De volta ao meu quarto, me olhei no espelho com outros olhos. O reflexo mostrava a mesma mulher de antes: corpo cheio, curvas marcadas, olhos que já esconderam vergonha. Mas agora havia algo novo ali. Um brilho. Uma centelha de poder.
A mensagem da página chegou no fim da noite, como se soubesse que eu estava esperando:
“Você foi corajosa. Agora, Fernanda, é hora de olhar para si mesma. O sexto desafio é simples e, ao mesmo tempo, o mais profundo: seduza a si mesma. Quero que se olhe no espelho, como se fosse outro. Masturbe-se olhando nos seus próprios olhos. Sem fantasia, sem outra pessoa. Apenas você, o espelho e o seu prazer. Filme, se quiser. Esse é um ritual de posse: sua.”
Fiquei parada diante do celular, sem respirar. Dos cinco desafios, esse parecia o mais íntimo. E o mais difícil. Eu, que por anos evitei meu próprio reflexo, agora deveria me encarar com desejo?
Mas algo dentro de mim — aquela chama que crescia a cada desafio — respondeu antes da dúvida: Sim.
Apaguei as luzes do quarto, deixando apenas a luminária vermelha acesa. Vesti um robe de cetim vinho, que deslizou sobre minha pele como um toque lento. Deixei o espelho grande encostado na parede, posicionei uma almofada no chão e me ajoelhei diante de mim mesma.
Olhei. Só olhei. Por longos segundos.
Me vi.
Não como a esposa discreta, a mulher calada, a Fernanda que se escondeu por anos atrás do medo. Vi outra versão. Uma que sempre esteve ali, esperando ser libertada.
Desamarrei o robe devagar, deixando os seios aparecerem, os mamilos já duros sob o ar morno. Toquei a pele como se fosse pela primeira vez. Comecei com os ombros, depois desci pelos braços, pela barriga, e cheguei à minha buceta, já molhada só pelo ato de me ver.
Me sentei, abrindo as pernas diante do espelho. O reflexo era cru. Era tudo.
Levei os dedos entre as pernas, sem pressa. Cada movimento era observado — por mim. Cada suspiro, cada gemido, cada tremor, era um convite para me aceitar. Para me amar.
Passei os dedos no clitóris, sentindo o toque escorregar, e sorri para mim. Eu sou gostosa. Sussurrei aquilo, primeiro com vergonha, depois com firmeza. Eu sou gostosa.
Fechei os olhos por um segundo, mas logo os abri. O desafio era me ver. Toda. Sem filtros.
Me penetrei com dois dedos, devagar, e imaginei que era outra pessoa me tocando. Mas era eu. Sempre fui eu. O prazer subiu como uma maré quente, enquanto minha outra mão massageava os seios. Meus quadris se moviam em pequenos círculos, e o reflexo me devolvia uma imagem que eu não conhecia — mas amava.
Quando o orgasmo veio, não foi explosivo. Foi profundo. Um tremor silencioso que começou no ventre e se espalhou pelo corpo inteiro, lavando tudo por dentro. Gemi baixo, encarando meus próprios olhos, e soube: eu estava inteira ali.
Quando terminei, sentei em silêncio, o corpo ainda quente, o espelho embaçado pela respiração. Peguei o celular e escrevi:
“Sexto desafio cumprido. Hoje, me apaixonei por mim.”
A resposta demorou mais do que o normal. Mas veio:
“Você entendeu, Fernanda. Libertar-se não é sobre ser vista. É sobre se ver. O próximo passo não será mais um desafio, será uma escolha. E será sua.”
Desliguei o celular e encarei o espelho uma última vez antes de dormir. Pela primeira vez em muitos anos, sorri com orgulho.
E vocês?
Já se descobriram hoje?