Lembro de ouvir os passos de Marcel correndo atrás de mim na saída da escola. Eu ia apressado, pois não queria que ninguém me visse chorando, mas quando ele me alcançou, já não conseguia mais me conter.
- Porra, cara, não fica assim... - tentou falar, todo sem jeito. Eu tentava fazer o choro parar e aí que as lágrimas vinham com mais força.
- Me deixa! - exclamei, sabendo que estava sendo ingrato, pois Marcel era o único garoto da turma a ficar de fora das "brincadeiras" que faziam comigo.
- Olha, Gian, vocês precisa se impor, senão a zoeira em cima de você nunca vai parar...
Para ele, um rapaz parrudo que todos temiam, era fácil falar. Com meu corpo franzino e meus bracinhos finos, não tinha muito como "me impor". O jeito era ignorar, fingir de superior enquanto me chamavam de "Giana" e diziam que eu tinha bunda de menina na frente da sala toda... As palhaçadas não eram o pior, mesmo quando até a professora ria, o que realmente me aterrorizava eram os garotos que passavam da palavra à ação: os tapas na bunda no corredor, as encoxadas à força no banheiro... eu não conseguia, nem me atrevia a lutar, então eles se gabavam, uns para os outros, que eu deixava... contavam vantagem, inventavam histórias. Até as garotas cochichavam sobre mim e riam me olhando... "O Lucas falou que foi até o fim com você...", me confidenciou a Aninha, uma colega pela qual fui apaixonado desde a 4ª série... Eu negava, eles afirmavam... uma palavra contra a outra, a fofoca sempre prevalecia.
Não consegui mais me segurar. Mesmo na rua, na presença do Marcel, desabei... toda a humilhação acumulada explodiu no meu peito. Ele me segurou, senão eu cairia. Me abraçou, sem jeito, com seus modos rudes. Era um abraço tão bom... me transmitia tanta segurança, conforto... Àquela altura, Marcel era a única pessoa com quem eu poderia contar. Minha mãe biológica morava em outro estado. Meu pai havia sumido no mundo há muitos anos e, para minha vó, seria inconcebível falar sobre esse tipo de assunto.
Alguns dias depois, havia aula de educação física, que era quando eu mais sofria. No meu corpo esguio, cintura fina contrastando com a bunda saliente, o short do uniforme ficava ridiculamente pequeno. Parecia que eu usava o uniforme feminino. Os garotos iam à loucura, sempre rolava algum tipo de sacanagem - e estavam ficando cada vez mais pesadas. Dessa vez, porém, Marcel me defendeu, evitou que se concretizasse, qualquer que fosse, o plano dos meninos. Claro que precisou ouvir sua dose de zoeira:
"Defendendo a namoradinha, Marcel??"
"Quer só pra você?"
"Quando é o casamento?"
Mas eles não pegavam pesado com Marcel, tinham medo. Comigo a coisa era diferente. Me sentia humilhado, ao mesmo tempo aliviado, pois não sabia até onde eles iriam. Depois da aula, no caminho de volta, agradeci a ele pela ajuda.
- Eu não me importo com o que os moleques falam, mas não vou conseguir te proteger pra sempre. Eu já disse, você precisa se impor!
- Como eu vou fazer isso? Eles são mais fortes, se eu enfrentá-los, vão me bater!
- Você precisa aprender a se defender... pelo menos o básico... se eles perceberem que você não aceita tudo calado, vão recuar!
- Mas eu não sei nada... você poderia me ensinar alguma coisa?
Marcel já tinha feito caratê, judô, taekondo e não sei mais o quê. Já tinha brigado na escola, no futebol de várzea e até em bares. Ele pensou um pouco e disse que poderia tentar... combinamos de treinar nos dias de educação física, após a aula.
Juro que tinha esperança de aprender. Prestava atenção em todos os movimentos, depois tentava reproduzir. Mas pela cara de desaprovação de Marcel, eu não era um bom aluno. Começamos do básico: como dar um soco, como dar um chute. Minha mão e meu pé doíam, mesmo que o golpe sequer movesse o saco de areia. Meu professor insistia, dizia que eu deveria me fortalecer, continuar treinando. Duas vezes por semana, eu ia pra sua casa, onde ele tinha uma espécie de academia particular. Lá pela terceira ou quarta aula, embora meu progresso fosse quase nulo, Marcel resolveu me ensinar alguns movimentos de autodefesa: como me livrar de alguém que segurasse meus braços, de alguém que quisesse me dar um soco, de uma rasteira... por fim, como escapar de uma "gravata"... de alguém que me agarrasse por trás.
Meu amigo se posicionou atrás de mim, envolvendo meu pescoço com seu braço. Senti o peitoral forte nas minhas costas e um estranho arrepio percorreu meu pescoço. Estava quente, estávamos suados, eu vestia o uniforme de educação física com o shortinho curto. Tentei escapar como ele havia me orientado, mas minha cabeça estava confusa, meu corpo estava estranho... me debatendo, o senti colado a mim... um volume duro na minha bunda... fiquei assustado, embora, já tivesse sentido isso outras vezes... mas agora era diferente... eu me movia pra sair e aquilo aumentava a pressão... eu não queria e, ao mesmo tempo... não sentia o nojo que senti quando outros moleques me agarraram à força... ele me apertava cada vez mais e me senti sem forças para reagir... seu pau roçava entre minhas nádegas, através das finas camadas de tecido.
De repente, ele me soltou. Fiquei envergonhado, sem coragem de encará-lo.
- Me... desculpa, Gian... eu... eu não sei o que aconteceu...
- Tá tudo bem - respondi, ainda sem olhar pra ele. Não queria deixá-lo constrangido. - Foi culpa minha! Acho que eu não deveria ter vindo...
Saí correndo, deixei minhas coisas. Em casa, ainda sentia o cheiro forte de homem no meu corpo. A mistura de emoções fazia meu coração bater... estava envergonhado e triste. Sentia que havia estragado minha única amizade, a única coisa boa que eu tinha na vida naquela época. Marcel me enviou várias mensagens (era a época em que se usava o SMS) pedindo desculpas, esclarecendo que não teve intenções "erradas" e que não entendia porque "aquilo" tinha acontecido. Me senti culpado por ter provocado tanta confusão na cabeça do meu amigo e disse que me afastaria dele.
Nos dias seguintes, passei a evitá-lo. Aliás, estava com um zumbi, sem interagir com ninguém. Passei uma semana assim até que, saindo da maldita educação física, percebi um vulto no caminho. Pensei que poderia ser algum moleque me esperando para aprontar e atravessei a rua, apertando o passo. Nisso, ouvi a voz de Marcel:
- Espera!
Era a primeira vez que a gente conversava desde o "incidente". Ele disse que estava muito envergonhado e que entendia o fato de eu querer distância dele... cada vez que ele se desculpava, eu me senti mais culpado, afinal, o coitado estava apenas me ajudando e não conseguia controlar as reações do seu corpo... Ele não tinha sido o primeiro, isso era evidentemente culpa minha! Eu causava isso nos garotos e, dessa forma, tinha afastado meu único amigo... Tentei dizer tudo isso a ele, mas não conseguia transformar o sentimento em palavras. Por fim, acabei falando que não me importava com o que havia acontecido e que queria continuar sendo seu amigo. Sua expressão mudou ao ouvir isso, pareceu aliviado. Disse que, se eu quisesse, poderíamos continuar com o treinamento. Aceitei imediatamente e fomos para a "academia" dele.
Realmente, era como se nada tivesse acontecido, me sentia feliz de ter meu amigo de volta. Marcel voltou a me mostrar golpes e táticas para se esquivar deles. Contudo, logo que tivemos o primeiro contato, apareceu o indisfarçável volume no seu calção. Desviei os olhos, fingindo não ter visto nada, mas ele, envergonhado, começou a se recriminar. Senti que tudo ia descambar novamente e o interrompi:
- Tá tudo bem, Marcel. Eu não me incomodo com isso.
- Não???
- Eu sei que tem certas coisas que você não controla... não se preocupa com isso... vamos continuar, tá bom?
Ele não respondeu, mas, ainda sem jeito, foi retomando as instruções. Começamos uma espécie de luta simulada, em que ele tentava me segurar e eu tentava me esquivar e não demorou para que ele conseguisse. Na proximidade daquela lutinha, foi impossível ignorar aquele volume roçando em mim... no esfrega-esfrega, senti que meu amigo perdia o controle e buscava o contato, até que me subjugou completamente. Caímos juntos no chão, ele em cima de mim, o pau duro forçando o tecido do short entre minhas nádegas.
- Eu não aguento... to com muito tesão, você tá muito gostosa... - dizia ele no meu ouvido, resfolegando.
- Marcel, eu não sou mulher! - respondi, mas sem lutar.
- Ah, você poderia ser a Giana pra mim... só hoje, ninguém vai saber, eu juro!
- Eu não sou viado, pára! - pedi, sem muita convicção.
- Vai ser só uma brincadeira nossa... eu paro quando você quiser...
Ele continuou falando esse tipo de coisa e eu fui cedendo, sempre afirmando que não gostava daquilo. Marcel tirou meu short e eu fiquei imóvel, bundinha pra cima, rosto escondido nas mãos. Senti que ele lubrificava meu rego com saliva, começando a explorar meu cuzinho virgem. Não consegui conter um gemido, quando seu dedo me penetrou. Depois senti seu pau melado, escorregando na minha bunda, forçando aos poucos. Ele puxou eu quadril gentilmente e, instintivamente, empinei a bunda para facilitar a penetração. Doeu quando ele forçou, mesmo assim, senti me invadindo, centímetro por centímetro. Gemi de dor, parecendo com as mulheres dos filmes pornôs que assistia de madrugada na TV. Ao senti-lo dentro de mi, minha masculinidade me abandonou, me senti entregue, mulher, fêmea. Pensava "tem um macho me comendo!". Me senti uma puta.
Ele foi gentil, não me machucou. Conforme fui acostumando, ele acelerava os movimentos e toda aquela sensação de me entregar, ser uma fêmea fodida por um macho, foi crescendo, me fazendo cooperar... queria senti-lo gozando dentro de mim, queria satisfazê-lo... então foi prazeroso quando finalmente ele explodiu lá dentro, jorrando no meu cuzinho, beijando meu pescoço, me chamando de gostosa.
Ficamos um pouco ainda deitado, ele saindo de dentro de mim devagar. Vesti o short sentindo a bunda melada, porra escorrendo entre minha pernas. Não falamos nada, eu corri pra casa, numa confusão enorme de emoções. Sabia que tudo na minha vida tinha mudado.
Que conto gostoso de ler, deve ser como a autora rs