A MASSAGEM



A MASSAGEM

O namorado sai e ela, mesmo cansada, não consegue mais dormir. Muitos pensamentos a perturbavam. Sentia medo da vida que amanhece com novidades demais. Pensava em tudo que aconteceu. Talvez tivesse sido o melhor sexo da sua vida, mas, por alguma razão, ao lembrar — principalmente da despedida, do jeito que ele lhe pediu para sair de cima dele — sentia repulsa. Não conseguia mais admirá-lo. Nem sequer o achava tão bonito quanto na noite anterior. Mesmo assim, conferiu as mensagens, na esperança de que “o amigo” tivesse escrito algo que lhe resgatasse a empatia. Nenhuma mensagem! Tinha bastante tempo e angústia. Decidiu pesquisar sobre o SPA. Realmente, estava precisando de um momento terapêutico.
Entrou no link “Profissionais” e se distraiu stalkeando os terapeutas, pesquisando as modalidades e os valores. O site era bem feito, as fotos eram bonitas, tudo bem explicado. Por alguns instantes, esqueceu a aflição que lhe assombrava. “Uhmm, gostei desse massagista, bem gostoso! Ai, ai, para! Você já teve sua lição, se controla”, falou em voz alta e riu, fazendo uma piada para si mesma. Tomou café, outro banho demorado e, às 9h em ponto, estava na frente do SPA para ver se alguma massagista — que não fosse o gostoso que ela havia stalkeado — poderia atendê-la ainda pela manhã.
A porta fechada, teve tempo para relembrar, “Será que deixamos vestígios?”, riu novamente para si mesma. Coisa estranha é a culpa, que vem e vai de acordo com as conveniências. Não podia mais negar para si mesma que, enquanto esperava abrirem a porta, sentia um orgulho sapeca ao lembrar de tudo que havia aprontado naquela sala durante a madrugada. Mesmo diante de todas as suas contradições, culpas e ambivalências, era inegável que ela começava a usufruir e a gostar de suas novas coragens recém-descobertas. Aquele prazer inédito, aquele ato irreversível, abria novas possibilidades em sua vida. “Tô ficando com tesão! Ai, ai... talvez eu seja bem puta mesmo, como ele disse.” Foi no meio desse pensamento que a porta se “abriu”.
—Oi, seja bem vinda!
Disse o massagista gostoso que ela havia stalkeado. Foi tomada por uma sequência de pensamentos intrusivos. Por um segundo, pareceu que ele diria: “Seja bem puta”. “Devo estar ficando louca”, pensou. Atordoada apenas lhe disse:
—Oi, eu vim agendar uma massagem.
—Sim, eu estou disponível agora, entra, coloca a tua bolsa na poltrona!
Pensou, mas não disse: “Não, com você não, não estou preparada agora” Ficou um pouco incomodada com a própria falta de reação, por alguma razão, não conseguiu dizer: “Agora não posso, volto depois”.
Um pouco tímida e desorientada entrou. E colocou a bolsa na poltrona!
—Como funciona?
—Fica bem à vontade, tira a sandália, o short e a camiseta e deita nessa maca.
Uma explicação direta, quase antipática, como quem diz: “Isso é tão óbvio“. “Que cara grosso! Isso é jeito de falar!”, sentiu sua face ficar um pouco vermelha de raiva e deitou vermelha de bruços na maca. Ele que havia ido até uma salinha de suporte buscar os materiais e evitar o constrangimento de vê-la se despir, volta do mesmo jeito que estava, de bermuda, chinelo e regata. “Que falta de profissionalismo, não vai nem usar um jaleco”, pensou. Ficou com ainda mais raiva, e mais raiva, quando viu as tatuagens na costela dele e sua barriga trincada pela grande folga que a regata permitia. “Não sei por que não fica sem camisa, dá na mesma”, “Não vai nem colocar uma toalhinha para tapar a minha bunda, vai ficar me comendo com os olhos, que raiva!” Esse era o diálogo interno, enquanto ela olhava para o mesmo espelho que ela se vira tão devassa na noite anterior.
À noite, as luzes dos apartamentos vistos da janela lhe pareciam estrelas respeitosas, agora, de dia, pareciam um coletivo de vizinhos tarados de binóculo observando só de calcinha e sutiã na maca, sendo tocada por um estranho mal-educado. Ela sabia que ele poderia ver a marquinha de sol que a calcinha não cobria. Seu coração acelerou de nervosismo e excitação ao lembrar que ele também veria as marcas das unhas do amigo, as marcas de uma história secreta, muito íntima, que gritava em seu corpo na ânsia de ser revelada.
—Fecha os olhos!
“Como assim? Por quê? Isso é jeito de falar?!” Continuava a briga silenciosa sem dirigir qualquer palavra a ele.
De olhos fechados, ela sente quando ele coloca uma toalha sobre seu corpo. “Uhmm, hipócrita!” pensou, “Colocou a toalha para fingir alguma decência”. Ela se contrai por reflexo, numa espécie de susto exagerado, quando sente alguns pingos de óleo que ele, intencionalmente, deixou cair próximos aos seus tornozelos. O excesso da sua reação a ajudou a perceber que havia se irritado tanto por ele não ter colocado a toalha quanto por ele ter colocado. A raiva que dedicou a si mesma em sua auto-recriminação da madrugada era, agora, melhor endereçada ao massagista que a colocava novamente em contato com as suas incoerências e com seus desejos não suficientemente admitidos. Começava a reconhecer suas passionalidades, suas contradições que, quase sempre, resultam em uma grande excitação. Esse roteiro, ela conhecia bem...
Ele inicia a massagem pelos pés e panturrilhas. “Que coincidência irritante, há poucas horas eu estava... Hummm... Paraaá! Não pense nisso!” A vida tem mesmo esse mistério, um pequeno gesto inadvertido e carregado de pertinência é suficiente para fazer a ponte entre as experiências, entre as pessoas. Os toques iniciados em seus pés e panturrilhas eram, nesse momento, o passaporte, o código de acesso a um novo paradigma que ela havia vivenciado. O óleo tinha um cheiro muito bom e ele sabia mesmo realizar uma massagem bem agradável. Realmente, não estava preparada. Não esperava ser atendida imediatamente, vestia uma calcinha minúscula, muito provocante. Olhava sorrateiramente para o espelho e via o quanto o massagista tinha dificuldade para esconder a ereção sob sua bermuda displicente. “Com certeza, foi por isso que ele mandou eu fechar os olhos”. “Ele mandou? Uhmmm”, riu novamente para si mesma. Ela se conhecia o suficiente para saber que adorava receber algumas ordens em situações bem especiais.
Ele, com óleo e olhos, não conseguia evitar o julgamento: “Que safada! Vi ela jantando com o namorado e depois se arreganhando para um estranho numa conversinha na recepção do hotel ontem à noite”. Ele pensava, olhava aquela bucetinha mal coberta por aquela calcinha minúscula. Olhava ela dando pequenos sorrisinhos de olhos fechados; imaginava o que ela estaria pensando e não conseguia mais evitar a ereção completa, pulsante. “Além do mais, tenho a impressão de que ela não resiste a ser mandada. Até parece que, se eu pedir qualquer absurdo, ela vai obedecer. Que tesão!” Estava difícil se concentrar no trabalho. Mas ele se concentrou da melhor forma que pôde, e seguiu terapêuticamente dando atenção aos pés e às pernas de forma bastante técnica. Apenas não pôde abdicar de entrar no jogo e ir testando, cada vez mais, a submissão dela às suas ordens. Encontrou o tom certo, entre o educado e o ríspido.
Suas palavras comandavam os movimentos do corpo dela em tom inquestionável. Respira, ela respira. Abre, ela abre. Relaxa, ela relaxa. No ritmo dos movimentos que ele conduzia, a toalha já havia caído para o lado e ela sabia que o óleo abundante da massagem já havia se misturado com sua lubrificação íntima indissimulável, isso fazia com que sua minúscula calcinha branca ficasse totalmente transparente. Ela estava, portanto, totalmente nua. Ele mantinha os toques dentro dos limites profissionais: sem tocar sua intimidade, sem nem mesmo insinuar qualquer avanço não combinado. Ainda assim, ela sentia como se ele estivesse lhe tocando da forma mais lasciva possível. Com as mãos, ele a encharcava de óleo, com a voz ele me encharcava de tesão.
Ele se posiciona na parte da frente da maca e começa a tocá-la no pescoço. Ela sussurra:
—Uhmmm, isso é muito bom!
Ele não responde, continua colocando bastante óleo e massageando também os ombros. Ela não consegue evitar os pensamentos intrusivos e obscenos. Sabe que o pau dele está duro. Ele se posiciona bem próximo à sua cabeça, ela sente o calor. Ele, por sua vez, sabe que ela está gostando. Ela fingindo displicência nos movimentos da cabeça na esperança de alcançá-lo. Ele mantinha a empáfia do seu profissionalismo hipócrita, cuidando para não encostar seu quadril na cabeça dela. Ainda na parte da frente da maca, ele se debruça, chegando, com perícia milimétrica, ainda mais perto do rosto dela. Com os braços esticados, alcança o limite da calcinha e sobe massageando até o limite do sutiã. Ela diz:
—Pode desatar se está atrapalhando.
Ele responde:
—Eu sei.
Ela fica irritada com a resposta, mas ao mesmo tempo se conforta pensando: “Melhor assim, se ele demonstrasse alguma gentileza agora eu, com certeza, não resistiria”. Ele se posiciona ao lado da maca e solta o sutiã. Realiza movimentos mais intensos, que iam do início das nádegas até a nuca, seguindo pelos ombros, descendo pelos braços até as mãos, entrelaçando seus dedos cheios de óleo. A cada onda desse movimento cíclico, ela se permite soltar gemidos, simulando um circuito de dor e alívio da tensão. Mas era inegável que a tensão só aumentava, assim como os gemidos que ficavam cada vez mais ousados.
Ele diz:
—Vira!
Ela hesita, não sabe como realizar esse movimento sobre a maca. Com uma duvidosa destreza, se inclina para trás, quase ficando de quatro — quase mostrando tudo— antes de se virar desajeitada, deixando cair o sutiã no chão. Agora de frente, sua calcinha parecia ainda mais obscena, não era possível esconder nem mesmo as contrações íntimas que ela, mesmo com raiva, não podia evitar. Ela sabe que seus seios estão salientes e arrepiados e que ele a observa com desejo. Fecha os olhos, como se assim fosse capaz de evitar a revelação de seu notório exibicionismo.
—Você está com frio? Está toda arrepiada.
—Não, não, é que a massagem me traz muitas lembranças
Disse sem pensar, depois pensou: “Meu Deus, o que foi que eu disse? Por que não fiquei quietinha só curtindo? Esse animal, grosso desse jeito, vai perder totalmente o respeito por mim”. Se não podia controlar as próprias palavras, nem o arrepio de sua pele, nem o calor involuntário de sua intimidade, como poderia controlar seus gestos, suas decisões? Ficou preocupada, mas a própria preocupação e o frio na barriga eram, agora, parte da excitação que lhe dominava. Ele não falava nada, apenas continuava a massagem de modo bastante profissional.
—Senta!
Ela responde:
—O quê?
—Terminamos! Vou ali na salinha e já volto.
Ela não sabia o que esperar. “Acho que ele foi cancelar o próximo atendimento. Vai sair de lá pelado e mandar eu chupar ele!”, sentiu o coração acelerar e vestiu rápido o short e a camiseta... Olhava aflita para a porta da salinha. Demora mais alguns minutos e ele sai calmo, com sua bermuda sem nenhuma ereção. Pensou: “Ah, que alívio! E também que decepção, ah sou uma putinha mesmo! Ainda bem, eu teria chupado ele com certeza! Paraaaa!”
Ela disse, simpática, dissimulando toda tensão sexual que ambos sentiam:
—Muito obrigada! Uma hora passou bem rápido. Vou recomendar para o meu namorado vir também hoje à tarde.
Ele não falou nada, apenas estendeu a mão em um cumprimento formal. “Cara grosso! Que raiva!” Voltou para o quarto; ainda pretendia dormir um pouco. Deitou para descansar, mas sua mão sabia o que precisava acontecer. Começou a se tocar, imaginando uma massagem bem diferente. Parou para stalkear o massagista uma última vez. Viu que havia uma mensagem dele. Uma mensagem direta e um tanto ofensiva: “Hoje, às 15h, vá sozinha ao quarto 802. Vá com um vestido soltinho e uma calcinha tão safada quanto a que você usou na massagem!” Digitou várias respostas, exigindo respeito, ameaçando denunciar e mostrar os prints para a gerência do hotel, mas não enviou nenhuma. Soltou o celular e gozou em silêncio, se tocando embaixo do lençol... “Aaaaaahhhhhh... Que raiva!”

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Comentários


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guto_poa_rs Comentou em 18/06/2025

Confesso que eu tava esperando um final diferente.. onde ela estaria toda esfolado de pau e toda lambuzada de porra do massagista...

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will66 Comentou em 18/06/2025

Estava igual a vc, não queria mais acabei de pau duro , lendo o seu conto

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vigilanterodoviario Comentou em 18/06/2025

Delicia. Fiquei imaginando como você deve ser ...

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laventura92 Comentou em 18/06/2025

É parte do livro "Sorriso íntimo, uma coragem recém descoberta" clubedeautores/livro/sorriso-intimo




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Nome do conto:
A MASSAGEM

Codigo do conto:
236565

Categoria:
Traição/Corno

Data da Publicação:
18/06/2025

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