### **Soraia — A Enfermeira**
### **Capítulo 1 — Banhos de Silêncio**
Soraia sempre acreditou que o amor era uma construção paciente, feita de pequenos gestos cotidianos. Um café passado cedo demais, uma camisa dobrada com cuidado, um beijo rápido antes do trabalho. Por muito tempo, sustentou essa crença como quem segura um copo trincado: com atenção constante para que não se partisse de vez.
Aos trinta e nove anos, carioca da gema, ela carregava no corpo as marcas de quem viveu mais para os outros do que para si. Não eram rugas profundas, mas uma espécie de cansaço que se alojava nos ombros, no olhar que raramente descansava. Casada havia mais de uma década com Júlio, um mecânico de mãos sempre sujas de graxa e palavras cada vez mais escassas, Soraia aprendera a conviver com o silêncio conjugal como quem aceita uma doença crônica: sem drama, mas com dor constante.
O casamento não acabou de repente. Ele foi se desfazendo aos poucos, como tecido velho que perde a firmeza. Primeiro, as conversas diminuíram. Depois, os toques se tornaram funcionais, quase burocráticos. Por fim, o sexo — que já fora raro — desapareceu de vez, sem anúncio ou despedida. Dormiam na mesma cama, mas em mundos diferentes.
Quando se formou em enfermagem, dois anos antes, Soraia sentiu algo próximo da esperança. Estudar, cuidar, tocar vidas — tudo aquilo lhe devolvera uma sensação de propósito que o casamento não oferecia mais. Trabalhar como cuidadora em domicílio, especialmente para famílias ricas da Zona Sul, era exaustivo, mas também lhe dava acesso a um universo distante do seu cotidiano apertado.
Foi assim que chegou àquela casa.
O portão alto, o jardim impecável, o cheiro constante de limpeza e dinheiro. Tudo ali parecia silencioso demais, como se até os sons obedecessem a regras invisíveis. A mãe do paciente, uma mulher elegante e permanentemente ocupada, apresentou-lhe o filho com um misto de proteção e distância.
— Este é o Henrique.
Henrique tinha vinte e seis anos e estava paraplégico da cintura para baixo havia quatro anos, após um acidente de carro. Sentado na cadeira de rodas, o corpo ainda guardava a memória da juventude ativa: braços fortes, ombros largos, mãos longas. O rosto era bonito de um jeito contido, quase tímido, emoldurado por uma barba curta e olhos atentos demais para quem passava tanto tempo imóvel.
No primeiro dia, trocaram poucas palavras. Soraia era profissional demais para qualquer intimidade precoce. Explicou os procedimentos, organizou os horários, manteve a distância correta. Henrique respondeu com educação, mas havia algo no modo como ele a observava — não invasivo, mas curioso — que a deixou levemente desconcertada.
Os banhos começaram na semana seguinte.
No início, eram apenas tarefas. Água morna, movimentos precisos, cuidado absoluto. O corpo dele exigia atenção técnica, não emoção. Ainda assim, Soraia percebeu que precisava controlar a respiração. Não por desejo, mas pela consciência aguda da intimidade que aquele cuidado impunha.
Henrique, por sua vez, parecia lutar contra o próprio constrangimento.
— Se quiser que eu olhe para o outro lado… — ele disse certa vez, com um sorriso torto.
— Não precisa — respondeu ela, firme. — Já fiz isso muitas vezes.
Era verdade. Mas nenhuma daquelas vezes tinha aquele silêncio carregado. Nenhuma tinha aquele olhar que, mesmo respeitoso, parecia querer dizer algo que não encontrava palavras.
Com o passar das semanas, a rotina criou pequenas brechas. Conversas breves durante o banho. Comentários sobre filmes, livros, músicas antigas. Henrique era inteligente, irônico na medida certa, e escondia a frustração com um humor delicado. Falava pouco sobre o acidente, mas quando falava, não havia autopiedade — apenas um cansaço profundo.
Soraia começou a esperar aqueles turnos com uma ansiedade que tentava ignorar. Não era desejo declarado, mas uma vibração estranha, como se algo dentro dela despertasse depois de anos adormecido. Ao chegar em casa, Júlio mal levantava os olhos da televisão. Ela tomava banho sozinha, jantava quase em silêncio, dormia com pensamentos que não ousava nomear.
Certa manhã, enquanto ajustava a temperatura da água, Henrique disse:
— Você é diferente das outras enfermeiras.
Soraia ergueu o olhar, surpresa.
— Diferente como?
Ele hesitou, como se tivesse medo de ultrapassar um limite invisível.
— Você não me trata como um problema a ser resolvido. Nem como um coitado.
Ela sentiu algo apertar no peito.
— Você é uma pessoa — respondeu, simples. — Antes de qualquer coisa.
Foi ali que algo mudou.
A partir daquele dia, os silêncios ficaram mais longos, mais densos. Havia momentos em que Soraia percebia o próprio corpo reagindo de maneira que não sentia há anos — um calor discreto, uma atenção exagerada aos próprios gestos. Ao mesmo tempo, sentia culpa. Não por Júlio exatamente, mas por si mesma, por atravessar uma linha que sempre acreditara intransponível.
Henrique também parecia dividido. Às vezes falava demais, outras vezes se fechava por completo. Em certos dias, evitava olhar diretamente para ela durante o banho. Em outros, sustentava o olhar por tempo demais.
Numa tarde chuvosa, a casa estava especialmente silenciosa. A mãe viajara, os empregados tinham ido embora mais cedo. Soraia preparava o banho quando Henrique disse, quase num sussurro:
— Posso te fazer uma pergunta pessoal?
Ela hesitou. O manual profissional dizia não. Mas algo dentro dela disse sim.
— Depende da pergunta.
— Você é feliz?
A água continuava correndo, preenchendo o espaço com um som constante. Soraia demorou a responder.
— Não sei — disse por fim. — Acho que aprendi a funcionar sem pensar muito nisso.
Henrique assentiu, como se entendesse mais do que ela dizia.
— Eu também.
Naquele dia, o banho foi mais demorado. Não houve toques além do necessário, nem palavras impróprias. Ainda assim, ao sair do banheiro, Soraia sentia como se tivesse atravessado um território novo, perigoso e irresistível.
Nas semanas seguintes, a tensão se tornou quase insuportável. Não era uma paixão adolescente, mas algo mais maduro, mais pesado. Um reconhecimento mútuo de carências, de feridas abertas. Soraia começou a questionar valores que sempre considerara sólidos. Falava para si mesma que era apenas compaixão, empatia profissional. Mas sabia que era mais.
Ela se perdia naquele altruísmo confortável, dizendo-se que cuidava, quando na verdade também buscava ser vista. Desejada. Reconhecida como mulher, não apenas como esposa esquecida ou enfermeira eficiente.
Naquela casa, entre paredes claras e silêncios prolongados, Soraia começava a se afastar da vida que conhecia. Não havia ainda traição consumada, apenas pensamentos que se infiltravam como água em rachaduras. Mas ela sentia, com uma clareza assustadora, que algo irreversível estava em curso.
E, pela primeira vez em muitos anos, não sabia se queria impedir.
Capítulo 2 — Rachaduras na Água
Eu nunca soube exatamente quando o desejo começou a falar mais alto que a razão. Talvez tenha sido aos poucos, como a água que pinga de uma torneira mal fechada, gota a gota, até encher um copo inteiro sem que a gente perceba. Ou talvez tenha sido num instante preciso, naquela pergunta sobre felicidade, quando os olhos dele encontraram os meus e eu vi neles um espelho do meu próprio vazio.
As semanas seguintes foram um exercício constante de autocontrole. Eu chegava à casa pela manhã, cumprimentava a empregada com um sorriso educado, subia as escadas com o coração já acelerado. Henrique estava quase sempre no quarto, lendo ou ouvindo música baixa — algo clássico, às vezes jazz antigo, sons que preenchiam o ar sem invadi-lo. Ele me recebia com um “bom dia” que parecia carregar mais peso a cada dia.
Os banhos continuavam sendo o centro de tudo. Era ali, naquele espaço pequeno e úmido, com a porta trancada e o mundo lá fora distante, que as barreiras iam se dissolvendo. Eu mantinha a postura profissional: luvas quando necessário, movimentos precisos, voz neutra. Mas por dentro... por dentro eu tremia. Não de medo, mas de uma consciência aguda de cada centímetro de pele que eu tocava, de cada respiração que ele soltava quando a esponja passava por seu peito.
Henrique também mudara. O constrangimento inicial dera lugar a uma quietude mais confiante. Ele não desviava mais o olhar com tanta frequência. Às vezes, quando eu inclinava o corpo para alcançar melhor alguma parte, sentia o peso do olhar dele nas minhas costas, no meu pescoço, nos cabelos que eu prendia frouxamente para não molhar. Nunca era invasivo — ele tinha um respeito quase doloroso —, mas era impossível ignorar.
Começamos a conversar mais. Não só durante o banho, mas depois, quando eu o ajudava a se vestir ou quando ficávamos alguns minutos na varanda tomando sol. Ele falava sobre os livros que lia, sobre a frustração de não poder mais surfar — ele fora um apaixonado pelo mar antes do acidente. Eu contava sobre minha vida no subúrbio, sobre as plantas que cultivava na laje de casa, sobre as músicas que Júlio e eu dançávamos quando ainda éramos namorados. Eu evitava falar do presente do casamento. Ele evitava falar da solidão.
Uma tarde, enquanto eu passava creme hidratante nas pernas dele — tarefa que exigia cuidado para evitar assaduras —, ele disse, baixinho:
— Você tem mãos muito gentis, Soraia.
Parei por um segundo. O creme estava frio entre meus dedos, e o calor da pele dele contrastava de um jeito que me deixou tonta.
— É parte do trabalho — respondi, tentando soar casual.
— Não — ele insistiu, a voz mais rouca que o normal. — É parte de você.
Eu não soube o que dizer. Continuei o movimento, mas mais devagar, como se cada toque agora carregasse uma pergunta silenciosa. Quando terminei, ele segurou meu pulso por um instante — não forte, apenas o suficiente para me fazer olhar para ele.
— Obrigado — disse. — Por me fazer sentir... humano.
Naquela noite, em casa, eu não consegui dormir. Júlio roncava ao meu lado, alheio a tudo. Eu fiquei olhando o teto, sentindo o corpo inteiro acordado, como se cada célula lembrasse do toque dele. Eu me odiava por isso. Me odiava por desejar algo que sabia ser errado. Mas o desejo não pede licença.
Os dias foram se acumulando, e a tensão crescia como uma maré. Havia olhares que duravam demais. Frases que ficavam no ar. Um dia, enquanto eu lavava seu cabelo — ele fechava os olhos, inclinava a cabeça para trás —, ele murmurou:
— Você já pensou como seria... se a gente tivesse se conhecido em outra vida?
Eu ri, nervosa.
— Em outra vida você estaria correndo na praia e eu nem te notaria.
— Duvido — ele respondeu, abrindo os olhos. — Eu te notaria em qualquer vida.
Meu coração disparou. Afastei-me um pouco, enxaguando o shampoo com cuidado excessivo.
— Henrique...
— Desculpa — ele disse rápido. — Não quis te constranger.
Mas não era constrangimento. Era outra coisa. Era o medo delicioso de estar à beira de um abismo.
A mãe dele viajava com frequência. Naquele mês, passou quase duas semanas fora. A casa ficava mais vazia, mais nossa. Os empregados iam embora às cinco. Depois disso, éramos só nós dois — eu, ele, e o silêncio que já não era mais neutro.
Numa quinta-feira de dezembro, o calor estava insuportável. O ar-condicionado do quarto dele parecia não dar conta. Eu cheguei mais cedo, trazendo uma sensação de urgência que nem eu entendia. Henrique estava de short e camiseta, a pele já brilhando de suor. Quando entrei no banheiro para preparar a banheira, ele me seguiu na cadeira.
— Hoje tá quente demais — ele disse. — Acho que um banho rápido resolve.
Concordei. Enchi a banheira com água morna, ajustei a cadeira de banho. Ajudei-o a tirar a camiseta. O peito dele estava mais definido do que eu lembrava — ele malhava os braços todos os dias, uma disciplina quase obsessiva. Eu sentia o cheiro dele: sabonete misturado com suor, algo masculino e vivo que me deixava zonza.
Quando chegou a hora de tirar o short, hesitei mais do que o normal. Não era a primeira vez, claro. Mas naquele dia... naquele dia eu sabia que algo estava diferente. Ele percebeu.
— Tudo bem? — perguntou, voz baixa.
— Sim — menti.
Ajudei-o a se transferir para a cadeira de banho. A água começou a cobrir o corpo dele. Eu peguei a esponja, comecei pelo pescoço, ombros, braços. Movimentos que eu conhecia de cor. Mas cada toque parecia elétrico. Eu sentia o calor subindo pelo meu próprio corpo, um formigamento que começava no ventre e se espalhava.
Ele estava quieto demais. Olhava para a frente, mas eu via o peito subir e descer mais rápido. Quando a esponja desceu pelo abdômen, ele soltou um suspiro quase inaudível.
— Soraia...
Eu parei.
— O que foi?
Ele virou o rosto para mim. Os olhos estavam escuros, intensos.
— Eu não sei mais como fingir que isso aqui é só... profissional.
Meu coração parou por um segundo. Eu deveria ter dito algo firme. Deveria ter me afastado. Mas não consegui.
— Eu também não — confessei, a voz quase sumindo.
O silêncio que veio depois foi o mais denso de todos. A água continuava caindo do chuveiro de mão que eu segurava frouxo. Eu sentia as pernas fracas.
Ele estendeu a mão e tocou meu braço. Só isso. Um toque leve, na pele úmida do meu antebraço. Mas foi como se tivesse me tocado em todo lugar.
— Me desculpa — ele disse. — Eu sei que você é casada. Eu sei que isso é errado. Mas eu... eu penso em você o tempo todo.
Eu fechei os olhos por um instante. Quando abri, ele ainda me olhava.
— Eu também penso — admiti.
Foi como se uma represa se rompesse.
Ele puxou meu braço com delicadeza, me aproximando. Eu me abaixei, ajoelhando-me ao lado da banheira. Nossas faces ficaram próximas. Eu sentia o hálito dele, quente, misturado com o vapor.
— Só um beijo — ele sussurrou. — Só para saber como seria.
Eu não respondi com palavras. Inclinei-me e toquei os lábios nos dele.
Foi suave no começo. Um beijo tímido, quase casto. Mas logo se aprofundou. A boca dele era quente, macia, e havia uma urgência contida que me fez tremer. Ele segurou meu rosto com as duas mãos, como se tivesse medo de que eu desaparecesse. Eu correspondi, esquecendo tudo — o casamento, a profissão, o risco.
Quando nos afastamos, estávamos ofegantes.
— Meu Deus — ele murmurou.
Eu ri, nervosa, os olhos marejados.
— A gente não devia...
— Eu sei — ele disse. — Mas eu precisava disso. Precisava de você.
Fiquei ali, ajoelhada, a mão ainda no rosto dele. A água continuava caindo, molhando minha blusa. Eu não me importava.
Continuamos o banho em silêncio, mas agora o silêncio era diferente. Era cúmplice. Meus movimentos eram mais lentos, mais atentos. Quando cheguei à parte mais íntima, percebi que ele estava excitado. Não era novidade — acontecia às vezes, reação fisiológica normal em pacientes paraplégicos. Mas naquele dia, ele não tentou esconder. Não desviou o olhar.
— Desculpa — ele disse, corando.
— Não precisa pedir desculpa — respondi, a voz baixa.
Hesitei. Meu coração batia tão forte que eu achava que ele podia ouvir. Eu sabia que podia parar ali. Lavar rapidamente, vestir, ir embora. Mas algo dentro de mim — algo que eu enterrara há anos — gritava para não parar.
Toquei-o com cuidado, primeiro com a esponja, depois com a mão nua. Ele soltou um gemido baixo, quase um suspiro.
— Soraia...
— Shh — eu disse. — Deixa eu cuidar de você.
Comecei devagar. Movimentos suaves, circulares. Ele fechou os olhos, a cabeça apoiada na borda da banheira. Eu observava o rosto dele — a tensão se desfazendo, o prazer tomando lugar. Era lindo vê-lo assim, vulnerável e ao mesmo tempo poderoso.
Aumentei o ritmo aos poucos, guiada pelos sons que ele fazia, pelos músculos que se contraíam nos braços. Ele abriu os olhos de novo, me olhando com uma intensidade que me desarmou.
— Você é tão linda — murmurou.
Eu sorri, emocionada. Continuei, sentindo o calor crescer também em mim. Não era só físico. Era emocional. Era ver alguém que me desejava de verdade, que me via como mulher, não como função.
Quando senti que ele estava perto, diminuí o ritmo, prolongando. Ele gemeu meu nome. Então, num impulso que nem sei de onde veio, abaixei-me e o tomei na boca.
Foi delicado. Lento. Carinhoso. Eu queria dar a ele algo que ninguém mais podia. Queria que ele sentisse prazer pleno, mesmo com as limitações do corpo. Ele segurou meus cabelos com cuidado, sem forçar, apenas acompanhando o movimento.
Não demorou muito. Ele chegou ao clímax com um gemido abafado, o corpo todo tenso por um instante antes de relaxar completamente.
Fiquei ali um momento, a cabeça apoiada na coxa dele, sentindo a respiração dele se acalmar. A água ainda caía, agora morna demais.
— Soraia... — ele disse, voz trêmula. — Eu... obrigado. Eu te amo.
Levantei o rosto, surpresa com as palavras. Ele parecia tão vulnerável quanto eu.
— Não diz isso — pedi, embora meu coração quisesse ouvir mais.
— Mas é verdade — ele insistiu. — Eu me apaixonei por você. Não só hoje. Há semanas.
Eu me levantei, as pernas trêmulas. Ajudei-o a sair da banheira, sequei-o com a toalha grande, vesti-o com cuidado. Nenhum de nós falava. Quando terminei, ele segurou minha mão.
— E agora? — perguntou.
Eu não tinha resposta.
— Não sei — admiti. — Só sei que... eu também sinto algo muito forte por você.
Ele sorriu, triste e feliz ao mesmo tempo.
— Então a gente descobre juntos.
Naquela noite, dirigi para casa com as mãos tremendo no volante. O corpo ainda carregava o eco do que acontecera. A culpa veio depois, em ondas. Mas junto com ela veio algo novo: uma sensação de estar viva. De verdade.
Júlio nem percebeu que eu cheguei mais tarde. Jantamos em silêncio, como sempre. Mas eu já não era a mesma.
Eu sabia que tinha atravessado uma linha da qual não havia volta. E, pela primeira vez em anos, não queria voltar.





Um delicioso conto, mais um conto gostoso demais de ler dessa mamaegordelícia que não para de surpreender com seus contos cada vez mais intensos, requintados e muito bem escritos, além dos desenhos (fotos) maravilhosos. votado e aprovado com louvor.