Escrevo-te nesta tarde em que meu corpo desperta em lembranças e minha mente insiste em negar aquilo que tanto deseja. Sei que este não é o lugar para confissões, mas não encontrei outro refúgio para derramar estas palavras. Permita-me que cada frase seja um pedaço da minha pele e do meu desejo.
Desde aquela tarde em que retornamos ao que havíamos prometido enterrar, carrego comigo o peso da culpa e o calor da lembrança. O erro foi meu, eu sei, e talvez por isso me doa tanto admitir que ainda sinto vontade de experimentar teus lábios, de provar o beijo que minha pele ainda não conhece. Minha imaginação não poupa detalhes: penso na tua boca percorrendo cada curva do meu corpo, a língua provocando arrepios, o sabor do teu desejo misturado com o meu. Sinto a excitação subindo, meus seios se erguendo, a pele arrepiada ao imaginar teus dedos deslizando por mim, explorando cada ponto que ainda não te pertence...
Você sempre soube — mesmo que eu tentasse disfarçar — que meu coração, quando se entrega, deseja ser inteiro. Ser a amante, ser dividida entre desejos e realidades, sempre me consumiu em silêncio. Não por falta de prazer, mas porque eu queria algo que não poderia ter.
E mesmo assim, guardo como joia o que vivemos: os carnavais que sonhei incendiar contigo, a lingerie que nunca te mostrei – a renda envolvendo meu corpo, tocando a pele como se fossem teus dedos, provocando arrepios, acendendo fantasias proibidas — momentos que ficaram presos na memória e na imaginação. Cada lembrança me faz suspirar e morder os lábios, o calor subindo, o corpo lembrando da tua presença mesmo sem toque real... Imagino a tua mão deslizando pelas minhas coxas, subindo lentamente, o arrepio percorrendo minha coluna, e cada suspiro que não demos juntos se transformando em desejo líquido, pulsando entre minhas pernas.
Ao mesmo tempo, reafirmo minha fidelidade à minha nova vida. A pessoa que hoje me fortalece — embora não tenhamos nada, embora tudo o que tivemos tenha sido o que aconteceu no carro, no boquete, e que você pense que isso não seja suficiente ou até triste — permanece como base da minha fidelidade.
Ainda assim, não posso negar que há algo em ti que me desperta como ninguém mais. O desejo existe, mas é contido, suspenso, transformado em lembrança e fantasia. Penso em teus braços envolvendo meu corpo, o calor da tua pele pressionando a minha, teus dedos explorando minhas curvas, cada toque imaginário que me faz arrepiar, gemer em silêncio, desejar mais. Imagino a tua boca percorrendo meu pescoço, descendo pelo meu peito, acariciando cada seio com delicadeza e intensidade, e meu corpo responde em cada detalhe, mesmo sem que este toque seja real. Cada fantasia não consumada é uma chama que arde dentro de mim, queimando com o desejo que nunca posso satisfazer, mas que não consigo — e não quero — apagar.
Por isso, despeço-me de ti com ternura e desejo, sabendo que esta história ficará guardada entre nós como segredo, como confissão e como pecado delicioso, proibido e intenso.
Adeus, meu piloto.
Com carinho, saudade e fogo contido,
Sua pelúcia.