Naquele tempo, pensei que fosse apenas uma traição. Hoje entendo: era só o começo.
Tenho 42 anos. Moro em São Leopoldo com minha esposa e nossos dois filhos, uma menina de 12 e um menino de 8. Quem olha de fora vê apenas uma família comum: escola, trabalho, rotina. Mas há dez anos, algo aconteceu que mudou para sempre o meu casamento. Naquela época tínhamos apenas nossa filha, ainda bebê. Eu trabalhava em turnos alternados, entrando às vezes de madrugada, outras vezes à tarde. Capitu, minha esposa, tinha um horário estável: expediente comercial na prefeitura, como assistente de um chefe influente, em uma secretaria importante. O setor era majoritariamente masculino. Mais de dez homens, apenas duas mulheres. Ela passava praticamente o dia inteiro ao lado do chefe. Eu ficava em casa pela manhã, cuidava da filha, dava almoço e a levava para a escolinha. À tarde, Capitu buscava. Essa era nossa rotina. No dia seguinte, ainda sem saber direito o que fazer, eu estava de folga e fui cedo para buscá-la. Eles não estavam na sala, perguntei para um colega, que disse que eles haviam descido a pouco. Peguei o elevador e chegando lá no andar térreo, não os vi. Mandei uma mensagem, dizendo que estava indo buscá-lá. Dois minutos depois ouvi risos e encontrei os dois saindo das escadas. Ela tomou um susto ao me ver ali, ajeitava os cabelos muito amarrotados e trazia um rubor incomum no rosto. Sorriu para mim, mas desviou o olhar, para o chefe que surgiu atrás dela, Não precisei de mais para entender, mas de novo, sorri e cumprimentei os dois sem dar bandeira. O mais marcante veio semanas depois, entre muito dias de atrasos e almoços estranhos, saí da escola dos meus filhos e passei pela prefeitura perto do meio-dia, com a desculpa para mim mesmo de almoçar com ela, mas excitado, eu queria ver mais. Os corredores estavam vazio. A prefeitura geralmente ficava as moscas até as 13:30. No fundo, final do corredor da sala deles, de uma pequena copa vieram sons abafados, sussurros. A porta não estava nem encostada, eles não tinham mesmo receio (depois eu soube porque, os colegas sabiam muito mais que eu). Olhei. Capitu estava de joelhos, diante do chefe. Com as costas na parede, boca aberta enquanto ele apoiava uma mão na parede, com a outra puxa a cabeça da minha esposa pelos cabelos. Ele tinha a respiração pesada. Capitu fazia esforço, lacrimejava, de onde eu assitia, sabia que ele penetrava a boca, mas não via os detalhes, o próximo gesto não deixava margem para dúvida, ele soltou sua cabeça, afastou um pouco o ventre e jatos de semen atingiram o rosto, cobrindo toda a face dela. Ela não ficou feliz, mas ele ria. Meu corpo inteiro congelou. Quis entrar, mas fiquei parado (mais uma vez). Permaneci ali, sem que eles me vissem, aguardando. Vi quando ela se levantou, quando ele ajeitou a roupa. Ela se recompôs, furiosa, limpou o rosto com um lenço, sem a minha presença (sai discretamente) saíram juntos rindo baixo, cúmplices. Naquela noite, Capitu chegou em casa como se nada tivesse acontecido. Conversou sobre o dia, brincou com a filha, deitou-se ao meu lado. Eu, calado, revivia a cena na cabeça. Não a confrontei. Permaneci em silêncio, mas nesse dia, tive a melhor noite de sexo dos últimos anos, ela percebeu, até se empolgou também, mesmo sem saber o que me motivava. Descobri algo que me confundiu: junto da dor, havia desejo. Com o tempo, outros sinais apareceram. Atrasos, desculpas rápidas, cheiros diferentes. Eu via, fingia não ver. Guardava tudo, foi ali que nasceu uma fantasia que, em vez de me destruir, acabou moldando meu casamento nos anos seguintes. Aquela cena na copa foi mais do que um flagrante: foi a porta que se abriu para algo que eu jamais imaginei viver.
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