Naquele dia, percebi que já não era apenas um marido enganado, estava me tornando cúmplice daquilo

Num dia próximo qualquer, precisei entregar um boleto que ela havia esquecido.
Subi, pelo corredor vazio. Ninguém ficava nos andares, ou pelo menos ninguém pelos corredores.
Ao me aproximar da sala de Capitu, ouvi risadas abafadas. A porta estava encostada.
Olhei.
Capitu estava de costas, apoiada contra a mesa. Saia torcida, calcinha fio dental minuscula que não conhecia, eu via a lateral da sua coxa, sendo espalmada por uma mão grande. O chefe se inclinava sobre ela, a mão na cintura, o rosto perto demais.
Ela sorria e gemia baixinho, contida, de olhos fechados, de um jeito que denunciava o tesão da cena. O chefe dedilhava seu sexo com agilidade.
Deveria ter reagido, mas não consegui. Deixei escapar por completo a minha dignidade quando me vi tendo uma ereção. E decidi sair dali, mas fiz um barulho e atrapalhei a brincadeira deles que se arrumaram rapidamente.
Eu fingi chegar, cumprimentei, sorri e dei um beijo na minha esposa. Disse que ia trabalhar e sai, mas por algum motivo, fiquei no carro no estacionamento, me recuperando da cena que vi antes, em silêncio, como um segredo que queimava por dentro. Chovia forte, ninguém andava na rua nesse momento.
Em uns 10 minutos, vejo ao longe, eles saindo juntos, pasmem, aos beijos, como um casal, segui o carro do chefe, de longe, estacionei em uma rua lateral, de esquina, de onde via o carro deles de frente, sem intenção definida, apenas movido por uma curiosidade doentia.
Foi então que vi. Meu coração disparou.
De onde eu estava, conseguia ver o carro deles através do para-brisa, beijos molhados e em seguida ele pegou ela pelo pescoço, fazendo gesto tradicional de empurrar a cabeça para o sexo oral. Não havia dúvidas.
Vi quando ela inclinou o corpo, quando ele se esticou para trás.
Vi também quando ele se esticou, fez força e relaxou. Uns segundos e ela ergueu a cabeça, com a boca cheia, sei que ela não gosta de engolir, mas ia sujar o carro todo se cuspisse. Ela quis abrir a porta, mas vi que ele não deixou, ele mandou e ela fez com muita força o gesto de engolir. Ela nunca havia feito isso com a minha porra, e agora engolira a do chefe.
Depois de alguns minutos, o motor do carro ligou. Vi Capitu ajeitar o cabelo com pressa, limpar discretamente o rosto com um guardanapo. Enquanto o chefe arrancava direto de volta para a prefeitura
Eles não me viram.
Saíram dirigindo como se nada tivesse acontecido.
Fiquei com um nó no estômago e uma excitação que não conseguia controlar.
Naquela noite, quando Capitu voltou para casa, parecia a mesma de sempre. Brincou com nossa filha, contou banalidades, deitou-se ao meu lado. Eu olhava para ela e revivia a cena no carro, não disse nada.Nessa noite fiz amor com ela com força, com desejo e depois fiquei ali ao lado dela, que dormia tranquilamente. Foi nesse silêncio que compreendi: eu não queria impedir. Eu queria ver.