¨Conto escrito em Português. Com tradução para o brasileirês (se não existe, passa a existir), dentro de parênteses e após o asterístico.¨
Estava a ligar do aeroporto de Internacional do Rio de Janeiro ( Galeão ) e foi de ficar feliz ouvir a voz do meu amigo Armando Pinto:
- Está lá!!! (*Alô!!!)
- Estou sim!!! (*Alô!!!) Como estás amigo?
- Muito bem. Cheguei agora
Terminado a apitadela (*telefonema), pus-me a pensar. ¨Não, possivelmente, já estava há um bocadão!¨. Mas combinamos de Armando buscar-me. A viagem não havia sido nada agradável. O trajeto todo a estar rodeado por um bando de canalhas (*grupo de crianças).
Ao lado, um casal com um puto (*criança) de colo, a chorar constante, mesmo com biberon (*mamadeira) na boca. Teve momentos que quase pus me a gritar: ¨-Desamparam-me a loja!¨ (*deixe-me em paz!). Mas, bué (*muito) paciente, coloquei os auscultadores (*fones de ouvido) e tentei dormir.
E além disso, no avião tive o desprazer de encontrar um velho amigo marialva (*mulherengo), o Sugiro Nakama. O gajo (*cara), verdadeiro aldrabão (*cara de pau), me envergonhou, ao tentar seduzir a hospedeira de bordo (*aeromoça). E para piorar, ficaríamos hospedados na mesma quinta (*hotel).
Ao sair do saguão, escorreguei e caí com as nádegas sobre o betão armado (*concreto armado). Foi defronte à parada de autocarro (*ponto de ônibus). O tombo foi assistido por alguns almeidas (*garis) que limpavam a rua e até fregueses de uma tasca (*beteco). Um ardina (*jornaleiro) solícito, veio me socorrer. O começo das minhas aventuras em terras lusitanas, foi com as ancas (*bunda) doloridas (*por causa do tombo, bem explicado).
Era para o Armando Pinto esperar lá no Brasil primeiro. Todavia, ele desistiu com medo de tomar pica no cu (*injeção na bunda). Isto porque, ele pensou que necessário era se vacinar contra uma melga (*pernilongo) que transmitia dengue hemorrágica.
Só no quarto da quinta, notei que meu joelho estava a sangrar. Um pequeno corte. Como não tinha um penso rápido (*band-aid) à mão, o jeito foi improvisar com fita cola (*durex).
Antes de um duche (*banho), logo após dar de corpo (*cagar), tive problemas com o autoclismo (*descarga da privada) o que fez-me ligar para o pá (*cara) da recepção, que tomou providencias na casa de banho (*banheiro). Na noite seguinte, novo tormento com o autociclismo, forçando-me a dar um raspanete (*xingar). Paciência tem limites!
Mas devo voltar a narrar sobre o Armando. Dei-lhe de presente duas camisolas (*camisa de futebol), uma do Futebol Clube do Porto Do Sporting Club de Portugal. Eu tinha pretensão de assistir o clássico Fluminense x Flamengo, contudo, Armando me fez desistir. Disse-me que teria muitas bichas (*filas) irritantes no estádio.
Fomos então numa casa de pasto (*restaurante). Estávamos a saborear um licor de merda (*licor com leite, baunilha,etc) acompanhado de petisco punheta de bacalhau (*tira-gosto de bacalhau desfiado e temperos). Uma delícia experimentar a punheta em local público! E depois tomamos a deliciosa sopa de grelo (*sopa de verduras).
Armando meio triste, expressão de personagem de banda desenhada (*personagem de quadrinhos) veio ao pé de mim (*se aproximou) e enquanto acariciava a pera (*cavanhaque), passou a bichanar (*sussurrar):
- Ora, pois, somos amigos, não? Estou a desconfiar que Andreia, minha mulher anda a trair-me. Tem um parvalhão (*babaca) que vive a ligar para ela. Dizem que o gajo é um excelente trepador (*praticante de montain bike). Como tu sabes, a Andreia é fotógrafa e está sempre a viajar. Já faz um bocadão que não fodemos e sempre que eu tento, ela diz que está no período (*menstruada). Mas o raios, como ela pode estar com histórias (*ficar menstruada) se não está a usar o penso higiênico (*absorvente) ?
Fiz de conta estar a andar a apanhar papéis (*viajando na maionese), ajeitei o fato (*terno) que trazia vestido (*que vestia), e tentei animá-lo:
- Que estás a dizer, Armando? Como podes cortar na casaca (*falar mal de alguém) assim? A Andreia é um doce de pessoa! Tudo bem que ela é meio galinha (*mulher tagarela), mas é o jeito dela! Ela é muito porreira (*bacana)!
Enquanto defendia a esposa do Armando, meus pensamentos estavam a divagar naquela que podia ser mulher de amigo, mas ainda assim era mulher. E que mulher! Por demais gostosa! Uma fotografia dela em fato de banho (*maiô) enchia minha mente, com aquelas tetas (*seios) volumosas e lindos cabelos encaracolados... Eu meteria nela antes, durante e depois do período. E o meu interlocutor, com a mão no cacete (*pão frances), a insistir na teoria da traição. Para acalmá-lo sugeri:
- Por coincidência, está cá no Rio um amigo meu, o Sugiro Nakama, que em Portugal é detetive e sua especialidade são os casos conjugais. Se quiseres, ele pode vigiar esse parvalhão e depois relatar em detalhes.
E assim, depois de saborearmos nossos pregos (*sanduiche de filé) regado com imperial (*chopp), antes de enfrascar-se (*embebedar-se), sem esperar o prato principal que era a base de sapateira (*caranguejo), chamei o empregado de mesa (*garçom) e fechamos a conta.
Bem, o dia seguinte, comecei o dia tomando garoto (*café com leite) na chávena (*xícara). Ao mascar uma pastilha elástica (*chicletes), soltou uma obturação e por sorte, no mesmo sitio, rés do chão (*andar térreo), tinha um estomatologista (*dentista) que prontamente consertou o estrago.
Alegando urgência e por causa das propinas (*impostos) a pagar ao governo, o gajo cobrou mais caro que o normal pelo serviço.
Andreia nos acompanhou pelo passeio no Rio de Janeiro aconselhou a visitar os seguintes locais.
Os melhores lugares para você ver arte e cultura no Rio de Janeiro: Cristo Redentor e Escadaria Selarón.
Principais atrações no Rio de Janeiro para os amantes da natureza: Pão de Açúcar, Parque Nacional da Tijuca e Jardim Botânico.
Principais praias do Rio de Janeiro: Praia de Ipanema e Praia de Copacabana.
Os melhores pontos turísticos do Rio de Janeiro para os entusiastas de museus: Museu do Amanhã.
E várias vezes, a Brasileirinha se afastava de nós para atender o telemóvel (*celular).
Mesmo com Armando Pinto ao pé, só imaginar que aquela delicia da Andreia, estava a dar a rachinha para outro me excitava, deixando meu pénis ereto (*em ponto bala). O perfume dela me fazia ficar inebriado de desejo.
Homem nenhum ficava indiferente àquela Brasileirinha gostosa. O andar provocante requebrando as ancas fartas, tal qual Vénus no Olimpo a seduzir os deuses, fazia martelar na mente, poemas de Camões:
¨Os crespos fios d´ouro se esparziam
Pelo colo, que a neve escurecia;
Andando, as lácteas tetas lhe tremiam,
Com quem amor brincava, e não se via;
Da alva petrina flamas lhe saiam,
Onde o Menino as almas acendia;
Pelas lisas colunas lhe trepavam
Desejos, que como hera se enrolavam¨. (-Os Lusíadas, canto II).
Andreia queria aproveitar as rebaixas (*liquidações de fim de ano) e fomos às compras. A Brasileirinha apreciava as montras (*vitrines), tal qual um puto (*criança) ante um rebuçado (*pirulito doce), ou gelado (*sorvete). E o forreta (*mão-de-vaca) do Armando só a reclamar. Até para comprar um simples par de peúgas (*meias), meu amigo fica a pensar mais que um bocado.
Naquela noite, levei Armando à quinta (*quinta=hotel, era quarta-feira) e apresentei-o ao Sugiro Nakama. Ao ver a foto da Andreia, Sugiro fez cara de calhau (*burro), abobalhado pela sensualidade da portuguesinha. Aceitou investigar o caso.
Como no dia seguinte a Andreia viajaria a serviço para a Baia de Guanabara, Armando Pinto, louco para dar uma queca (*transar), me convidou:
- Tu queres comer uma ratinha (*xoxotinha) ensopada?
Fomos então conhecer a vida noturna do Rio. Para Andreia, iriamos no Famoso circo voador, na Lapa, ouvir bons samba . Mas na verdade, meu anfitrião me levou para um puteiro na zona das Docas. Antes tentamos umas pegas (*putas de rua), sem muito sucesso.
Ah, estava me esquecendo de comentar que o Armando é um verdadeiro azelha (*motorista barbeiro). Eu de boléia (*carona), fui com o pé no travão (*freio). Fico a pensar caso tivesse atropelado um peão invisual (*pedestre cego) ou algum saloio (*caipira). Foi de estar a brocha! (*estar aflito!). Sem contar o medo de sermos pego por algum bófia (*policial).
Tal como o maior poeta da língua portuguesa, libertino é meu modo de viver. Se lá chegarei não sei, mas milhares de ratinhas buscarei comer. E que a Andreia é melhor que Catarina de Ataíde, dúvida não há. Pela tal, um poeta se autoexilou e numa batalha, um olho perdeu. Mas pela Brasileirinha Andreia eu perderia dois, se não fosse, mulher de amigo meu...
Assim, no prostíbulo, escolhí a rapariga mais alta (oh, vício maldito!), de cabelos em caracóis e tetas volumosas. Bem vestida, parecia uma beta (*patricinha), prestes a se encontrar com seu beto (*mauricinho). Seu rosto lembrava uma famosa pivot (*ancora) de telejornal.
E que maravilha de ve-la seminua, com soutien, cuequinha (*calcinha) e cinta-liga encarnada (*vermelha), ornada com rendas e um tanto comportado para os olhos deste ¨homus japanisis brasiliensis erectus¨.
Tirei minha calcinha (*cueca) e coloquei um durex (*camisinha) na minha pila (*pinto). Ela tinha a cona rapada (*buceta depilada), o que aumentou a ponta (*tesão). E a crica (*buceta) era tão apertadinha, que me senti a tirar os três (*tirar o cabaço).
Mesmo profissional, seu jeito de colar o corpo, como uma sardamisca (*lagartixa), era assaz excitante. Nem um paneleiro (*boiola) desanimaria (*brocharia) com ela. E enquanto estava a meter, gemia e dizia-me palavrões com o delicioso sotaque, o que fez deixar-me vir (*gozar) gostoso.
Já que possível não foi comer a Andreia, contentei-me com uma réplica, a mais próxima da original. Tive de pagar um adicional de vinte euros, para ficar com a cuequinha de lembrança, onde vou fixar uma bandeirinha rubro-verde.
No sábado acabou minha estada na terra de Vera Cruz. Sugiro Nakama trouxe o relatório resultante das investigações. O rosto de Armando Pinto punha se a iluminar de felicidade a cada frase lida.
- Graças a Deus! Fiz mal em suspeitar da minha santa e amada mulher! A Andreia não tem nada com homem nenhum! Ela me é fiel! O tal parvalhão também estava em Baia de Guanabara, mas, com a respetiva esposa. Sou mesmo um tulho (*sujeito estúpido)!
E sorridente, deu-me o relatório chibo (*dedo duro). Estava escrito em BRASILEIRÊS:
¨A pedido Sr. Armando Pinto, segui o cidadão, cujo endereço indicado é o bairro chic de Líbon, mas, mora numa favela. Ele viajou de Bonde na Baia de Guanabara a . O mulherengo FDP diz que é salva-vidas de praia, mas, na verdade, trabalha de avental, já que ele é um açougueiro. Mente tanto que até na cabeça, para esconder os cabelos pixaim, usa peruca. Ele viajou com a sua mulher e hospedaram no Hotel da Gota Lacrimal. Lá no imenso jardim, perto da Fonte da Gota Lacrimal, o cidadão e sua mulher, envolvidos pelo clima romântico do local, tal qual D. Pedro IV com sua amante dona Domitila de Castro Canto, Marquesa de Santos, transaram de forma maravilhosa. O cidadão recebeu um boque-te da sua mulher. O cidadão lascou a piroca na xexeca da sua mulher. O cidadão também comeu o bumbum da sua mulher. NIHIL. Atenciosamente e de pau duro, Sugiro Nakama¨.
Nisso chega Andreia, toda troncha (*desarrumada). Armando Pinto, alegando cansaço e leseira (*preguiça), foi dormir. A Brasileirinha viu e pegou o relatório. Ela esperou o explicador (*professor particular) do filho ir embora e a sorrir, com ar angelical, me pediu para traduzir. E eu traduzi do português para o brasileirês:
¨A pedido Sr. Armando Pinto, segui o gajo, cujo endereço indicado é o bairro nobre de Líbon, todavia, reside num bairro de lata. Ele viajou de Bonde a Baia de Guanabara. O marialva cabrão diz que é banheiro, porém, na realidade, trabalha de bibe, visto que ele é um talhante. Mente tanto que até na cabeça, para ocultar os cabelos gadelha, usa capachinho. Ele viajou com a TUA mulher e hospedaram na Quinta das Lágrimas. Lá no imenso jardim, perto da Fonte das Lágrimas, o gajo e TUA mulher, envolvidos pelo clima romântico do sitio, tal qual D. Pedro I com sua amante dona Inês de Castro, dama de D. Constança, foderam de forma bestial. O gajo recebeu um broche da TUA mulher. O gajo meteu o caralho na cona da TUA mulher. O gajo também comeu o cú da TUA mulher. NIHIL. Atenciosa e cheio de ponta, Sugiro Nakama¨.