Ela estava sentada dois bancos à frente, do lado do corredor. Uma desconhecida de vestido.
O vestido era simples, de um azul escuro que parecia absorver a luz fraca do ônibus, mas o caimento no seu corpo era uma obra de arte. Era de um tecido leve que se moldava às curvas dos seus seios e escorria suave sobre a cintura, terminando alguns centímetros acima do joelho. Ela estava descalça, com os pés enfiados debaixo das coxas, um livro aberto no colo, mas seu olhar estava perdido na janela, encarando seu próprio reflexo na escuridão do lado de fora.
Seus cabelos castanhos caíam soltos sobre os ombros, e de vez em quando, ela levava uma mão para afastar um fio do rosto, num gesto tão natural que parecia coreografado. Havia uma serenidade nela, uma quietude que me hipnotizava.
Em um determinado momento, nosso olhares se encontraram no pequeno espelho retrovisor acima da cabeça do motorista. Ela não desviou imediatamente. Permanecemos assim, por um segundo que se esticou em uma eternidade, dois estranhos se reconhecendo naquele vidro. Um canto de sua boca se ergueu levemente, um quase sorriso que não chegou a se completar, mas que acendeu algo dentro de mim.
O ônibus fez uma curva mais fechada, e o corpo dela inclinou-se para o lado. O vestido deslizou alguns centímetros, revelando um pouco mais da sua coxa. Ela ajustou a posição com uma lentidão deliberada, e seu olhar, agora, veio direto para mim, por cima do encosto do banco. Era um olhar intenso, cor de mel, que não pedia licença, apenas observava.
O ar no ônibus parecia ter ficado mais denso, mais quente. O ronco do motor transformou-se no rufar de um tambor primitivo, marcando o ritmo do meu coração. Ela fechou o livro e o colocou com cuidado na bolsa aos seus pés. Depois, sem pressa, ergueu os braços para prender os cabelos num rabo de cavalo desleixado, um movimento que arqueou suas costas e esticou o tecido do vestido sobre seus seios. Foi um ato de uma sensualidade devastadora.
Quando seus braços baixaram, seus olhos ainda estavam em mim. E então, ela fez o convite. Não com palavras, mas com um gesto mínimo e inequívoco. Ela deslizou para o lado, em direção à janela, abrindo um espaço no banco. Um espaço para mim.
Meu coração acelerou. Levantei-me, as pernas um pouco trêmulas, e cruzei os poucos passos no corredor que nos separavam. O ônibus pareceu balançar mais forte, como se celebrasse aquele pequeno deslocamento. Sentei-me ao seu lado. O calor do seu corpo era um convite tátil no espaço confinado.
"Você vai até o final?" ela perguntou, sua voz um sussurro aveludado que se misturou ao ruído da estrada.
"Até o final," respondi, minha voz saindo mais rouca do que eu esperava.
Ela assentiu lentamente, e sua mão, que estava pousada no banco entre nós, moveu-se. Seu mindinho tocou o meu, um contacto leve como a asa de uma borboleta. Foi o suficiente. Uma corrente elétrica percorreu meu braço.
Aos poucos, nossos dedos se entrelaçaram. A sua pele era macia, incrivelmente macia. Ela inclinou a cabeça para o meu ombro, e o cheiro do seu shampoo, algo floral e limpo, invadiu meus sentidos. Eu virei o rosto, meu lábio quase tocando sua testa.
"É uma longa viagem," sussurrei próximo à sua orelha.
Ela ergueu o rosto, e seus lábios estavam agora a centímetros dos meus. Seu hálito era quente e doce.
"Vamos torná-la mais curta," ela disse, e fechou a ínfima distância entre nós.
O primeiro beijo foi suave, uma exploração tímida. O segundo foi mais profundo, mais urgente. O sabor dela era viciante, uma mistura de café e algo indefinivelmente doce. Minha mão encontrou a curva da sua cintura por cima do vestido, sentindo o calor da sua pele através do tecido fino. Ela emitiu um pequeno gemido abafado, uma vibração que senti nos meus próprios lábios.
Sua mão livre subiu pelo meu braço, firmando-se na minha nuca, puxando-me para mais perto. O mundo exterior—o ronco do motor, os outros passageiros, a noite—desapareceu. Existia apenas o universo úmido e quente das nossas bocas, o toque dos nossos dedos, o peso do seu corpo contra o meu no banco estreito.
Minha mão, que repousava em sua cintura, começou a subir, muito lentamente, pela curva de seu torso. Através do tecido fino do vestido, senti a textura do seu corpo, o arquejar da sua respiração que se tornava mais profunda. Ela se apertou mais contra mim, um movimento de anuência silenciosa. Deixei minha palma pousar sobre sua lateral, o polegar traçando círculos hipnóticos logo abaixo da curva do seu seio. A ponta dos meus dedos roçou a borda inferior de seu sutiã, e senti seu corpo estremecer contra o meu.
Ela quebrou o beijo por um instante, ofegante, seus olhos escuros e pesados de desejo. "Cuidado com as câmeras," sussurrou contra meus lábios, um sopro quente e proibido. Sua advertência, em vez de um freio, foi um combustível. A mão que estava em minha nuca desceu, pegou minha mão que estava em seu torso e, com uma coragem que me deixou tonto, guiou-a para debaixo da leve jaqueta que ela usava sobre o vestido, colocando-a diretamente sobre seu seio.
O tecido do vestido era finíssimo. Senti a forma plena e firme em minha mão, o botão do seu mamilo endurecido pressionando contra minha palma através das duas camadas de tecido. Um gemido mais audível escapou de sua garganta quando eu o massageei suavemente com o polegar. Ela enterrou o rosto no meu pescoço, seus lábios quentes encontrando minha pele, beijando, mordiscando levemente, enquanto minha mão continuava seu trabalho lento e deliberado sob a cobertura da jaqueta.
O ônibus balançava, e cada solavanco nos aproximava, esfregava nossos corpos um no outro de uma maneira que era torturante e deliciosa. Eu sentia a tensão nela, a maneira como suas coxas se apertavam, o ritmo acelerado de seu coração contra o meu peito. Sua mão, por sua vez, desceu do meu braço e pousou na minha coxa, um peso quente e promissor. Seus dedos pressionaram a musculatura, subindo centímetro por centímetro, até repousarem perigosamente perto da tensão que crescia no meu corpo.
O ônibus acelerou, mergulhando mais fundo na noite, carregando nosso segredo silencioso e ardente em direção a São Paulo. A jornada tinha apenas começado, mas naquele veículo, sob a luz suave, uma conexão intensa e anônima florescia, prometendo que a chegada seria apenas o começo de algo muito mais profundo. O toque roubado, os gemidos abafados e as mãos exploradoras sob a jaqueta eram apenas o prelúdio de uma sinfonia que ansiava por ser completada longe daqueles olhares potenciais... Continua