GAROTO, EU ODEIO AMAR VOCÊ ~ [39] ~ PONTO FINAL



Existe um antigo ditado que diz que a gente só dá valor quando perde. E sim, posso afirmar que esse ditado realmente existe e é verdadeiro. Eu talvez nunca tenha enxergado todo o potencial do Carlos, posso não ter percebido o quanto ele era bom para mim. Só consegui ver isso quando o perdi, quando percebi que ele não estaria mais ao meu lado, que não iria me procurar. E o pior: será que ele iria me perdoar algum dia?
Eu estava me sentindo a pior pessoa do mundo. Mas entendia que o culpado era eu, não era o Carlos, não era o Luke, não era ninguém mais. O único culpado era eu, porque foram minhas atitudes e escolhas que levaram tudo a acontecer.
Passei o resto do dia chorando, gritando sozinho sem ninguém para ouvir. Mas não havia nada a ser feito. O Carlos havia levado uma surra e eu me sentia culpado, e não podia fazer absolutamente nada. O Carlos me odiava agora, e essa realidade me esmagava por dentro.
Ali no meu quarto, com meus pensamentos correndo a mil por hora, caminhei até a janela. Eu morava no sétimo andar. Olhei para baixo e o vazio pareceu me chamar com uma voz sedutora e terrível. "Viver pra quê?", pensei. Foi a primeira vez que tive um pensamento de querer acabar com minha própria vida.
O mundo ao meu redor desapareceu. Só existia eu, a janela e o asfalto lá embaixo. Meu coração parecia ter sido substituído por uma pedra, pesada e fria. Cada batida doía. Cada respiração era um esforço. As lágrimas que escorriam pelo meu rosto não aliviavam em nada aquela dor que parecia corroer minha alma.
Eu simplesmente não tinha a menor vontade de viver. Estava com vergonha de mim mesmo, vergonha por ter permitido o Luke me usar, vergonha por não ter ido atrás do Carlos. Mas a verdade era o que eu disse no começo: a gente só dá valor quando perde.
Por um momento de fraqueza, por um momento de descuido, pensei: "Por que não? Seria essa a melhor solução?" Meus dedos apertavam o parapeito da janela com tanta força que ficaram brancos. Parte de mim queria dar aquele passo à frente, acabar com tudo, fazer a dor parar.
"Ou eu seria apenas mais um fraco que não teve peito para lutar contra seus problemas?" As palavras ecoavam na minha cabeça. "Seria essa a solução para eu acabar? E depois? O que aconteceria?"
Visualizei a cena: meus amigos chorando, minha família destruída. E com o passar do tempo, talvez eu não passasse de apenas uma boa lembrança que em alguns anos seria esquecida. Uma foto empoeirada em algum álbum. Um nome que raramente seria mencionado. Foi como um tapa na cara. Um despertar brutal.
Não. Eu não podia fazer isso. Não podia simplesmente desistir, então decidi que precisava ser forte, que precisava me desculpar com o Carlos de alguma forma, que precisava crescer e não permitir que o Luke me "controlasse". Felizmente consegui raciocinar e enxergar todos os cenários possíveis. Aquela solução que, na hora do impulso, parecia ser a coisa mais certa e simples a se fazer, simplesmente foi embora da minha mente.
Afastei-me da janela com passos trêmulos, mas determinados. Escolher viver não significava que estava tudo bem. Eu ainda estava no fundo do poço, ainda me sentia triste e a pior pessoa do mundo. Mas estava vivo, e enquanto houvesse vida, haveria chance de consertar as coisas.
Minha mãe chegou já tarde e estranhou me ver no quarto com tudo escuro, deitado na cama.
— Filho, está tudo bem? — perguntou ela, acendendo a luz do quarto.
— Estou com dor de cabeça — menti, sem olhar para ela.
— Você comeu alguma coisa? — sua voz estava carregada de preocupação.
— Sim — menti novamente, sem energia até para elaborar respostas.
Ela pareceu hesitar na porta, como se soubesse que havia algo muito errado, mas acabou respeitando meu espaço. Quando saiu, mergulhei novamente em meus pensamentos. Como seria no outro dia na escola? Como seria encontrar o Carlos? O Luke? O Theo? Eram tantas perguntas, tantos questionamentos que eu não tinha resposta, e sinceramente, nem vontade de pensar neles.
Eventualmente, sem nenhum contato com o mundo externo, acabei adormecendo, exausto de tanto chorar.
Na manhã seguinte, minha mãe notou que eu não estava bem.
— Lucas, o que está acontecendo? Você não é assim — insistiu ela durante o café da manhã que eu mal tocava.
— Briguei com o Carlos — respondi secamente. — Não quero falar sobre isso.
Ela não insistiu, mas seu olhar dizia que a conversa não estava encerrada. Quando me deixou na escola, assim que entrei, dei de cara com o tio Augusto, o pai do Carlos. Meus olhos se arregalaram. Ele olhou para mim e não disse nada, apenas virou a cara e foi embora. Provavelmente tinha ido deixar o Carlos ou algo do tipo. Meu coração deu um aperto doloroso.
Quando cheguei na sala, havia um grande burburinho entre os alunos sobre a "sex tape" vazada do Luke, mas não me importei. Procurei pelo Carlos e não o encontrei em lugar nenhum. Foi quando o Yan chegou:
— E aí, amigo, como você tá? — perguntou ele, me dando um abraço apertado, como se soubesse exatamente o quão quebrado eu estava por dentro.
— Sinceramente, não sei. Estou mal... nem te conto o que aconteceu — respondi, sentindo minha voz falhar.
— Preciso conversar com você a sós no intervalo — disse ele, com seriedade no olhar.
— Tudo bem.
A aula seguiu, mas eu não conseguia me concentrar. Cada minuto parecia uma hora. Quando finalmente tocou para o intervalo, eu e o Yan nos sentamos em um lugar mais afastado, e então desabafei com meu amigo. Contei tudo: sobre a briga com o Carlos, sobre o Luke, até sobre meu patético pensamento suicida. Ele ficou horrorizado, me deu um abraço forte e então soltou a bomba:
— Você sabe que o Isaac é muito amigo do Luke, assim como eu sou muito seu amigo, né? — começou ele, parecendo escolher as palavras com cuidado. — Então, eu estava com o Isaac e ouvi um áudio que o Luke tinha mandado pra ele... E bom, saiba que desde já eu jamais concordaria com tal coisa, mas tudo isso foi armação do Luke.
Meu sangue gelou.
— Como assim? — perguntei, sentindo um nó se formar na garganta.
— Desde o convite pra resenha na casa dele até o vazamento do vídeo. Ele sabia que isso ia te afetar. Ele tem raiva de você e da traição, e mandou um áudio meio que orgulhoso pro Isaac contando tudo desde o início. O Isaac não sabia de nada, ele até repreendeu o Luke, mas enfim, eles são amigos, e amigos passam pano...
Yan parecia genuinamente perturbado.
— Pensar que o Luke, nosso amigo, foi capaz de fazer isso com você me faz sentir sei lá... estranho. Que tipo de adultos vamos nos tornar? Será que é isso que pessoas adolescentes realmente fazem? Estamos fazendo certo?
Olhei para o céu por um momento, deixando aquela revelação se assentar em mim. Estranhamente, não senti raiva.
— Sinceramente, Yan, tô pouco me fudendo pro Luke, juro — respondi com uma calma que nem eu esperava ter. — Ele pode ter sua parcela de culpa, mas eu cedi, cara. Eu fiquei com ele, eu tive ciúmes. Se o Luke fez tudo isso, é porque ele me conhece e sabia que eu iria cair. Infelizmente, o efeito colateral disso tudo foi o Carlos.
Minha voz falhou ao mencionar o nome dele.
— Eu não paro de pensar nele, não paro de imaginar a dor que causei. Hoje cedo eu vi o pai dele aqui. Não sei o que ele veio fazer. Depois manda mensagem pro Carlos, pergunta se ele não vem hoje.
— Tudo bem, amigo — disse Yan, parecendo surpreso. — Estou até surpreso, achei que você iria surtar depois de tudo o que te falei.
— Não tem pra que surtar. Eu realmente me sinto culpado... O Luke pra mim morreu, não quero mais ser manipulado por ele. Estou muito mal, amigo.
E então ali comecei a chorar novamente. Todo o choro que estava preso dentro de mim extravasou. Mas pelo menos eu tinha meu amigo, meu melhor amigo comigo.
Durante o restante das aulas, tudo ocorreu sem maiores incidentes. Quando foi no final do dia, o Luke veio falar comigo:
— Lucas, tá tudo bem entre a gente? — perguntou ele, como se nada tivesse acontecido.
— Luke, some da minha frente, some da minha vida! — respondi, sentindo meu corpo tremer de raiva.
— Lucas, eu amo você, saiba disso. Quero que a gente volte — eu ri com aquela afirmação absurda.
— Luke, entre eu e você tudo terminou.
— Você nunca vai me esquecer, Lucas — disse ele, com um tom quase ameaçador.
— Vou sim, tenha certeza disso.
— O Carlos não te merece — provocou ele, tocando na ferida aberta.
— Não toca no nome do Carlos, se não eu quebro sua cara! — falei de forma agressiva, gritando com o Luke, atraindo olhares dos alunos que ainda estavam no corredor.
Sem esperar resposta, dei as costas e fui embora para minha casa. O caminho todo, pensei no Carlos. Em como reconquistaria sua confiança, se é que isso seria possível algum dia. Mas uma coisa eu tinha certeza: enquanto houvesse vida, haveria esperança. E eu estava disposto a lutar por ela.
Três dias haviam se passado e nada do Carlos. Ele não respondia mensagem de ninguém, havia saído de todos os grupos. Eu estava mal, estava destroçado por dentro, mas não demonstrava. Apenas vivia um dia após o outro, como se cada respiração fosse um esforço consciente. A Chanel tentava me animar contando piadas ou falando qualquer coisa para me distrair, mas era em vão. Nada conseguia preencher o vazio que sentia.
Quando estava saindo da escola, meu telefone tocou. Era o tio Augusto. Meu coração gelou, pensando já no pior. Atendi com a mão trêmula.
— Oi, Augusto — falei, tentando controlar minha voz.
— Oi, Lucas. Desculpa pela ligação de domingo e pelas coisas que eu te disse. Eu perdi a cabeça... — sua voz soava cansada, arrependida. — Bom, eu amo meu filho. Ele não tá bem, e estou muito arrependido de tudo o que eu fiz. Estou tentando consertar as coisas.
Houve uma pausa. Senti meu peito apertar.
— Não sei se isso vai consertar, mas queria que você fosse na minha casa, tentasse falar com o Carlos, conversar, sei lá... — continuou ele. — Eu estou perdido. Nunca vi meu filho assim e me culpo todos os dias pelo o que eu fiz. Não quero que ele me odeie, e eu acho que se vocês conversarem, mesmo que seja para pôr um ponto final, talvez isso ajude um pouco.
— O Carlos sabe que você tá ligando? — perguntei, sentindo uma pontada de esperança.
— Não...
— Acho que ele não quer me ver — confessei, mas rapidamente uma ideia surgiu. — Mas eu tenho um plano que pode funcionar. Posso levar o Thanos. O Carlos gosta dele, e isso pode me dar uma chance de a gente conversar.
— Você tem aula hoje à tarde?
— Tenho, mas posso faltar.
— Que horas te busco?
— Às 15:30.
— Fechado então.
E então desligou. Por um momento, tive uma pequena esperança. Seria algo arriscado, mas como o tio Augusto falou, talvez a gente precisasse de um ponto final, de uma conversa. Havia muito o que ser dito. Era arriscado e incerto, mas era a única chance que eu teria.
Fui para casa e quando deu a hora, o tio Augusto chegou pontualmente. Peguei o Thanos e entrei no carro. A gente se olhou e ficou um clima um pouco constrangedor. Ainda lembrava da ligação e das coisas que ele havia dito, mas não queria lavar roupa suja. Ele tinha razão, e percebi que ele queria fazer a coisa certa.
Fomos conversando pouco e finalmente chegamos ao prédio do Carlos. Meu coração agora apertava com força contra meu peito. Sentia um frio na barriga, e não sabia o que poderia acontecer. Entrei na casa, e Augusto ficou na sala enquanto eu fui para o quarto do Carlos. Quando cheguei, ele estava deitado na cama, abatido, olhando para o nada.
— Oi, Carlos — falei timidamente, parado na porta.
Seus olhos, antes sempre cheios de vida, agora estavam vazios quando se voltaram para mim.
— O que você tá fazendo aqui? Some da minha frente — sua voz saiu áspera, ferida.
— O Thanos queria te ver — falei, chamando o Thanos, que entrou correndo no quarto do Carlos e pulou em cima dele com o rabo abanando. Começou a lamber o rosto dele e a latir alegremente.
— Hey, campeão — falou Carlos, e abriu um pequeno sorriso para o cachorro. Um sorriso que não chegava aos olhos, mas que por um momento iluminou seu rosto. Por um segundo, parecia o Carlos de antes.
— Meu pai pode chegar a qualquer momento. Acho melhor você ir embora — disse ele, voltando a me olhar com frieza.
— Foi ele que me chamou.
— Meu pai? — perguntou Carlos, claramente surpreso.
— Sim.
Carlos ficou em silêncio por algum momento. Ficou abraçando o Thanos e brincando com ele, seus dedos afundando no pelo dourado do cachorro. Por fim, disse:
— Vou descer com o Thanos. Acho que ele precisa correr. Um Golden Retriever não pode ficar saindo de um apartamento e indo para outro sem se exercitar.
Então Carlos se levantou. A gente se olhou e, pela primeira vez, vi o Carlos completamente abatido, sem aquele brilho no olhar que sempre o caracterizou. Ali eu tive a certeza de que nada que eu pudesse falar iria resolver qualquer situação.
— Posso descer com você? — perguntei, com a voz quase falhando.
Carlos passou por mim segurando a coleira do Thanos e não disse nada. Segui ele mesmo assim. Tio Augusto olhou para a gente quando passamos pela sala e não disse nada, apenas assentiu levemente com a cabeça, como se entendesse a gravidade do momento.
Pegamos o elevador e descemos. O silêncio entre nós era ensurdecedor, quebrado apenas pelo ofegar alegre do Thanos. Chegamos numa área com grama no condomínio. Carlos jogava a bolinha, Thanos corria atrás, voltava, e ele falava algumas coisas carinhosas para o cachorro. Eu permanecia mudo, não sabia o que dizer, mas resolvi começar pelo óbvio:
— Desculpa, Carlos — falei olhando para ele, minha voz quase um sussurro.
Carlos parou de brincar com Thanos. Seus olhos se voltaram para mim, e neles vi algo que me atravessou como uma lâmina: dor pura e crua.
— Desculpa pelo quê? — começou ele, sua voz crescendo a cada palavra. — Pela traição? Por não gostar de mim? Por amar o Luke? Por transar com ele na sua cama eu tendo saído há horas? Por não ter ido atrás de mim? Por ser o motivo de que o meu pai quase me matou de uma surra?
Ele respirou fundo, seu corpo inteiro tremendo.
— Desculpas pelo quê, Lucas? Me diga aí! — ele falou com uma fúria contida que me fez recuar um passo.
— Desculpas por tudo isso — e então comecei a chorar, as lágrimas descendo sem controle pelo meu rosto.
— Desculpado, Lucas — respondeu ele, com um tom mais calmo, quase resignado. — Não precisa chorar. Pode voltar pro seu grande amor da vida... Eu já sabia, no fundo eu já sabia. Quando me envolvi com você, quando você foi capaz de trair o Luke comigo, você seria capaz de fazer o mesmo comigo.
Seus olhos brilhavam com lágrimas contidas.
— Mas saiba que eu não te odeio, Lucas. O culpado sou eu.
— Carlos, por favor, me perdoa. Eu tô muito mal, de verdade. Nunca fiquei assim em toda minha vida — falei soluçando, mal conseguindo respirar entre as palavras.
— Eu digo o mesmo, Lucas — respondeu ele, com a voz quebrando. — Eu nunca fiquei mal assim, nunca chorei tanto, nunca pensei que fosse te amar tanto.
Ele enxugou uma lágrima que escapou, e então seu olhar se perdeu na distância.
— Sabe, eu devia ter seguido minha vida normal, ter guardado minha paixão por você pra mim mesmo. A gente poderia ser amigo, e eu conviveria com isso, iria namorar alguma menina, casar, ter filhos, e... — ele riu sem humor — ...comer viado quando fosse possível, e ter uma vida normal.
Thanos veio até ele e empurrou sua mão com o focinho, como se sentisse a dor dele. Carlos acariciou a cabeça do cachorro distraidamente.
— Mas não, eu tive ciúmes daquele FDP do Luke. Tive ciúmes quando ele entrou naquela maldita sala e você se apaixonou. No fundo, tudo foi inveja. Ele conseguiu de você o que eu sempre quis, e eu armei, eu seduzi você, eu quis você de todas as maneiras, e eu tive...
Sua voz falhou por um momento. Ele respirou fundo antes de continuar:
— Por um momento achei que estaríamos vivendo nosso 'felizes para sempre', mas não. No fundo sempre foi o Luke. É impossível competir com ele, é impossível eu ser melhor que ele.
— Carlos... — tentei interrompê-lo, desesperado para dizer algo, qualquer coisa que pudesse consertar aquela situação.
— Não me interrompe! — ele elevou a voz, fazendo Thanos se sobressaltar. — Lucas, não adianta mentir. Eu pensei muito esses dias. Eu tô muito mal, mas sei que vou ficar bem e sei que talvez minha vida volte a andar nos trilhos.
Ele se aproximou de mim, e senti seu hálito quente em meu rosto quando disse:
— Mas você é um câncer. Você é o meu câncer. Eu te odeio, Lucas. Eu me odeio por me permitir que um dia eu estive apaixonado por você.
Cada palavra era como uma faca sendo cravada em meu peito.
— Então isso é um adeus. Você é livre para viver seu romance com o Luke. Você não precisa se desculpar, você não tem culpa de nada. O único culpado sou eu, que me permiti viver isso, que achei que você me amaria, que achei que seríamos os melhores amigos para sempre... Vai embora, Lucas.
Foi impossível não chorar. Como eu não pude perceber o Carlos? Como eu não me apaixonei por ele? Como fui tão cego? Como fui tão tolo? Mas não adiantava, não havia nada o que ser feito.
— Eu tô muito mal, Carlos. Não quero me afastar, não quero te ver na escola e ter essa sensação ruim — falei entre soluços.
— Não se preocupe, você não vai me ver. Meu pai me transferiu de escola — disse ele, com um sorriso amargo.
— O QUÊ? — exclamei, sentindo como se o chão tivesse sumido sob meus pés.
— Você acha que eu iria passar o resto do ano olhando pra você e pro Luke? Sinceramente, não tenho estômago.
— Você não pode sair. A gente estudou a vida toda no LEI, esse ano a gente se forma. Não faz isso, por favor — implorei, segurando seu braço.
Ele se desvencilhou do meu toque como se queimasse.
— Lucas, não existe "a gente". Eu não quero você na minha vida, entenda isso — disse ele, com a voz firme. — Enfim, não tenho mais nada o que dizer. Obrigado por ter vindo, eu realmente precisava colocar isso pra fora.
Então ele se ajoelhou diante de Thanos, que o observava com aqueles olhos grandes e expressivos. Carlos acariciou suas orelhas com uma delicadeza que contrastava com a dureza de suas palavras anteriores.
— Hey, campeão — disse ele, com a voz embargada. — Eu provavelmente não vou te ver mais, então se cuida, tá? Você é um bom garoto, o melhor.
Thanos lambeu o rosto de Carlos, como se entendesse que aquilo era uma despedida. Carlos o abraçou forte, afundando o rosto no pelo dourado do cachorro. Quando se afastou, seus olhos estavam marejados.
— Você foi meu melhor amigo nas horas difíceis. Amo muito você — ele sussurrou para Thanos, sua voz tremendo.
O cachorro latiu uma vez, como se respondesse, e abanou o rabo. Carlos sorriu tristemente e se levantou, enxugando os olhos com as costas da mão.
E enquanto ele se afastava, entregando-me a coleira de Thanos, eu desabei. Comecei a chorar, a chorar de gritar. O som que saía da minha garganta era como o de um animal ferido. Thanos latia, agitado, confuso com meu desespero. Pessoas que passavam pelo local me olhavam com preocupação, mas eu não conseguia parar.
Carlos não olhou para trás nem uma vez. Simplesmente caminhou até sumir de vista, levando consigo uma parte de mim que eu nunca mais recuperaria.
Fiquei ali, ajoelhado na grama, abraçado a Thanos, chorando até não ter mais lágrimas para chorar. Aquele seria o nosso fim? Seria o adeus definitivo?
Naquele momento, entendi com uma clareza dolorosa o que significava o ditado: "a gente só dá valor quando perde". Eu havia perdido o Carlos, talvez para sempre. Perdi sem nunca ter realmente tido, sem nunca ter valorizado o que ele significava, o que ele poderia ter sido na minha vida.
Enquanto acariciava Thanos, que agora estava quieto ao meu lado, como se compartilhasse minha dor, pensei em todas as vezes que Carlos esteve lá para mim. Todas as vezes que ele sorriu para mim. Todas as vezes que ele me olhou daquela maneira especial que eu nunca soube interpretar corretamente.
E agora era tarde demais. O vazio que sentia era um buraco negro que consumia tudo — minha alegria, minha esperança, minha vontade de seguir em frente. Não era apenas Carlos que eu havia perdido, mas também uma parte de mim mesmo. Uma parte que talvez jamais voltasse.
Eu havia destruído algo precioso antes mesmo de reconhecer seu valor. E essa seria a minha cruz para carregar. Esse seria o meu castigo: viver com a consciência do que poderia ter sido, mas nunca seria.
Infelizmente, a gente só dá valor quando perde. Essa é a verdade mais cruel e mais real que eu jamais aprendi.

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Comentários


foto perfil usuario renancachorro

renancachorro Comentou em 10/05/2025

Estão todos machucados nesse momento, melhor deixar o tempo suavizar os sentimentos. Mas eu ainda queria ver o Augusto se ferrando muito e tendo que seguir tudo o que Lucas quisesse.

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maduropauzudo Comentou em 10/05/2025

A pensar como vai ser esse novo ciclo. Óbvio que esses três ainda vão se entrelaçar, Lucas, Luke e Carlos estão de alguma forma destinados a conviverem e compartilharem suas escolhas, seus erros e acertos.

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fecaixeta Comentou em 10/05/2025

Fico pasmo como tem gente que defende o Lucas... A desculpa é que ele é adolescente? Os demás também são.. Agora o Luke pode ser traído com o Carloa, o pai do Carlos, o irmão do Luke e não pode querer uma vingança? Por favor... O único e exclusivo culpado é o Lucas e mais ninguém.

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daniel13 Comentou em 09/05/2025

Descordo de vocês, o Luke só fez o que Carlos fez Antes. A única pessoa culpada nessa essa história é o Lucas que traiu o Luke com o Carlos o tio Augusto e o próprio irmão e continuou traindo o Carlos com o irmão de Luke e o o Luke que conheceu a face dele e quis se aproveitar. Nenhum dos 3 são santos mais o pior foi o Lucas.

foto perfil usuario viadinho-recife-

viadinho-recife- Comentou em 09/05/2025

Faço das palavras de sigilofortaleza26 as .minhas o Luke é um ser cruel e desprezível que não merece um final feliz essa historia pode ser sobre amadurecimento mas que o Luke é o vilão isso é. O Lucas merece cada dor que ele vai sofrer. Quanto ao Carlos ele merece um final feliz independente de com quem quer que seja.

foto perfil usuario sigilofortaleza26

sigilofortaleza26 Comentou em 09/05/2025

Foi como imaginei! Esse Luke quem fez, um doente! Bem feito pro Lucas! E, cara, que Carlos é esse?! Se mostrando um máximo! Apaixonado pelo Carlos! Que tenha uma spin-off sobre o Carlos, dependendo de como vai acabar esse conto! rsrsrs Continuaaaaa.... vou morrer de ansiedade! rsrsrs




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Ficha do conto

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Nome do conto:
GAROTO, EU ODEIO AMAR VOCÊ ~ [39] ~ PONTO FINAL

Codigo do conto:
235247

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
09/05/2025

Quant.de Votos:
3

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