Conheci Sabrina há sete anos, por acaso, numa rede social de encontros. Ela tinha 22, recém-saída de uma adolescência tímida, foi criada por avós e até os 18, cantava no coral da igreja, decidida a explorar tudo o que o mundo adulto prometia. Tinha perdido a virgindade há pouco tempo, e com isso veio uma fome de experiências. Ela queria viver, sentir, testar os limites do próprio corpo e da própria coragem.
Nos encontramos numa tarde abafada de verão. Ela usava um vestido simples, mas o cheiro dela... O cheiro dela era um convite silencioso, quase indecente de tão delicado. Um perfume doce, com notas de baunilha e jasmim, envolto por um fundo amadeirado que parecia ter sido escolhido não por ela, mas pelo próprio desejo. Não era uma fragrância comum — era uma assinatura invisível, como se o corpo dela tivesse sido desenhado para exalar exatamente aquilo: curiosidade, calor, promessa.
Nos abraçamos. Foi breve, mas intenso. Um toque de pele que não dizia “olá”, dizia “me sinta”. O beijo no rosto foi protocolar, mas o ar entre nós parecia carregado. Como se o tempo tivesse desacelerado só para que eu pudesse perceber cada detalhe: o calor da pele, o ritmo da respiração, o jeito como os fios de cabelo roçavam meu ombro.
Naquele instante, eu soube. Sabrina não era só uma mulher em busca de prazer. Ela era uma musa em movimento. Não por querer ser admirada, mas por existir de forma tão intensa que a admiração era inevitável. Ela caminhava como quem dança, falava como quem canta, e respirava como quem provoca. Cada gesto dela parecia ensaiado por uma força maior — como se o universo tivesse decidido que, naquele corpo, o erotismo seria arte.
Naquele mesmo dia, ela tinha marcado com mais cinco pessoas. Eu era a quarta. E mesmo sem termos nada além de um abraço, ela me contou tudo — como se eu fosse sua confidente, sua cúmplice, sua sombra.
O último da fila era Alex, um engenheiro que trabalhava numa obra escondida atrás de uma rua de mansões. O carro dele havia quebrado, e ele estava preso na cidade, dormindo na construção. Sabrina o encontrou pelo aplicativo, e ele a convidou para assistir uma série no celular e comer um podrão de rua. Tudo naquele convite era estranho, quase cômico. Mas Sabrina adorava o inesperado.
Foi então que pedi algo incomum: queria ir junto. Não para participar. Só para observar. Eu queria ver Sabrina em cena. Queria capturar cada gesto, cada suspiro, como se fosse uma pintura viva. Ela olhou nos meus olhos e sorriu. Não era o brilho de quem está prestes a se entregar a alguém. Era o brilho de quem se descobre desejável no olhar do outro. Quando pedi para apenas assistir, sem tocar, sem participar, ela não hesitou. Seus olhos se acenderam como se eu tivesse destrancado uma porta que ela nem sabia que existia.
Era como se, até então, ela tivesse vivido cada encontro como uma busca por algo externo — um corpo, uma sensação, uma validação. Mas naquele instante, ao perceber que alguém queria apenas vê-la, sem possuí-la, ela entendeu que o prazer podia estar na performance, na entrega silenciosa, no ato de ser contemplada.
O sorriso que surgiu foi sutil, quase tímido, mas carregado de tensão. Os lábios se curvaram com uma elegância involuntária, e os olhos... os olhos diziam tudo. Ela não precisava de palavras. O corpo dela já sabia o que fazer.
Ela se apressou, não por ansiedade, mas por excitação. Como se cada segundo que nos separava da cena fosse um desperdício de desejo. E ao caminhar em direção ao encontro, ela não era mais só Sabrina — era uma mulher em cena, consciente do próprio poder, do próprio ritmo, da própria luz.
Ela avisou Alex que não estava sozinha. Disse que levaria sua segurança e preparadora física. Ele respondeu com naturalidade:
> “Só quero uma boa companhia. E talvez dar uns beijos. Estou te esperando aqui em frente.”
E lá fomos nós. Sabrina era pequena, magra, com cabelos loiros naturais que caíam em ondas até a cintura. Olhos castanhos claros, pele de porcelana, sorriso de comercial de pasta de dente. Uma atriz de cinema, mas sem roteiro. A cada passo, ela escrevia sua própria história — e eu, a minha, observando.
Naquela noite, eu não escrevi um conto. Eu vivi um. E Sabrina foi a protagonista.
Eu sou Thalita Manfrediny. E por sete anos, vivi, observei e escrevi sobre Sabrina.
Essa é uma série íntima, provocante e real — onde cada capítulo revela o que meus olhos viram e o que minha pele sentiu.
Parte 2 será lançada amanhã.
A série completa, com todos os capítulos, estará disponível em breve para quem deseja consumir mais do que palavras.