— Foi muito bom — disse Luke enquanto estava deitado sobre meu peito, sua respiração ainda irregular.
— Sim, você é uma máquina, não é à toa que é o melhor — respondi, acariciando seus cabelos suados.
— Sou bom de cama assim? Melhor do que o Carlos? — questionou Luke, e eu senti uma pontada no estômago. Devo dizer que era mentira, Carlos era mil vezes melhor que Luke, mas quem é o homem que não mente no pós-sexo, afinal?
— Sim, você é melhor que o Carlos, se é isso que você quer saber — falei, beijando sua boca.
— Melhor que meu irmão? — insistiu.
— Luke, para que isso? Quer que eu compare você com todos os homens com quem me deitei? Isso aqui é um caso, do acaso, não pense que vamos voltar ao namoro, ou ao que éramos — falei, me levantando da cama.
— Então você veio aqui para me usar? — sua voz carregava uma mágoa que eu conhecia bem.
— Você estava no Grindr para ser usado, e eu estava a fim de alguém para saciar minha vontade de querer ser fodido. O fato de sermos ex-namorados, na minha cabeça, ajuda, porque acaba que vou para a cama com alguém conhecido. Só isso.
— Você é um canalha, Lucas — disse Luke, se sentando na cama.
— Luke, não estou te entendendo. Achei que era só curtição. Se eu soubesse que íamos discutir a relação, eu não teria vindo.
— Tudo bem, tudo bem. Lucas, você tem razão, é curtição. Você ama o Carlos, né?
— Cara, esquece o Carlos. Eu não estou mais com ele, eu estou sozinho e quero ficar sozinho — minha voz saiu mais áspera do que eu pretendia.
— Nunca vou esquecer que você me trocou pelo Carlos, que você me traiu com o Carlos — Luke se levantou, começando a se vestir.
— E eu nunca vou esquecer que você e o Carlos também ficaram juntos. Não seja por isso — falei, me exaltando.
— Fiquei com o Carlos enquanto você se divertia com meu irmão — rebateu Luke, seu tom se tornando cada vez mais ácido.
— Ai, por favor, Luke. Melhor eu ir embora, não estou a fim de discutir.
— Por que você fica nervoso quando eu falo do meu irmão? — perguntou, me encarando fixamente.
— Eu não estou nervoso, apenas não quero discutir. Enfim, tchau Luke, a gente se fala.
Vesti minha roupa rapidamente e fui embora, minha cabeça rodando com mil pensamentos. Como pode meu momento com Luke ir de 0 a 100 em questão de segundos? Num momento tínhamos acabado de ter um sexo maravilhoso, e numa simples conversa virou uma discussão, tornando as coisas complicadas.
Não que eu fosse um santo ou coisa do tipo, mas eu não estava no clima. Estava relaxado, estava curtindo, não queria voltar o namoro com Luke, afinal acabei de sair de um relacionamento. Então acho que essa foi a melhor coisa que fiz: ter ido embora. Mas eu sabia que não seria nada fácil manter Luke longe de mim.
Quando estava no carro indo para casa, chegou uma mensagem do Guto: "Vamos jantar às 20h?"
Respondi que sim, com um sorriso no rosto. Talvez fosse hora de apostar em algo novo, algo que não viesse carregado de tanto passado. Talvez fosse hora de dar uma chance para alguém que me fizesse sorrir sem me fazer sofrer na mesma intensidade.
Mandei a localização para Guto e às 20h em ponto ele estava na porta do meu prédio para me buscar. O fato de estar saindo com um cara mais velho era diferente e bom ao mesmo tempo. Guto era completamente distinto de Carlos e Luke, ele tinha 43 anos, era formado, bem resolvido na vida, e nossa química tinha sido surpreendentemente boa. Talvez para ele eu fosse só curtição, mas a verdade é que nunca estive nesse papel de ser meio que paparicado por alguém.
Tudo bem, vocês podem me julgar e achar que estou sendo ingrato pelas coisas e mimos que Carlos fez por mim, mas com Guto era diferente. Para vocês, a história com ele ainda está no começo, mas como eu disse no capítulo anterior, talvez se Guto tivesse o poder de voltar no passado, ele teria escolhido jamais me beijar. Mas não vou adiantar o texto.
Quando entrei no carro, puxei Guto para um beijo, e ele foi dirigindo enquanto coloquei minha mão sobre sua coxa. Fomos conversando sobre coisas banais, nos conhecendo um ao outro, afinal era o início do início. Não fazia nem 24 horas que nos conhecíamos, tínhamos transado, tinha ido para sua cobertura e agora estávamos indo jantar. E nesse meio tempo tive um flashback com meu ex-namorado, mas bom, não vamos falar mais do Luke, pelo menos não por agora.
Guto me levou para um restaurante, uma pizzaria romântica que tinha na nossa cidade. Era um ambiente escuro, um saxofone tocando ao fundo, velas na mesa criando uma atmosfera íntima. Eu tinha ido uma vez nesse restaurante quando namorava Camille, para vocês verem como faz tempo que eu não frequentava o lugar. Mas como minha vida é uma novela, quem eu poderia jamais imaginar que estaria nesse mesmo restaurante?
Eu estava distraído entrando com Guto, quando olhei rapidamente e meus olhos foram direto a ele, ao Carlos. Olhei melhor e lá estava ele com Raul num jantar romântico. Aquilo me doeu de uma forma que eu não esperava. Carlos me olhou e sua expressão mudou completamente, mas eu virei logo minha cara. A partir daí, minha noite com Guto ficou estranha. Ele conversava, eu respondia mecanicamente, e de vez em quando eu olhava para Carlos e Raul, e aquilo de certa forma me corroía por dentro.
— O que está acontecendo? — perguntou Guto, notando minha mudança de humor.
— Nada — menti, forçando um sorriso.
— Encontrou alguém que não queria ver? — insistiu, perspicaz.
— Digamos que sim — falei, tentando manter a compostura.
— Um ex-namorado?
— Sim, mas não quero falar nisso agora — respondi, desviando o olhar.
— Tudo bem, relaxa — disse Guto, tocando minha mão suavemente. — Bom, não é só você que encontrou seu ex aqui. Meu ex-marido também está neste restaurante.
— Sério? Quem é? — perguntei, ficando curioso e tentando me distrair da presença de Carlos.
— Acho que ele não me viu, senão ele teria vindo aqui falar comigo. Mas te garanto que ele é bem desagradável — respondeu Guto com um tom de desgosto.
— Quero saber quem é seu ex — insisti.
— Também quero saber quem é o seu — respondeu Guto, sorrindo.
— Naquela mesa de canto, próximo à árvore. Tem dois caras, ambos estão de camisa preta — expliquei, apontando discretamente.
Guto se virou discretamente para trás e olhou na direção indicada.
— Seu namorado é qual? O mais branquinho ou o moreno? — perguntou.
— O branquinho.
— Não precisa se preocupar. Ele está com um garoto de programa, esse carinha que está com ele. É super interesseiro — disse Guto de forma casual, como se fosse uma informação corriqueira.
— O Raul? — perguntei, surpreso.
— Sim, você conhece ele também?
— Ele estuda comigo. Como você sabe que ele é GP?
— Digamos que já utilizei os serviços dele — falou Guto de forma natural, como quem comenta o tempo.
Antes que eu pudesse processar completamente essa informação, ouvi uma voz às nossas costas:
— Guto! Você por aqui — a voz era carregada de sarcasmo e malícia.
Me virei junto com Guto, que revirou os olhos com evidente irritação.
— Haroldo, você por aqui — respondeu Guto, seu tom se tornando frio como gelo.
O homem à nossa frente era alto, bem vestido, com um ar de superioridade que me causou arrepios instantâneos. Seus olhos me analisaram de cima a baixo, como se eu fosse uma mercadoria em exposição.
— Vejo que já arrumou um novo novinho para se divertir. Tem coisas que nunca mudam, não é mesmo? — disse Haroldo, seu sorriso cruel não alcançando os olhos.
— Haroldo, não seja ridículo. Lucas não é esse tipo de pessoa que você está pensando — rebateu Guto, sua voz carregada de tensão.
— Ah, claro que é exatamente o que estou pensando — continuou Haroldo, me encarando com desdém. — Novinho interesseiro, deve estar com você pelo dinheiro, assim como todos os outros. É bom você, Lucas, aproveitar bem, porque quando Guto enjoar de você, ele vai te descartar como um papel usado.
O veneno em suas palavras era palpável. Senti meu rosto esquentar de raiva e humilhação.
— Haroldo, vai embora daqui e me deixa em paz, ok? — disse Guto, sua voz tremendo de raiva contida.
— Bom apetite para vocês dois — disse Haroldo com um sorriso venenoso, antes de se afastar.
O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. Não devo nem dizer o clima pesado que ficou depois disso, mas minha cabeça estava fervendo com a quantidade de informações que eu acabara de receber: Raul era garoto de programa, Guto gostava de sair com GPs, e Haroldo, o ex-marido de Guto, achou que eu era um GP também.
Nossa, realmente minha vida era uma pura novela mexicana. E pelo jeito, Haroldo seria o novo vilão desta nova fase da história.
Oii, estou adorando acompanhar essa saga, mas pfv, não demora pra postas as novas parte e uma parte por dia e muita judiação.