Passeio no Inferno.

No inferno, sinto calor.
No inferno,sinto temor.
As almas sujas gritam de dor.
Vejo os pecados, boiando por aí;
Luxúria, soberba, gula.
Que gostoso a sensação dessa loucura.

Corro em direção ao diabo,
Vindo como Deus me criou,
E assim, lhe dou um grande abraço.
Me sentindo completo, nem preciso mais de afeto.

Minha libido se torna forte,
Ouço meu chamado ao norte.
Vozes sedutoras e masculinas,
Sinto essa chama invadir minha vida,
Suspirando em euforia.

A luxúria é meu maior pecado,
E eu peco com cada pedaço.
Minha alma é suja, disso tenho convicção.
Só sei que irei queimar de puro tesão.

Sigo as vozes ouvindo aquele doce canto,
O som sereno dos gemidos ecoam pelo meu ouvido,
Sigo minha jornada de andarilho.

O desejo domina minha vida,
Perseguindo a sensação de dopamina,
Meu coração acelera,
A paixão me cerca,
Estou quase chegando.

Berro de dor, berro de amor.
Berro de prazer, berro de júbilo.
Vindo ao cabaré, me sinto único.
Os sons dos mortos mexem com meu corpo,
Estou dançando no inferno, com o fogo me queimando como ferro.

Abraço a loucura, abraço o prazer.
A cachaça adentra meu corpo,
Estou no meu afazer,
Bebendo e bebendo,
Derreto de prazer.

Uma porta se abre, e eu olho sua luz,
A voz de mais cedo então me seduz.
Meu corpo arrepiado começa a andar, entro pela porta e vejo a criação divina.

Meus desejos tomam conta,
A saliva cai de minha boca,
Abocanho meu colega, me deliciando com o órgão.
E sinto, com a força de um dragão, um carinho nas minhas costas.
Gostoso e prazeroso, me deixando louco.

Naquele orifício, sinto uma pressão, me fazendo gemer de pura satisfação.
Dois seres atrás de mim, ao mesmo tempo;
Com mais um ao meu lado, fazendo meu prazer ser apenas dobrado.

Dividem minha boca, dividem meu buraco, e finalmente, chegamos ao orgasmo.
Todos simultaneamente, explodindo de puro tesão.
E todos então caímos mortos no chão.
Um sorriso se destaca em meu rosto, com nossa essência sendo usada, formando um novo corpo.

Um ser belo, um ser formoso, algo querido, algo bondoso, algo vital, algo mundano.
Um ser humano.