O dia estava quente e silencioso, exceto pelo som abafado das cartas sendo batidas na mesa virtual. Mas a verdadeira partida acontecia fora dela. Seu parceiro de jogo disparou um "Truco!" que eu quase nem ouvi. Meus olhos estavam fixos no ícone de microfone dela, imaginando o que se passava por trás daquela foto.
"Mais devagar," sussurrou ela ao parceiro, e sua voz, carregada de uma paciência falsa, me fez arrepiar.
"Tem que pôr com cuidado," eu brinquei, minha voz mais baixa, propositalmente áspera. Ela riu, um som curto e abafado, como se levasse a mão à boca, e deixou no ar uma tensão que era um convite.
Quando os amigos saíram e ficamos sozinhos no call privado, o silêncio foi tão espesso quanto o desejo. A partida havia acabado, mas o jogo verdadeiro estava só começando.
— Você blefa até na vida real, ou só no truco? — perguntei, minha voz um fio de seda escorrendo no ouvido dela através dos fones.
— Um pouco dos dois — ela admitiu, e eu pude ouvir o leve ranger da cama, imaginando-a se virando, o corpo se ajustando sob os lençóis. — E você? Esse sotaque paulista é de verdade ou é personagem para ganhar carta?
Eu ri, um som grave que eu sabia que fazia algo nela. — É de verdade. Assim como é verdade que eu fico imaginando o seu queixo se erguendo, orgulhoso, quando você ganha uma mão com um dois de paus... e como sua boca deve ficar molhada quando está prestes a perder.
Ela emitiu um suspiro rápido, quase um gemido abafado. — Isso é de uma maldade... deliciosa — sussurrou, e o clima não apenas mudou, ele se partiu ao meio.
O ar digital ficou pesado, saturado. Já não estávamos falando de jogos.
— Me passa seu contato.
Ela obedeceu, a voz um pouco trêmula ao recitar os números, já envolvida pelo novo jogo que criávamos. Comecei a conduzi-la.
O ar no call ficou pesado, saturado de um desejo que tornava a respiração um ato consciente. Cada suspiro era ouvido, cada pequeno ruído, amplificado.
— Feche os olhos — minha voz saiu rouca, uma ordem carregada de promessa.
— Já... estão... — o sussurro dela veio entrecortado, e eu pude ouvir o som claro da sua mão se movendo sob os lençóis. Meu corpo inteiro tensionou.
— Esquece a porra da tela. Estou aí. Sinto o calor da sua perna contra a minha? — Uma respiração mais rápida do outro lado. "Sinto..."
— Minha mão está na sua cintura, puxando você pra mim. Seus quadris encaixam perfeitamente... ouve esse gemido... isso, é seu?
— Ah, Deus... — ela deixou escapar um som longo e trêmulo, confirmando. Sua voz já estava molhada de prazer.
— Cadê suas mãos? — perguntei, minha voz um rosnado baixo. — Onde você está me tocando?
— Nos seus cabelos... puxando... que merda, como eu quero você... — ela arfou, as palavras saindo aos tropeções. — Minha boca está deslizando para sua rola... lambendo... quero sentir você suar.
Um som gutural saiu da minha garganta. A imagem era quase real.
— Minha mão vai descer agora, bem devagar... — continuei, cada palavra um passo calculado no abismo. — Passando pelo seu seio... sinto seu mamilo duro entre meus dedos...
— Ah, caralho... — ela gemeu, alto e claro, sem nenhuma vergonha agora. O som foi seguido por um ruído de atrito, pele contra pele. Ela estava se tocando.
— Não para... por favor, não para... — suplicou, a voz uma mistura de desespero e êxtase.
— Não vou parar. Tô descendo... passando pela barriga... — A respiração dela se tornou uma série de ofegos curtos e agudos. — Você tá se contorcendo toda pra mim? Tá?
— Tô... porra, eu tô... — foi um ganido, um som de submissão total.
— Agora é a hora do "nove"... — sussurrei, a voz uma ameaça áspera. — Lembra? Nove dedos. E o décimo... onde vai, sua safada?
Ela gritou, um som abafado pelo travesseiro, mas alto o suficiente para estremecer meus fones. — Dentro da minha buceta! Quero essa porra dentro de mim! Agora!
Foi o sinal. A narrativa se tornou uma obscenidade visceral e compartilhada. Descrevi com palavras sujas e precisas o movimento dos meus quadris, a profundidade, o ângulo que a faria gritar. Ela urrava, uma sucessão de "sim" e "me enche" e "sou tua puta" entremeados por gemidos longos, roucos, que vinham do fundo do seu ventre. Eu narrei a sensação de estar dentro dela, quente, apertada e tão molhada, e ela respondeu com o som cru do seu orgasmo chegando, uma cadência de "vou gozar, vai, vou gozar" que era o ponto final sendo chamado.
O clímax nos atingiu como um trem. Ela gritou meu nome, um grito estridente e quebrado, seguido por uma série de gemidos convulsivos e ofegantes. Um rugido surdo explodiu no meu peito, meu próprio corpo arqueando contra a cadeira enquanto uma onda de prazer brutalm me dominava. O silêncio que se seguiu foi preenchido apenas pelo som de nossa respiração destruída, ofegante, tentando se recuperar do furacão que criamos.
Demorou um bom minuto até eu conseguir formar palavras, minha voz irreconhecível, rouca de tanto gemer e rosnar.
— Isso... — soltei, ofegante, — foi a melhor porra de jogo da minha vida.
Ela riu, um som fraco, exausto e profundamente satisfeito. — A gente se dá bem... pra caralho.
— Isso ainda é o jogo, — lembrei, com uma doçura roubada pelo cansaço do prazer. — E a gente acabou de inventar as regras mais gostosas que existem. A revanche... vai ser para foder de verdade.
E no silêncio pesado e quente que se seguiu, o eco dos gemidos e dos palavrões ainda parecia pairar no ar, um fantasma delicioso e úmido da intimidade visceral que construímos com nada além de vozes, imaginação e um desejo sem vergonha.