Mas foi só quando soube do casamento que tentou se afastar de verdade. Tentou.
Débora tinha entrado na vida de Juliano uns sete anos antes. A família se encantou rápido, e não era à toa. Gentil, atenciosa, fazia um bolinho de queijo que derrubava qualquer coração duro.
As noites de vinho e pizza só pioravam. Um abraço mais longo, a mão no ombro, o toque no braço. Num piscar, já estava envolvido demais. Nunca esqueceu o dia em que rodou a cidade inteira atrás de um vinho que ela gostava.
Era inegável que os dois se davam bem. Só que Débora não tinha ideia do poder que exercia sobre ele. Ou fingia muito bem.
Mas, da última vez, algo diferente aconteceu. Na despedida, Tufão segurou o abraço. As unhas dela rasparam a nuca dele. Os lábios chegaram a se tocar.
Mas Juliano já vinha pelo corredor. Caralho…
Ela recuou na hora. Por sorte, ele não percebeu.
Como prometido, Tufão apareceu no casamento. Ficou lá no canto, vendo Débora entrar na igreja. Na festa, a velha cachaça ajudou a empurrar tudo goela abaixo.
Quando voltaram da lua de mel, Juliano chamou a turma para apresentar a casa nova. Tufão ainda estava na cidade, então acabou indo. Assim que entrou, o barulho tomou conta. Crianças correndo, música alta e os salgados da tia Valdete dominando tudo.
Tentou jogar truco, mas logo perdeu o foco. Levantou, e foi tomar um ar no quintal. Jogou umas coxinhas escondido para o Brutus. O cachorro comeu devagar, como se apreciasse cada pedaço. Depois, se perdeu olhando o céu, meio distante.
— Apaixonado pelas estrelas?
Virou. Débora estava encostada na porta de vidro, pés descalços, cabelo preso, blusinha rosa de alcinha e o shortinho branco. Aquele shortinho era covardia.
— E tem como não ficar? — respondeu. — Tomara que amanhã esteja assim. Noite boa pra dirigir.
Ela se aproximou devagar.
— Fiquei feliz que você veio. Pena que já vai embora.
Passou o olhar rápido pela janela da cozinha. O barulho seguia lá dentro. Ninguém dando falta de nada.
— Eu não perderia por nada. Você sabe.
O sorriso leve dela apareceu.
— Tufão… você não faz ideia do quanto gosto de você — murmurou.
O abraço veio simples. A pressão dos peitos dela acendia tudo que ele passava meses tentando segurar.
Segurou a cintura dela com firmeza. Aviso mudo. Não provoca.
Ela não recuou. Ficou ali, respirando perto.
Tufão inclinou o rosto. A barba roçou a pele dela e o som que ouviu varreu o resto de lucidez.
O beijo estourou.
Puxou-a para o canto mais escuro e a prendeu na parede. Beijou como quem não sabe esperar. A mão deslizou pelo short, encontrou o ponto sensível entre as pernas. Débora gemeu, colada nele.
Os dedos dela encostaram no volume.
Ele abriu a calça. Deixou escapar.
Ela o envolveu.
— Nossa… — sussurrou — Que pau gostoso…
Ele sorriu.
Ela o masturbou com força, entregue. Aumentando o ritmo a cada segundo.
O latido do Brutus cortou tudo. Alto. Quase um aviso.
Débora se afastou na hora e sumiu para dentro da casa.
Tufão ficou parado, respiração falha, corpo quente demais.
Juraria que o cachorro sorriu.
— Porra, Brutus…
Mais tarde, no quarto, não conseguiu dormir. Ficou olhando o teto, aceso, corroído.
O cheiro dela ainda grudado na pele.
Se o Brutus latiu daquele jeito, talvez tivesse alguém ali.
Virava na cama, inquieto.
E se alguém viu?
Quando finalmente cochilava, acordava a mão dela na nuca, o beijo, o som que escapou quando ele tocou nela.
Ficou assim até a luz da manhã.
Tomava café quando uma moto parou na frente. Olhou pela janela. A caneca quase caiu.
Juliano.
O coração disparou.
Fodeu. Ele sabe.
— Milagre. Acordou cedo — ele disse.
— Pois é… Preciso resolver umas coisas antes de ir.
Como de costume, Juliano estava trazendo a rapadura da Quinta onde trabalha. Na hora, Tufão nem lembrou disso. Conversaram sobre a lua de mel e as trapalhadas de quando eram garotos.
Até que o nome dela apareceu.
— A Débora acordou estranha. Meio indisposta. Nem foi trabalhar.
A frase pesou como pedra.
Débora não faltava ao salão. Nunca.
Juliano ajeitou o capacete.
— Ela mandou falar que vai ficar brava se você não passar lá pra se despedir.
O alívio veio rápido demais.
— Eu passo.
Só quando a moto sumiu na esquina, Tufão soltou o ar preso.
No começo da tarde, foi até a casa deles.
Débora abriu o portão antes do segundo toque.
— Ah, se você não aparecesse… — disse, puxando-o para um abraço forte.
Blusinha branca de alcinha. Sem sutiã. Short curtinho, folgado. Crueldade pura.
O portão fechou e o beijo veio na hora. Nada de despedida. Era fome.
As roupas caíram pelo caminho.
Tufão a ergueu pelas coxas, prensou-a na parede da sala, abriu a calça e entrou. Débora mordeu o ombro dele, as unhas afundaram no braço.
Lá fora, o Brutus latia, arranhando a porta. E Tufão gostou daquilo.
Levou-a para a mesa. Depois para o quarto do casal.
A cama deles.
Débora abriu as pernas sem hesitar.
Segurando o pé esquerdo dela, o levou aos lábios. Chupou devagar. Desceu a boca e tomou o sexo dela. Ela se contorceu, puxando os lençóis, gemendo baixo.
A colocou de quatro. Entrou de novo. Mais forte. Ela pedia mais, empinando, entregando tudo.
Firmou a cintura e acelerou. O dedo roçou o anel, deslizando nas preguinhas. Ela deixou. Gemeu. Cuspiu e enfiou no cu dela sem rodeios. Apertado. Abri o caminho devagar até ele engolir tudo. Meteu forte. O gemido rouco tomou o quarto.
Caíram exaustos.
A mão dela percorreu os pelos do peito dele.
— Não dormi nada pensando no que aconteceu — disse.
— Também não. Seu marido apareceu cedo lá em casa. Imagina… Achei que tinha dado merda. Ninguém pode nem sonhar.
Ela riu.
— Alguém sempre sonha.
Ele ergueu o olhar.
— Ah é?
— Ah… já me perguntaram se eu já tinha ficado com você.
— Suelen… vive me amolando.
Débora sorriu, cobrindo a boca com a mão.
— Ela faz o mesmo comigo.
O silêncio se implantou por um instante.
Ela subiu no corpo dele.
Caralho… lindo demais.
— Não sei o que é isso… o que a gente tem — disse, com os dedos subindo pelo peito — mas eu gosto. E faz tempo.
Tufão quis soltar um “Eu te amo”, mas travou.
Ela inclinou o corpo, beijou. Segurando o pau dele, encaixou e começou a cavalgar. Devagar. Olhando direto nos olhos dele.
Gozaram juntos. De novo.
Duas horas depois, já estava sozinho na estrada. As marcas de unhas ainda ardiam na pele. Cada quilômetro parecia mais longo que o outro.
Havia uma euforia adolescente, afinal tinha trepado com a mulher que desejava há anos, mas um certo vazio começou a encher o peito.
Nos dias seguintes, tentou seguir a vida. A angústia só crescia. E, pra completar, Débora sumiu. Nem aquela provocação quando o time dela ganhava.
O Telemóvel ficou vazio. Hora após hora. Dia após dia.
Um silêncio torturante.
Quando a mensagem finalmente chegou, o peito dele fechou. Já sabia.
Releu várias vezes.
As palavras entravam como lâmina.
— Merda…