de Neve parece pulsar, esperando. - Mas não se preocupe, nos veremos mais vezes.

Ela sorri, morde o lábio inferior, e por um segundo, juro que vejo um brilho travesso nos olhos dela, como se soubesse que não será tão simples assim. Estendo a mão, e ela a segura, a faísca mágica estalando novamente.

- In libro somniorum, regresa, Regina Nivea - digo, com a voz firme, embora uma parte de mim hesite.

O brilho dourado envolve Branca de Neve, e ela começa a se dissolver, como se fosse feita de pó de estrelas. Antes de desaparecer completamente, ela sussurra:

- Cuidado com as feiticeiras. Elas não são tão... obedientes.

E então, ela se vai. A gravura na página está de volta, mas agora há algo diferente — um leve sorriso no rosto desenhado de Branca de Neve, que não estava lá antes. Fecho o livro com cuidado, sentindo o peso da magia diminuir no apartamento. O cetro de Manfred para de vibrar, e as luzes voltam ao normal.

Sento no sofá, ainda sentindo o cheiro dela no ar, o eco dos gemidos dela na minha cabeça. Um bruxo medíocre, talvez. Mas se isso é ser medíocre, então que venham mais lições do livro de Victor Manfred. Só espero estar pronto para as feiticeiras.


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Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico jeanlucbr

Nome do conto:
Branca de Neve

Codigo do conto:
234465

Categoria:
Heterosexual

Data da Publicação:
29/04/2025

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