A estrada parecia infinita, cortando o interior com suas curvas suaves e o horizonte dourado pelo pôr do sol. Eu dirigia, enquanto minha esposa dormia ao meu lado. No banco de trás, o outro casal, nossos amigos de longa data, conversava baixo, rindo de bobagens.
Era para ser apenas um fim de semana de descanso em uma casa de campo alugada. Mas havia algo diferente no ar desde o início da viagem: olhares demorados, toques quase inocentes, uma tensão que nenhum de nós parecia disposto a confessar.
Primeira noite
A casa era ampla, de madeira antiga, com cheiro de lareira e o som do vento batendo nas janelas. Depois de algumas taças de vinho, a conversa ficou mais solta, mais íntima. Eu percebia os olhos dela pousarem em mim, demorados demais, quase desafiadores. O tipo de olhar que acende algo por dentro e deixa a mente cheia de possibilidades.
Minha esposa, ao contrário do que eu esperava, não parecia indiferente. Notei a forma como ela sorria quando o marido da outra tocava sua mão por acaso, demorando um segundo a mais do que o necessário. Era um jogo silencioso, mas que deixava o ar pesado de expectativa.
Naquele momento, ainda não tínhamos feito nada além de trocar olhares, mas já era suficiente para deitar na cama com o coração acelerado, sentindo que algo havia mudado.
A piscina
No segundo dia, a tarde quente nos levou à piscina da casa. A água refletia o céu azul, e os corpos molhados brilhavam sob o sol. As brincadeiras começaram leves — respingos, gargalhadas, mergulhos. Mas cada toque parecia carregar eletricidade.
Quando mergulhei e emergi ao lado dela, senti sua perna roçar a minha. Não foi acidente. Olhei em seus olhos, e ela sustentou o olhar, sem pressa, com um sorriso cúmplice. Do outro lado da piscina, vi meu amigo se aproximar da minha esposa, rindo, jogando água nela, as mãos se alongando um pouco demais pela cintura.
Era impossível fingir que nada acontecia. Era como se estivéssemos todos nos testando, esticando os limites para ver até onde poderíamos ir.
O vinho e a coragem
Naquela noite, depois do jantar, as garrafas vazias de vinho sobre a mesa eram testemunhas da ousadia que nos tomava. A conversa perdeu a leveza e se transformou em algo mais carregado, mais íntimo. O riso deu lugar a silêncios cheios de significado.
Eu sentia meu coração acelerar, como se estivéssemos à beira de atravessar uma fronteira invisível. Foi ela quem quebrou o silêncio:
— Vocês já pensaram em… experimentar algo diferente?
Minha esposa desviou os olhos, mas o rubor no rosto denunciava que a ideia não era nova. Meu amigo sorriu, como se já esperasse aquela pergunta. Eu, por dentro, ardia. O que antes era insinuação, agora era convite.
A tensão era insuportável. E naquele instante, todos nós sabíamos que não havia volta.
O quarto compartilhado
Acabamos todos no mesmo quarto, como se fosse inevitável, como se estivéssemos sendo puxados por uma força maior do que nós quatro. A luz fraca da luminária projetava sombras nas paredes, transformando cada gesto em algo íntimo e proibido.
O primeiro beijo não sei quem deu — só lembro da surpresa de ver que ninguém recuou. Era como abrir uma porta que já estava entreaberta há muito tempo. Em segundos, as respirações se confundiam, as mãos exploravam com ousadia crescente, e os limites que jurávamos respeitar simplesmente deixaram de existir.
Senti os dedos dela tocarem meu braço devagar, subindo como se quisessem memorizar cada detalhe da minha pele. Ao mesmo tempo, percebia minha esposa se aproximando dele, rindo baixo, entregando-se como nunca a tinha visto antes. Havia uma mistura de choque e excitação dentro de mim, mas o desejo falava mais alto, queimando em cada músculo.
O ar parecia mais denso, carregado de calor. Os lençóis se amassavam sob nossos corpos, cada toque provocava arrepios, cada suspiro quebrava o silêncio da noite. Eu via meus amigos e minha esposa de um jeito completamente novo — como se tivéssemos todos nos despido de muito mais do que as roupas, mas também dos papéis e das convenções que nos seguravam até ali.
Não era pressa. Era intensidade. Era como se quiséssemos prolongar aquele instante ao máximo, explorando cada sensação, cada troca, cada olhar. No meio da confusão deliciosa de braços e pernas, percebi que não havia espaço para dúvidas: estávamos todos no mesmo ritmo, entregues ao mesmo desejo.
O amanhecer
Acordamos espalhados pelo quarto, cobertos pelo lençol amarrotado e pela sensação de termos atravessado um limite sem volta. O silêncio da manhã não era de arrependimento, mas de cumplicidade.
O sol entrava pela janela e eu sabia: nada mais seria igual. Mas, ao olhar para cada um deles, percebi que ninguém queria voltar atrás.
Prossigam...