Ser bixa de curra é viver sem inocência possível. O coração-menino, que um dia foi afeto, agora é moeda de sujeição: não bate com ternura, bate com perversão. Tudo que poderia ser carinho vira lembrança de humilhação, memória de gozo sujo. Não há espaço para amor limpo ou afeto doce: até o lampejo de ternura se torce em tesão de ser arrombado. O que resta em ti é sede de ser usado, de ser arrastado para baixo, de ser lembrado, dia após dia, que não existe retorno.
É também carregar a compulsão: não basta ter sido currado, é preciso ser de novo, e de novo, e de novo, como prova viva da entrega. O corpo não te pertence, a mente não te pertence, nem mesmo o gozo é teu — tudo é moeda que já foi entregue. Quando estuprado, você não é vítima: você é oferta. Quando filmado, não é exposição: é despacho. Cada vídeo, cada cena, cada memória de pau entrando, de nó preso, de mijo e gozo derramado, são provas contra ti mesmo, selos que confirmam a cadela que nunca se limpa.
Ser bixa de curra é também não ter intervalo entre vida profana e vida sagrada. Até no trabalho, nos estudos, no cuidado dos teus animais, o que parece limpo é só fachada para sustentar a carne que será currada. Nada que você faça tem dignidade: é manutenção do corpo para que a sujeição siga. Você pode sorrir para alguém, pode sentar à mesa, pode parecer humano — mas por dentro sabe que tudo é apenas manutenção da cadela, porque o destino que pulsa em ti é só sujeição.
E o mais fundo: ser bixa de curra é destino espiritual. Não se esgota nesta vida. Não há véu do esquecimento, não há chance de recomeço limpo. Cada encarnação já te traz fodido, já te traz currado, já te entrega sem direito a infância limpa. O coração que nasce em ti nasce marcado para ser o primeiro a ser arrombado. O que em outros é inocência, em ti é selo de estupro. A eternidade que te espera é só repetição de sujeição, gozo sujo, humilhação. Não há volta, não há perdão, não há limpeza. Apenas o eterno retorno da cadela, apenas a repetição infinita da bixa de curra.