A CAIXA DA FERRAGEM
Pois para uma mudança de endereço muitos itens de ferragem são necessários: ganchos, suportes, toalheiros, pregos, parafusos ... Isso me levava, frequentemente, à loja de ferragem próxima da casa nova. Tantas vezes lá fui que já conhecia as pessoas pelo nome. Trabalhava a família quase toda na loja e a dona Alice, irmã do dono, era a caixa, num guichê lá no fundo da loja. Muito simpática, conversávamos um pouco cada vez que eu ia lá, enquanto a nota era emitida e passava o cartão. Madura, devia ter uns 50 anos, talvez um pouco mais, bonito rosto e um corpo muito bem conservado com as curvas nos lugares (quase) certos e quase sem exageros em parte alguma. Chamou minha atenção.
Depois de semanas indo quase todos os dias na loja, à vezes mais de uma vez por dia, dona Alice já era simplesmente Alice e “seu” Carlos já tinha virado Carlinhos. Aí tem!
- Ah! Carlinhos, ontem tu não veio bater o ponto.
Pelo visto, eu também chamei a atenção dela, a ponto dela saber quando fui e quando não fui na loja ... Sempre vestida discretamente, com a aproximação da primavera os decotes começaram a aparecer e vez por outra, um ou dois botões indiscretos ficavam mal fechado, abrindo caminho para a visão de um pouco de carne branca sem cobertura. Quando tinha pessoas no caixa eu não ia, esperava limpar o espaço para ficar mais à vontade com a Alice. Percebi, olhando entre as prateleiras, que após sair o último pagador da fila Alice abriu um botão da blusa. Cumprimentei-a de longe, ela abaixou-se atrás do caixa e voltou com mais um botão aberto. Aí tem!
- Veio bater o ponto? perguntou.
- Sim, disse, mas não era aqui que queria bater o ponto, era em outro lugar (pensava no concurso que eu aguardava o resultado, seria um belo emprego na Assembleia).
- Paciência, Carlinhos, tudo tem seu tempo, a hora chegará, e sorriu marotamente, maliciosamente. Parece que ela interpretou errado minha frase ... Enquanto a nota era impressa, abaixou-se e voltou com o decote fechado: estava chegando outro cliente para pagar a conta – com certeza, o decote escancarado era só prá mim.
Dias mais tarde, manobrei para chegar na caixa quando estava vazia e cumprimentei a Alice, sorrindo. Fez-me um sinal para aproximar o rosto do vidro e perguntou, falando baixinho para ninguém mais ouvir:
- Tens planos para quinta-feira à tarde?
Tinha, mas por ela mudava o que fosse.
- Então, muda, e vem aqui no final da manhã.
Fui. Comprei dois parafusos que não precisava e fui ao caixa. Estava lá o filho dela. Fiquei surpreso! Paguei e perguntei:
- Cadê a dona Alice?
- Ali fora, vendendo o carro dela.
Saí da ferragem e lá estava a Alice vestida bem à vontade com um vestido leve colado ao corpo conversando com outra mulher e se despedindo. Viu-me e se dirigiu a mim.
- Vou passar a tarde fora da loja, queres tomar um café comigo?
- Será ótimo, disse eu.
- Então, me encontra às duas da tarde no marco do calçadão.
- Podes crer ...
Uma e meia lá estava eu, no banco central do marco do calçadão, aguardando a querida. Não aguardei muito, talvez uns 5 minutos, e Alice apareceu caminhando em minha direção com o vestido estampado, longo e solto ao vento. Levantei-me e a cumprimentei com um beijo na face e um abraço comum. Conversamos sobre amenidades, sobre nossas vidas e sobre a vida dos outros. O dia estava lindo e resolvemos passear na beira do rio e tomar um café na pedra de Xangô. Fomos caminhando e nossas mãos se tocaram e se entrelaçaram como as mãos de dois namorados. E assim ficamos, sorrindo e enlevando nossos espíritos em processo de crescimento e preparando o crescimento de nossa parceria: estávamos namorando, sem ter trocado nem um beijo!
Os corpos se encontrarem era uma questão de tempo, e tempo eu tinha de sobra; ela, não. Começamos a nos programar diferente do costume, levando em consideração as dificuldades do outro, no caso, dela, que trabalhava na loja. Além do domingo, quando a família toda se reunia, tinha uma folga por semana: terça, quarta ou quinta-feira. Ela escolhia o dia e sua função era assumida por um dos atendentes do balcão.
Na primeira folga depois desse café, fui buscá-la no shopping no final da manhã. Fizemos uma leve refeição na praça da alimentação e fomos para um motel, sem cerimonial algum, afinal, sabíamos o que queríamos e precisávamos aproveitar o tempo ao máximo. Na chegada, o beijo desesperado, alucinado, nervoso ... as mão tateavam por todo o corpo da querida em busca de sensações apimentadas. As mãos dela também não paravam quietas procurando minhas carnes e protuberâncias, principalmente as protuberâncias, e encontrando. A roupa ia caindo ou sendo atirada e os corpos foram aparecendo. Sinais da idade apareceram, em mim e nela, mas não fizeram a menor diferença; estávamos completamente pelados frente ao outro e apaixonados pela possibilidade de renovar a vida e voltar viver aventuras, receber golpes de adrenalina, aos trambolhões, aos borbotões!
Deitei-a gentilmente na cama macia e comecei o caminho do prazer com meus lábios e língua. Os pés foram acariciados com dedicação, as pernas e coxas lambidas com carinho intenso e passei reto pela vagina peluda, seguindo em direção aos seios da Alice, maduros, macios e já parcialmente descansando sobre o abdômen pela ação do tempo e dos filhos que amamentou. Ainda assim, cheios, maravilhosos, gostosos de lamber e chupar e dar pequenas mordiscadas (que ela não gostou muito; parei). A mão desceu em direção à Cova do Prazer, ao Buraco do Enrosco e atingiu um mar de geleia erótica criado pela buceta para facilitar a entrada, a penetração, a enterrada do facão – ela já estava louca de tesão, eu também – mas, ao invés disso, só um dedinho ficou brincando na entrada e no grelo da mulher que já suspirava e gemia sufocado, ainda receosa de fazer barulho. O dedo chamou um irmão que se juntou para a penetração parcial na xota inundada de sabor e brincaram de entra-e-sai. Logo, foram substituídos por uma língua fogosa, erótica ao extremo que começou pelo clitóris e foi se enterrando o quanto pode na buceta da mulher buscando os sabores que ela emanava. Alice gozou na minha língua, atingiu o orgasmo pela primeira vez, naquela tarde. Depois, vim a saber que era o primeiro em muitos anos ...
A boca voltou a subir pelo corpo da mulher, passeando de novo pelas tetas, pescoço, nuca, orelhas, e atingindo a boca, num beijo apaixonado e selvagem. A boca encontrou a outra boca no momento em que o pau encontrou ... a buceta! E, vamos nós foder! O pau foi escorregando buceta adentro enquanto Alice não parava de mexer as ancas e gemer, agora mais alto, desinibida, quase gritando:
- Isso, isso, assim, assim, continua, não para, me come com tudo, dizia ela, entregue completamente ao prazer da carne. Enterra esse caralho, enfia tudo em mim, aahhh ... continua enterrando forte, enterra tudo, me fode, me fode ... aahhhh ... vou acabar ... Ao sentir o clímax se aproximando, a respiração dela cada vez mais ofegante, tirei o pau para fora da xota e enterrei tudo novamente, numa sacada só, e a fiz dar um suspiro gigantesco e sacudir todo o corpo enquanto saboreava aquele mar de porra quente que a inundava e o segundo orgasmo da tarde.
Foi a primeira quarta feira da primavera, a primeira de muitas fodas nas folgas ... da Caixa da Ferragem.