Eu já vinha desconfiando do meu namorado havia um tempo. Não foi algo repentino, foi um incômodo constante — pequeno no começo, mas insistente. Ele escondia o celular, respondia mensagens com pressa demais, mudava o tom quando eu me aproximava. Sempre que eu tocava em assuntos ligados a sexo fora da relação, abertura ou curiosidade, ele cortava seco, dizia que não gostava desse tipo de coisa, que aquilo não fazia parte dele. Mesmo assim, algo não fechava. Em maio, a desconfiança virou impulso — e eu resolvi olhar.
Peguei o celular dele e comecei a vasculhar o WhatsApp.
Encontrei uma conversa com um tal de Leo. Meu namorado tinha reagido aos status dele com um simples:
— Gostoso.
O Leo respondeu com um vídeo mostrando o pau, e meu namorado devolveu:
— Que dia eu vou pular nessa maravilha?
Logo depois, ele mandou uma foto de visualização única. O Leo respondeu:
— Tá bem putinha, hein.
Meu namorado disse:
— Quero seu pauzão.
O Leo respondeu:
— Terá.
E continuou:
— Pode ser hoje à noite, meia-noite? Tanto tempo sem sentir seu pauzão me arrombando.
Meu namorado trabalha até por volta de 22h30 ou 23h. Ou seja, ele ia chegar em casa, trocar de roupa e sair direto pra dar o cuzinho dele. Tudo combinado, tudo claro.
Continuei olhando.
Achei outra conversa, agora com um tal de Rafael. Meu namorado mandou uma figurinha de gato com olhar pidão. O Rafael respondeu:
— Oi.
Meu namorado puxou:
— E aí, príncipe?
Rafael respondeu:
— Diga, putinha.
Então meu namorado escreveu:
— Quero sentir você no meu cuzinho.
Rafael perguntou:
— Agora?
— Não, estou no trabalho — meu namorado respondeu.
Eles continuaram combinando. Meu namorado perguntou quanto tempo ele ficaria ocupado. Rafael disse que tinha aula na quinta, que sexta estava livre e sábado trabalhava. A resposta veio rápida:
— Então vamos nos encontrar na casa do nosso amigo.
Ou seja, ele ia dar pro Leo de quarta pra quinta, à meia-noite, e já tinha marcado de dar pro Rafael na sexta-feira. Uma agenda organizada, sem culpa, sem hesitação.
E não parava ali. Descobri também conversas com um tal de Gabriel e outro chamado Caio. Para o Caio, ele tinha escrito:
— Lindo, será sua rola dentro de mim, assim será a perfeição.
Isso depois de o Caio reagir a uma foto dele.
Eu fiquei ali, lendo tudo. Absorvendo cada detalhe. Cada palavra, cada intenção, cada prova. Sentindo a humilhação de cada mensagem, de cada foto, de cada convite. Era evidente que ele distribuía o corpo e o prazer dele para outros homens, enquanto eu permanecia ali, sabendo de tudo, parado, calado.
Era um misto confuso de raiva e tesão, de choque e excitação. Eu odiava a mentira, mas algo em mim reagia àquela situação. Eu tava gostando de algum jeito, mesmo me sentindo traído. O que mais me incomodava não era o sexo em si — era o fato de ele negar isso pra mim. Sempre que eu sugeria algo a três, ele me repreendia, dizia que não gostava, que aquilo não fazia parte dos valores dele.
E ali estava a verdade inteira, escancarada na tela.
Eu não conseguia parar de olhar. Nem de sentir. Nem de me perder naquele lugar estranho entre submissão, desejo, vergonha e confusão. Ele se entregava a outros enquanto eu assistia por dentro, corno, submisso, consciente — e ainda assim incapaz de fechar os olhos.
Eu continuei ali, lendo e relendo, voltando nas conversas como quem cutuca a própria ferida porque sabe que dói, mas não consegue parar. Cada nome diferente era uma confirmação de que aquilo não era acaso, nem deslize, nem curiosidade passageira. Era rotina. Era escolha. Era desejo organizado. Ele mentia pra mim com a mesma facilidade com que marcava horário pra se oferecer pros outros.
E o pior — ou talvez o mais revelador — era perceber que eu não me levantava, não gritava, não fechava o celular. Eu ficava. Eu absorvia. Eu deixava aquilo entrar. A traição não me expulsava dali; ela me prendia. Quanto mais eu lia, mais eu entendia meu lugar naquela história: eu não era o centro do desejo. Eu era o que sabia. O que via. O que engolia seco.
A tensão não vinha só da putaria dele com outros, mas do fato de eu continuar ali, consciente, excitado e humilhado ao mesmo tempo. Ele se dizia diferente pra mim, se fazia de moralista, me negava coisas que já estava vivendo escondido. E eu, sabendo de tudo, ainda desejava. Ainda sentia o corpo reagir à ideia de ele sendo usado, escolhido, marcado por outros — enquanto comigo mantinha a mentira.
Não era ingenuidade. Era lucidez. Eu sabia que estava sendo feito de corno, e mesmo assim permanecia. Não por amor cego, mas porque havia um tesão doentio naquela posição: o de saber, o de ver, o de continuar ali enquanto ele se espalhava por fora. Um corno consciente, tenso, acordado demais pra fingir que não sentia nada — e excitado demais pra ir embora.
Fechei o celular sabendo que nada ali era acidente. E, no fundo, sabendo também que depois daquela noite eu já não era mais só traído. Eu era cúmplice silencioso da putaria que me corroía e me excitava ao mesmo tempo.
Foto do cuzinho do meu namorado plugado e meu pau no final. ??

me procurem, estou em Porto Alegre