Luciana olhava para a tela do celular pela terceira vez naquela noite. As mensagens trocadas mais cedo ainda ecoavam na mente, como um eco quente e proibido.
Lucas:
"Se eu estivesse aí, você não teria tempo nem de pensar nele…"
Ela mordeu o lábio inferior. Aquela frase ressoava entre as paredes frias do quarto que ela dividia com Kleber, seu marido. Marido. Ainda era essa a palavra. Mas, na prática, Kleber estava distante há meses. No toque, no olhar, na cama. Tudo havia se tornado obrigação e rotina. Só não tinha coragem — ainda — de pôr um ponto-final.
Mas Lucas… Lucas era diferente. Era conversa fácil, era sorriso bobo, era provocação sutil. Eles nunca haviam se tocado. Nem um beijo. Só palavras. Mas as palavras, para Luciana, eram mais perigosas do que qualquer toque.
Naquela noite, Kleber entrou no quarto, deitou-se na cama como quem cumpre tabela, e virou-se para o lado. Luciana, por outro lado, estava elétrica. Sua pele ardia em silêncios.
Não era por Kleber.
Era por Lucas.
Sem conseguir evitar, deslizou a mão pelo celular de novo. Novas mensagens piscavam.
Lucas:
"Queria te ver agora… te pegar de surpresa… te encostar na parede…"
Um arrepio percorreu a espinha de Luciana. Suas coxas se fecharam instintivamente, buscando o calor que faltava.
Foi quando sentiu a mão de Kleber em sua cintura, desajeitada, tentando iniciar algo. Ele não dizia nada. Era automático, quase frio. Mas pela primeira vez em semanas, ela não recuou.
Não por ele.
Mas porque, em sua mente, não era Kleber quem a tocava. Era Lucas. Era a voz grave dele, as palavras sujas no ouvido, o sorriso de canto que ela imaginava toda vez que lia as mensagens.
Kleber a virou de lado e puxou sua calcinha para baixo, apressado, sem beijos, sem carinho. Ela fechou os olhos e, pela primeira vez, permitiu-se mergulhar completamente na fantasia.
“É Lucas. É Lucas aqui atrás de mim. É ele quem está me segurando assim. É ele quem me quer desse jeito…”
Enquanto o marido a penetrava com movimentos mecânicos, Luciana levou uma das mãos à frente, escondida sob o lençol, e começou a acariciar o próprio clitóris. As unhas arranharam de leve a pele da coxa, misturando dor e prazer. Sua respiração foi ficando pesada.
Na sua cabeça, a cena era outra: Lucas a empurrando contra a parede, erguendo sua perna, enfiando-se fundo nela com força e desejo contido por meses.
A mão de Kleber apertava sua cintura, mas era a mão de Lucas que ela sentia. As estocadas ritmadas, mas sem paixão, transformaram-se na mente dela em investidas brutas, cheias de necessidade, como se Lucas quisesse marcá-la por dentro, deixá-la dele.
Sem perceber, soltou um gemido abafado.
— Gostosa… — Kleber sussurrou, como se fosse uma obrigação.
Mas o que ela ouviu foi a voz de Lucas, quente, grave, direta:
"Assim que eu gosto… toda minha…”
O corpo de Luciana começou a tremer. A mistura de sensações — o toque mecânico do marido e a fantasia viva de Lucas — a levou para um lugar onde o real e o imaginado se fundiram em um só.
Se permitiu gozar ali mesmo, em silêncio, mordendo o travesseiro, o prazer explodindo em ondas abafadas.
Kleber continuou por mais alguns minutos até gozar também, rápido, quase alheio a tudo. Logo virou de lado, satisfeito apenas por ter terminado.
Luciana ficou ali, suada, com o coração disparado. Não pelo marido. Mas pelo desejo sufocado que, a cada dia, ficava mais difícil de segurar.
Pegou o celular com as mãos trêmulas.
Lucas:
"Tá acordada?"
Ela sorriu, o corpo ainda formigando.
Luciana:
"Tô. E agora tô com mais vontade ainda…"
A noite mal tinha começado.