— Mas menina… isso aí é roupa ou é fio de telefone? — disse, arregalando os olhos.
O biquíni era mínimo. Na parte de baixo, praticamente só duas tirinhas laterais e um fio dental enterrado no meio da pele morena e lisinha. O bumbum dela estava totalmente à mostra, firme e redondo, sem qualquer disfarce.
Marcelo não perdeu tempo e começou a soltar suas piadinhas inconvenientes:
— Valeska, desse jeito você vai ser multada por atentado ao pudor.
— Olha lá, o pessoal tá vendo é tudo, hein! Tá quase pelada!
— Se der uma ventania, esse fiozinho aí vai sumir e você vai ficar nua de vez!
Valeska fingia não se importar, mas por dentro tramava algo. Ele riu tanto às custas dela, que ela decidiu que aquela tarde seria a hora de dar o troco.
Quando entraram juntos na água, Marcelo logo demonstrou o costumeiro medo. Não sabia nadar muito bem, ficava sempre naquela parte em que conseguia firmar os pés na areia. Valeska, mais ousada, puxou-o um pouco para o fundo.
— Vem, Marcelo, relaxa! Eu tô aqui! — dizia, rindo.
Ele resmungava, mas seguia. Até que, de repente, Valeska mergulhou na frente dele. Marcelo se assustou, achando que ela ia apenas brincar… mas quando voltou à tona, ela estava com algo na mão.
O short dele.
— VALÉSKA! — gritou, arregalando os olhos.
Ela gargalhou, levantando o short acima da cabeça como um troféu.
— Agora vamos ver quem é que está pelado, seu babaca! — disse, debochada.
Marcelo entrou em pânico. Estava completamente nu dentro da água. Olhou em volta: havia outras pessoas nadando não muito longe. Se alguém percebesse…
— Me devolve isso agora! — pediu, aflito.
— Ah, não… Agora quem vai desfilar é você, Marcelinho. — Ela ria alto. — Se quiser o short, vai ter que buscar lá na areia.
E dito isso, saiu calmamente da água, balançando o short na mão, enquanto Marcelo gritava atrás dela. Ela caminhou até as cadeiras de praia e se sentou, cruzando as pernas com toda calma do mundo, rindo da situação.
Marcelo passou mais de uma hora na água, tentando negociar:
— Valeska, por favor… já deu, vai.
— Me devolve, menina, tá cheio de gente olhando!
— Eu prometo nunca mais brincar com você…
Valeska estava se divertindo como nunca. Sentada na cadeira de praia, pernas cruzadas, óculos de sol cobrindo parte do rosto, ela observava Marcelo desesperado dentro da água. De tempos em tempos ele levantava os braços, implorava, fazia sinal para ela devolver o short. Quanto mais ele pedia, mais ela tinha certeza de que a vingança estava perfeita.
— Ah, Marcelo… você adora brincar com os outros, mas não aguenta quando é com você — pensou, rindo sozinha.
O tempo foi passando. Valeska fingia que lia mensagens no celular, mas na verdade não tirava os olhos dele. O sol estava forte, os banhistas caminhavam, famílias e casais se espalhavam pela areia. E Marcelo, peladinho dentro d’água, preso pelo próprio medo.
Até que, finalmente, ele se decidiu. Valeska percebeu quando ele respirou fundo e começou a caminhar para fora do rio.
Ela ajeitou-se melhor na cadeira para não perder nenhum detalhe. A cada passo que ele dava, mais nu ficava diante de todos. Primeiro a barriga, depois o ventre, até que, enfim, não havia mais água para esconder nada. Apareceu aquele piruzinho mínimo!
Valeska arregalou um sorriso malicioso. Ali estava Marcelo, todo constrangido, tentando cobrir-se com as mãos, vermelho como um camarão. E sim: a famosa vergonha dele era real. Um pintinho minúsculo, que mal se via enquanto ele andava cabisbaixo.
— Eu sabia! — pensou, quase gargalhando.
Outros banhistas começaram a notar também. Alguns cochichavam, outros davam risadinhas discretas. Marcelo, encolhido, parecia implorar para o chão abrir e engoli-lo.
Valeska sentiu um prazer indescritível. Não era maldade pura, mas a satisfação de ver aquele homem mais velho, que passara a manhã inteira zombando dela, finalmente provando do próprio remédio.
Quando ele chegou perto, estendeu a mão sem olhar para ela. Valeska, ainda rindo, balançou o short no ar como quem entrega um troféu.
— Tá aqui, peladão. Espero que tenha aprendido a lição.
Marcelo arrancou a peça e vestiu às pressas, sem nem responder. Valeska, porém, continuou rindo, cruzando os braços com ar de vitória.
Naquele instante, ela soube que nunca esqueceria a cena: Marcelo, o zombador, atravessando a areia peladinho, revelando a todos seu segredo. Era a vingança perfeita.


