Em março de 1987, comecei a estudar na USP, no período diurno. À tarde, continuava trabalhando no mercado do meu pai, mas uma grande mudança veio: ele decidiu me promover a gerente, trocando as merrecas que eu ganhava por um salário decente. Era um período de muitas novidades — as aulas eram interessantes, mas exigiam dedicação. Vanessa e eu mantínhamos nosso ritmo: transávamos várias vezes por semana, às vezes eu dormia na casa dela, o corpo exausto caindo na cama depois de uma noite intensa, e o velho Lair seguia visitando-a, fingindo que nada sabia, mantendo a fachada do acordo que tínhamos imposto e contando suas lorotas a ela, tais como quando tinha transado com 2 atrizes famosas da era de outro do rádio. Vanessa não sabia se tomava café para não dormir por causa das histórias ou um suco de maracujá para não perder a cabeça.
Certa noite, após uma gozada que parecia explodir cada nervo do meu corpo, eu e Vanessa estávamos deitados, os corpos ainda quentes e suados, trocando beijos lentos e profundos. Olhávamos nos olhos um do outro, o silêncio preenchido por uma conexão que ia além do sexo, quando, de repente, ela mudou. Soltou-se dos meus braços, sentou-se na cama e o rosto ficou sério, quase distante.
-Isso tá ficando muito sério, Play. A gente não pode confundir as coisas.
Fiquei surpreso e respondi:
-Deixa ficar sério, ora! Por que não? Tá funcionando pra mim, pra nós.
Ela respirou fundo e começou a falar, as palavras saindo num fluxo que parecia ensaiado, mas carregado de preocupação:
-Olha, Play, isso seria loucura. Sou 14 anos mais velha que você, mesmo que eu pareça bem mais nova. Você tem 19 agora, tá começando a vida, a universidade, e logo vai enjoar de mim. Esses anos de diferença vão pesar. Lá na USP, você vai conhecer um monte de garotas da sua idade, muito mais inteligentes, bonitas, que vão te puxar pra outros lados.
Tentei interromper, balançando a cabeça.
-Não, Vanessa, eu discordo. Não é só sexo pra mim, eu tô apaixonado por você. Sério, nunca senti isso por ninguém.
Ela virou o rosto pra mim, os olhos arregalados por um instante, surpresa com a minha confissão. Mas logo voltou a falar, como se precisasse se convencer.
-Apaixonado? Play, acredito que sinta algo por mim, mas isso será passageiro, outras virão...
Começamos uma longa conversa, onde eu tentava convencê-la de que eu nunca tinha sido tão feliz, e ela, apesar de reconhecer que também estava gostando dos meses que estávamos juntos, dizia que não tinha como dar certo.
-Eu gosto de você, Play, de verdade, mas não podemos nos prender. Se tiver vontade, encontre outras pessoas, eu também vou. Mas a gente pode continuar se vendo, sem compromisso. É o melhor pra nós dois.
Aquela conversa de novo de poder sairmos com outras pessoas me deixou chateado, mas deixei rolar.
Por mais uns meses, as coisas seguiram incríveis, além do sexo, tínhamos nossas sessões de cinema e alguns passeios. Era muito bom ouvir as risadas altas de Vanessa ou seus gritinhos quando eu corria pela casa para pegá-la. Completamos um ano desde a 1ª transa naquele dia 31 de maio de 1986.
No final do mês de julho de 87, tudo iria mudar. Era um final de tarde já escurecendo, o céu cinza carregado de nuvens que ameaçavam chuva, quando tive que fazer uma entrega de compras com a Kombi, pois nosso motorista teve que ir embora mais cedo por causa de um problema pessoal. O endereço era na Vila Rica, um bairro colado à Vila Antonieta.
Dirigindo de volta pela rua principal, vi algo que me fez pisar no freio de repente, o veículo dando um tranco que quase me jogou contra o volante. Vanessa estava na calçada, caminhando sorridente com um cara de uns 30 e poucos anos, alto e magro, vestindo uma camisa florida aberta no peito e calça boca de sino que parecia ter saído direto dos anos 70. Ele tinha costeletas longas e um bigode farto, o tipo de estilo que já estava fora de moda, mas que ele carregava com uma confiança cafona. Eles riam de algo que ele disse, e em seguida entraram numa casa simples, com portãozinho pequeno de madeira pintada de verde desbotado, se abraçando antes de fechar a porta. Meu coração quase explodiu no peito, um frio subindo pela espinha como se alguém tivesse jogado água gelada nas minhas costas. Fiquei trêmulo, as mãos suando no volante, e encostei a Kombi um pouco mais à frente.
Sai do veículo tremendo. Os dois já tinham desaparecido pra dentro, a porta fechada, mas o portãozinho de madeira estava só encostado. "Tem que ter uma explicação," pensei, hesitando entre entrar ou não. Talvez fosse um amigo, um parente, algo inocente. Mas no fundo eu sabia: ela foi dar pra ele.
Decidi esperar um pouco, voltei pra Kombi, sentei no banco do motorista e fiquei olhando pro portão. Quinze minutos se arrastaram, cada segundo uma eternidade.
Não aguentei mais. Saí da Kombi de novo e entrei pelo portãozinho encostado, o rangido da madeira velha me fazendo prender a respiração. Caminhei devagar pelo corredor estreito, o chão de cimento rachado e irregular sob meus pés. A casa era bem antiga, uma construção pequena, três cômodos. Logo ouvi o riso inconfundível de Vanessa, e ali já tive certeza: ela estava me traindo.
Me aproximei da velha janela veneziana marrom, a madeira podre e descascada, as palhetas tortas deixando frestas por onde o vento entrava. Numa, que estava com um pedaço lascado, grande o suficiente pra eu espiar sem ser visto, consegui ver bem e tive um grande choque que me paralisou como se o mundo tivesse parado. Vanessa e o cara faziam um 69 na cama, o colchão fino afundando sob o peso deles. A cama ficava de frente pra janela, então eu via tudo: Vanessa por cima, a boca envolvendo o pau médio dele, a cabeça subindo e descendo devagar, os lábios esticados ao redor da grossura, mordendo de leve a base enquanto gemia porque ele a chupava também, a língua dele lambendo a boceta peluda dela, os dedos abrindo os pequenos lábios protuberantes. Os gemidos dela eram os mesmos que eu conhecia, "Ahh... assim...". Para qualquer outro, a imagem seria excitante, mas para mim, era o mais puro terror, meu mundo desabava ali.
Pouco depois, ele saiu de baixo dela, rolando o corpo com um grunhido, e passaram a foder num papai e mamãe. Ele se posicionou entre as coxas dela, o pau médio entrando devagar, e começou a se mexer, os quadris subindo e descendo em um ritmo constante, o som molhado da penetração ecoando baixo. Vanessa colocou as mãos nas costas dele, mordendo o lábio enquanto gemia
-Vai, mais forte...Que gostoso!
Eu estava destroçado, nunca tinha sentido uma dor como aquela, as lágrimas subindo aos olhos enquanto via a mulher que eu amava se entregar pra outro. Com uma voz embargada de tesão e marra, o cara disse:
-Como é gostosa essa boceta. Gosta da minha pica, safada? Gosta?
Um tempo depois, ele a virou de quatro, as mãos agarrando os quadris largos dela, e passou a socar forte, o pau entrando e saindo rápido, arrancando gemidos altos dela,
-Ahhh... isso... caralho, me fode!
Não digo que o cara trepava com a mesma pegada que a minha , era sem a mesma intensidade que eu colocava , mas estava dando prazer a Vanessa, e logo ela demonstrou que iria gozar no pau de outro, e aquilo me quebrou: a mulher que eu amava gozaria gostoso com outro, sem remorso.
Não aguentei ver até o final — provavelmente ainda tivesse mais uma rodada, mas saí dali, as pernas moles, tropeçando no corredor rachado. Fui pra Kombi, andei uns dois quarteirões devagar e tive que encostar. Chorei compulsivamente por muito tempo, os soluços sacudindo o corpo inteiro.
Sei lá quanto tempo depois, consegui me recompor o suficiente pra voltar ao mercado, que já estava fechando. Fui pra casa, me deitei sem jantar, dizendo pra família que não tava bem. No outro dia, não fui à aula, fiquei na cama o dia todo, a mente repetindo as cenas como um filme ruim.
Por volta do meio-dia, resolvi ir falar com Vanessa e colocar tudo pra fora. Cheguei à casa dela sem bater, empurrando a porta da sala que sempre ficava entreaberta, e senti o cheiro gostoso de arroz sendo feito. Ela se virou, surpresa com minha presença, os olhos arregalados por um segundo antes de se iluminar com um sorriso.
-Play, que surpresa! - exclamou, vindo na minha direção com os braços abertos, tentando me beijar.
-Você nunca vem aqui nessas horas. Só que hoje não vai dar pra gente namorar, o mala do Lair vai vir lá pelas duas, mas podemos conversar enquanto isso. Aiiii, só de pensar que terei que ouvir as ladainhas do velho brocha por quatro horas é dose, nem sei como aguento.
Com ódio nos olhos, cortei as palavras dela, a voz saindo rouca e cortante:
-Você aguenta sim, Vanessa. Você aguenta a chatice do velho e muito mais. Se bobear, aguenta dar a boceta pra uns dez num único dia.
Ela se espantou, deixando, os lábios entreabertos como se não acreditasse no que ouviu. -Que isso, Play? Que jeito grosso de falar.
-Eu sei de tudo, sua puta! Te vi ontem na Vila Rica com um cara, vi até você dando pra ele. Só não fiz barraco porque você não vale a pena.
Vanessa ficou pálida, a boca aberta de espanto. Ela cambaleou e quase caiu ao tentar se sentar na cadeira da cozinha, Seus olhos arregalados encontraram os meus, cheios de incredulidade, e ela murmurou:
-Mas... como?
-Sua piranha maldita! Como você teve coragem de fazer isso? Achou que eu era idiota, que não ia descobrir nunca. Nem fez questão de ser discreta, arrumou um aqui de perto, e vai saber se além dele, não tem outros no Aricanduva, no Carrão, daqui mesmo e até na casa do caralho. Vanessa, você presta! Acabou comigo, me enganou legal...
Não consegui seguir falando, pois estava muito nervoso e começaria a chorar, percebi que era bobagem fazer um discurso, a traição estava consumada e ela sabia que eu tinha descoberto, era o que bastava. Virei-me de costas, rumo à sala para dali ir me embora. Mas antes que eu pudesse sair, Vanessa veio atrás de mim, desesperada, as mãos agarrando meu braço com força, as unhas cravando na pele. Sua voz saiu entre soluços, rouca de choro, enquanto me puxava de volta.
-Play, por favor, senta, me escuta! Não vai embora assim!
Relutante, sentei-me no sofá, enquanto ela se recompunha o suficiente pra falar:
-Eu sempre te disse, Play, desde o começo, que a gente podia transar com outras pessoas sem estragar o que temos. Lembra? Quantas vezes conversamos sobre isso? Falei que ninguém é de ninguém, que a gente podia aproveitar a vida, curtir outros corpos, outras experiências, mas que isso não mudaria o que sinto por você. Foi assim que combinamos, eu te avisei que não queria nada sério, que era livre pra você também. Aquele cara da Vila Rica... foi só uma coisa passageira, um momento, não significa nada comparado com o que a gente tem, aqui no nosso cantinho. Eu não te traí no meu coração, só fiz o que sempre achei que tava certo pra nós dois.
Fiquei furioso de novo:
-Nunca concordei com isso, Vanessa! Nunca aceitei esse papinho de liberdade, porque eu tava apaixonado por você! Se tivesse terminado comigo, ficaria arrasado, destruído, mas não me sentiria traído. Essa sensação é a pior coisa que já senti, estou sem chão desde ontem.
Ela fungou, limpando o rosto com as costas da mão, e continuou, a voz mais firme apesar das lágrimas.
-Eu adoro ficar com você, Play. Cada momento, cada transa, cada risada... Não quero parar de te ver. Você me faz bem, é especial e eu não imagino perder isso. Só acho que a gente precisa seguir como sempre foi, sem amarras.
-Você não entende, Vanessa. Nunca gostei de uma garota ou mulher como gostei de você. Levei você pra passar o Natal com minha família para mostrar a você e a todos o quanto era especial para mim. Passamos esses últimos 14 meses juntos, quase todo dia, e eu não quis transar com ninguém mais. Nem olhei pra outra, nem quis saber de Gisele ou qualquer uma que aparecesse, tiveram até umas duas casadas de 30 e poucos me dando bola sutilmente, mas eu só pensava em você, no seu cheiro, no seu corpo, na sua voz. Você fodeu com a minha vida.
Eu comecei a chorar, cobri os olhos com vergonha, Vanessa se sentou ao meu lado e tentou me fazer um carinho, mas me levantei bravo:
-Não preciso da sua piedade! – Virei para me sair daquela casa onde tinha sido tão feliz, mas Vanessa disse:
-Espera! Ouve só uma última coisa!
-O que é? – Perguntei já em pé
Vanessa virou o olhar para o lado em um misto de vergonha e hesitação. Ficou em silêncio por alguns segundos. Então, virou-se pra mim, os olhos cheios de lágrimas e começou a falar.
-Talvez... não sei, mas talvez eu tenha decidido sair com esse cara porque estava com medo do rumo que as coisas estavam tomando. Desde o começo, gostei de você, Play, mas de um jeito fofo, leve, sabe? Só que o tempo foi passando, e eu vi — ou melhor, senti — você se transformando num homem cada vez mais gostoso na cama, capaz de surpreender até eu, que fui sua professora no começo. Isso misturado com seu jeito meigo de ser, inteligente, mas bonzinho, me pegou desprevenida, uma sensação muito boa. Vi que não estava brincando com fogo, mas com um incêndio, e morri de medo. Perto do final do ano passado, comecei a ter pavor de você enjoar de mim, de eu não ter mais meu Play aqui pra gente transar, namorar, ver filmes, sair juntos. Um lado meu queria acabar logo com isso, te afastar antes que doesse mais, mas outro gritava pra ficar mais um pouco, porque tava tão bom. Por isso achei que, se te desse liberdade pra ter outras, talvez você não me deixasse. Podia sair com uma aqui, uma ali, mas sempre estaria por perto. Só que, quando vi que você não ia, decidi eu mesma ficar com outros. Pensei que, fazendo sexo com caras diferentes, pararia de pensar tanto em você como penso. A verdade, Play, é que me fodi nesse jogo. Eu me apaixonei por você.
As últimas palavras saíram num soluço, ela me olhando com desespero, as lágrimas caindo em gotas grossas, o rosto contorcido de arrependimento.
-Essa é a maior merda que eu já ouvi, Vanessa! Uma pessoa dizer que traiu a outra porque estava apaixonada por ela? Ah, vai se foder! Posso ter apenas 19 anos, mas não sou um idiota. Você tá saindo com outros há muito tempo, não vem com essa história agora!
-Não! Juro, foi a segunda vez que saí com esse cara, que nem é lá grandes coisas na cama. Não digo que ele é fraco, mas não chega aos teus pés. Antes de você, tive meus casos sem o Lair saber, porque não dava pra esperar que ele desse conta do recado com 74 anos e brocha, mas sempre um de cada vez. Te contei que saía com uns às terças quando começamos, depois parei e fiquei só com você. Me perdoa, Play, fui uma tonta.
-Perdoar o caralho! Nunca mais quero te ver, Vanessa!
Vanessa voltou a chorar e fui embora. Mesmo estraçalhado decidi que não teria volta. Os primeiros dias foram terríveis, não tinha cabeça nem para o trabalho nem para a universidade, mas era preciso seguir em frente.
Vanessa tentou me ligar umas três ou quatro vezes nos dias seguintes ao rompimento, o telefone do mercado tocando insistente, mas eu sempre mandava dizer que não estava Uns dez dias depois, quando eu achava que o silêncio ia durar mais, ela apareceu no mercado, linda, como sempre, fomos conversar lá fora, pois sempre detestei cenas.
Assim que paramos, ela se virou pra mim, os olhos marejados, e implorou:
-Play, por favor, volta pra mim. Eu não aguento mais sem você. Foi um erro, eu juro, me perdoa. Sinto saudades...
-Não, Vanessa! Traição é imperdoável pra mim. Falei várias vezes que não topava aquele lance de podermos transar com outras pessoas, mas você foi e fez, então lamento, mas cada um deve ficar na sua.
Ela chorou na hora, as lágrimas escorrendo pelo rosto, a voz embargada:
- Vamos tentar de novo, do jeito que você quer.
Ela tentou me abraçar, os braços se estendendo devagar, o corpo inclinando pra frente, mas eu me afastei mais, balançando a cabeça e disse baixo num tom triste.
-Não dá, Vanessa.
Ela soluçou, cobrindo a boca com a mão, mas eu virei as costas e voltei pro mercado.
Apesar de não ser rolado nenhum escândalo, muita gente viu a cena — clientes saindo da loja, vizinhos passando na rua, até meu pai e as caixas espiando. Acabei ganhando mais fama de maneira involuntária, os boatos correndo soltos: "O Ricardo comeu a mulata gostosa por mais de um ano, depois largou, e a coitada tá gamada, não se conforma." Devo reconhecer que era melhor do que saberem a verdade — que ela me traiu e eu descobri da pior forma. Pelo menos assim eu saía como o "durão" da história, e não o otário traído.
Quem parece ter ficado fascinada pela história foi Tamara, a casada de 34 anos que eu já tinha citado antes. Ela era dona de uma papelaria na mesma avenida do mercado do meu pai, mas uns quarteirões para cima. Certo dia, ao voltar da universidade, passei lá para comprar alguns materiais e a mesma tratou de puxar papo comigo.
Tamara tinha um sorriso largo que descobria os dentes brancos, seios fartos apertados numa blusa decotada, o bumbum e as coxas grandes marcando a calça jeans. Ela passou a fazer perguntas sobre o curso, mas notei um flerte maroto. Quando sua funcionária se afastou um pouco, ela me perguntou como se tivéssemos grande intimidade:
-E aí, já arrumou uma namorada na universidade?
Respondi que não e Tamara fuzilou com uma pergunta mais indiscreta ainda:
-Continua envolvido com a Vanessa?
Sem graça e sem saber o porquê daquilo respondi sem negar nem o caso nem o rompimento:
-Não, não estamos mais juntos. -disse já querendo me virar para sair.
-Ah! É uma pena. Ela é uma mulher muito bonita, parece aquelas mulatas do Sargentelli que aparecem na TV de vez em quando.
(Para quem não sabe, As Mulatas do Sargentelli era uma espécie de grupo que fazia apresentações pelo Brasil, mas especialmente no Rio e apareciam muito na TV, nos anos 70 e 80. Eram mulheres maravilhosas e algumas ficaram bem famosas).
Tratei de encerrar o assunto e perguntei quando ficava tudo. Na hora de nos despedirmos, Tamara deu um tchau com um sorriso e um olhar bem sedutores.
Alguns dias depois, Tamara foi ao mercado, fez uma compra grande e depois me perguntou:
-Ricardo, você mesmo pode entregar? De preferência por volta das 4? – O olhar dela era sério e vinha acompanhado de um quase sorriso.
Como era dona de seu estabelecimento, Tamara podia sair e deixar que as funcionárias tomassem conta. Desconfiei totalmente das intenções dela — primeiro, porque ela só comprava algumas coisas no nosso mercado, preferia fazer as compras do mês num enorme hipermercado no bairro vizinho, onde tinha mais variedade e preços melhores; segundo, porque eu tinha que ir entregar, e não o nosso motorista? Terceiro, ela estava de carro! Estava claro o que ela queria, mas eu não estava nem aí com o fato dela ser casada — tinha um casal de filhos, uma menina de 8 e um menino de 6 —, e os boatos diziam que ela metia galha no marido e ele nela. Se fosse mesmo o que eu estava pensando, passaria a rola naquela gostosa.
Começaria aí um caso perigoso, mas muito gostoso