Os seus olhos castanhos sempre se destacavam no rosto, e havia um detalhe que não mencionei no primeiro conto: Charlene era alta, mais alta do que eu. Eu tenho 1,75 m, e ela, no mínimo, 1,83 m. Eu nunca gostei de mulheres muito altas, mas Charlene me fez mudar de opinião. Aquelas pernas enormes passaram a me excitar. A imagem de Charlene de quatro perturba a minha mente até hoje: as solas dos seus pés avermelhadas, as nádegas avermelhadas dos tapas que eu dava com raiva, a expressão de dor e prazer em seu rosto. Ela só faltava chorar, mas ainda chegaremos lá.
Conhecida por seu grande afeto pelos alunos, Charlene estava sempre rodeada por diversos deles, sempre com um largo sorriso no rosto. Sempre que passava por ela, eu tentava não encará-la, mas sentia seus olhos me seguindo. Na minha opinião, o problema de estrabismo dela só a deixava ainda mais charmosa, me excitava. O estilo dona de casa que ela tinha me deixava de pau duro. Mas a verdade é que eu ainda não a conhecia de verdade. Eu sempre fui muito metódico e analítico, e conhecer Charlene a fundo se tornou uma das minhas obsessões. Eu estava fascinado por ela, por sua inteligência, por como ela me influenciava a ler e a escrever melhor. Se não fosse por Charlene, este texto não existiria.
Não demorou para que nossos encontros na biblioteca se tornassem constantes, mas sem nada do que vocês estão pensando. Depois do beijo, ela sempre mantinha uma distância, e seus conselhos e assuntos eram direcionados a uma única coisa: a escrita. Depois de algumas semanas levando nosso "Clube do Livro particular", Charlene me fez um pedido:
— Eu quero que você escreva um texto. Tema livre. Gostaria de ver o quanto a sua narrativa melhorou.
Suas mãos avermelhadas sobrepuseram as minhas enquanto ela falava. Elas estavam quentes, suadas, e deixaram minha rola enrijecida. Charlene esperava que eu entregasse um bom material, e eu não queria decepcioná-la de maneira nenhuma.
Essa foi a primeira vez que eu escrevi um texto com tema erótico, e é claro que eu queria provocá-la. Queria entrar em sua mente e mostrar a ela o quanto eu podia ser persuasivo através de uma história. Eu queria que ela sentisse prazer apenas lendo cada palavra que eu escrevi, que sentisse o mesmo fogo que eu sentia ao pensar nela, ao imaginar como deveria ser seu gemido, se sua buceta era apertada, se os lábios ficavam melados após receber uma rola.
Demorei alguns dias pensando no que eu podia escrever. Não queria nada exagerado, nada forte, apenas algo que trouxesse alguma espécie de surpresa, algo que Charlene não esperasse que eu pudesse fazer. A originalidade é importante em tudo que uma pessoa faz; a autenticidade é o modo que temos de deixar nossa marca no mundo.
"Os Segredos de Júlia" — esse seria o título do meu texto. Escrevi pensando na adolescência de Charlene, em como deveria ter sido a vida dela, sem ao menos ter conversado com ela. Era arriscado, uma história perigosa que continha uma linha tênue entre o romance e a indecência. Queria provocá-la a se abrir comigo, a analisar as partes mais luxuriosas do texto de forma técnica, conversar sobre cada parágrafo e dizer a ela o que eu realmente estava pensando quando escrevi aqueles atos libidinosos da menina Júlia com seus vizinhos, da forma que ela gostava de sexo oral, do modo que ela tinha que manter tudo em segredo e se fazer de boa moça para não sujar a imagem de sua família religiosa e humilde do interior.
Eu li e reli o texto algumas vezes antes de enviar para Charlene. Sabia que ali eu poderia ultrapassar um limite ético e que ela talvez não quisesse mais continuar com o nosso projeto de escrita. Fiz algumas revisões, tirando partes que eu pensei terem ficado pesadas, e enviei o e-mail.
Não demorou para que Charlene respondesse:
"Eu sei que esse não é o texto original, Iago. Me mande o original. Gostei da essência."
Acendi um cigarro para pensar. Eu não podia mandar o original, as palavras sujas, as putarias que eu tinha imaginado Charlene fazendo, os atos em que eu a coloquei, as palavras que me referi a ela e o modo sujo em que eu pensava dela. Era algo que eu tinha que guardar só para mim.
"Professora, não sei se é certo mandar o texto original. É uma literatura marginal, não é ideal para uma dama como a senhora."
"Iago, quem tem que avaliar o texto sou eu, não você. Isso não vale nota; é apenas um projeto em que estamos trabalhando, ok?"
Enviei o texto, um texto que mostrava o quanto a minha mente era depravada, que expunha todas as minhas intenções com ela, o quanto eu queria lamber aquela buceta, beijar sua boca inúmeras vezes. Eu não a via apenas como uma mulher para realizar as minhas vontades, muito pelo contrário: eu queria ser o homem a realizar todos os desejos dela.
"Precisamos conversar pessoalmente sobre esse texto, Iago. Quero te encontrar amanhã na biblioteca após as aulas."
Cheguei mais cedo, sentei na mesa do fundo, tentando parecer calmo, mas a ansiedade me devorava por dentro.
Charlene entrou alguns minutos depois. Discreta como sempre, com roupas que não chamavam atenção — saia abaixo do joelho, blusa fechada, cabelo preso. Trazia uma pasta marrom debaixo do braço, como se fosse apenas mais uma professora organizando papéis.
Sem dizer nada de imediato, colocou a pasta sobre a mesa, tirou algumas folhas de dentro e as ajeitou à minha frente. Depois, olhou para mim com aquele sorriso leve, mas os olhos denunciando algo mais profundo.
— Eu quero trabalhar com você nessa história. — disse, passando a ponta dos dedos sobre o título escrito na primeira folha: “Os Segredos de Júlia.”
Senti um arrepio percorrer minha espinha. O simples ato de ela pronunciar o título já deixava claro: ela tinha lido cada palavra, cada cena libidinosa, e não havia se afastado. Pelo contrário, estava ali, diante de mim, querendo mergulhar ainda mais.
— Professora… — tentei falar, mas minha voz falhou.
Ela inclinou-se para frente, apoiando os cotovelos na mesa. A proximidade deixou evidente o perfume adocicado da pele dela, e eu não consegui evitar que meus olhos descessem para o decote quase inexistente, escondido pela blusa simples. Eu a desejava, ela sabia disso, não sabia o que ela pensava em relação a mim, mas ela continuava me procurando, continuava me incentivando.
— Iago… você tem uma imaginação perigosa. — disse em tom baixo, quase sussurrando, como se confessasse um segredo. — Mas é exatamente isso que me fascina. Você ousou escrever o que muitos pensam e não têm coragem de dizer.
Seu dedo indicador deslizou devagar pela folha, contornando o nome de Júlia. Eu engoli seco, sentindo meu pau endurecer sob a calça só com aquele gesto inocente que, para mim, era pura provocação.
— Eu quero que a gente analise cada detalhe dessa Júlia. — continuou. — Cada desejo dela, cada cena. Quero entender o que passa pela sua cabeça quando escreve coisas assim. Se você permitir desejo fazer adições a sua história também, você me deu algumas ideias.
Ela se encostou na cadeira, cruzando as pernas devagar. O som do tecido da saia se ajustando ecoou nos meus ouvidos como um convite silencioso.
— Mas professora… — arrisquei. — Essa história não é só sobre Júlia.
Charlene arqueou uma sobrancelha, fitando-me fixamente, como se pedisse que eu continuasse.
— É sobre a senhora também. — falei, firme, mesmo com o coração disparado, estava nervoso, sou péssimo com as mulheres. — Cada cena que escrevi… foi pensando na senhora.
Charlene me olhou fixamente sem mudar a expressão do seu rosto.
- Iago eu gozei lendo essa história. Você conseguiu o que queria?
Muito bom… esquentando aos poucos como o bom sexo.