Gustavo, o sócio do seu marido. Alto, seguro, com aquele tipo de charme que nunca parece se esforçar demais. Ele ficou para revisar a campanha da nova marca de perfumes, mas o silêncio que pairava entre eles já dizia que não era só isso que restava no ar.
Ela esticou o pescoço, os ombros tensos depois de tantas horas sentada. O vestido preto de alfaiataria moldava o corpo dela com uma elegância quase cruel. Gustavo a observava. Não disfarçava.
— Está tensa — disse ele, com a voz grave e calma. — Quer um vinho?
Ela hesitou, riu de leve. — Você sempre tem vinho no escritório?
— Só quando sei que a noite pode render mais do que planilhas.
Ele serviu duas taças, se aproximou. Entregou a dela sem encostar. Mas a ponta dos dedos roçou os dela por um segundo a mais do que deveria.
Ela não se afastou.
— E se alguém entrar? — perguntou, sem mudar o tom da voz.
— Já foram todos. E se entrarem... azar.
O olhar dele dizia mais que a resposta. Ela sabia o que estava prestes a acontecer. Não era a primeira vez que fantasiava com aquilo. O perigo tornava tudo mais vivo.
Ele se aproximou pela lateral da mesa. Ela estava sentada, olhando pra cima. O vestido subia um pouco quando cruzava as pernas. Ele parou ao lado, passou os dedos pela nuca dela. Lentamente. Observando sua reação.
Ela fechou os olhos por um segundo. O toque firme, sem pressa, deixava a pele dela quente. Quando abriu os olhos, ele já estava inclinado, a boca a poucos centímetros da dela.
Ela não disse nada. Só puxou pela gravata, com uma força súbita, colando seus lábios.
O beijo veio denso, quente, com desejo represado por meses de reuniões, olhares cúmplices e tensão disfarçada por protocolo.
Ele a levantou sem esforço, sentou-a sobre a mesa de madeira. As mãos correram pelas coxas dela, encontrando a pele nua sob o tecido que ela já havia subido. Ela ofegava, os olhos semiabertos, sentindo o calor, o risco, o sabor de tudo que era proibido.
— Não podemos — murmurou, mais como um jogo do que um limite real.
— Podemos sim — ele respondeu, afundando a boca no pescoço dela.
Aquela noite, a agência não teve só uma entrega aprovada.
Show de conto.