Mas por dentro, Clara carregava uma fome que o casamento — e os contratos — não saciavam mais.
Sócia do marido, ela era o cérebro estratégico por trás das campanhas e negociações. Mas o que mais gostava era do jogo silencioso que conduzia entre um call e outro, enquanto ele estava na sala ao lado, concentrado em planilhas e projeções.
Ela descobriu os fóruns primeiro. Depois os chats privados. E por fim, as mensagens diretas com estranhos que a deixavam molhada no meio do expediente.
— Me mostra onde você tá agora — dizia um deles.
Clara então, discreta, pegava o celular por debaixo da mesa, mirava a câmera para as pernas abertas sob a saia e mandava. O risco de alguém entrar, o som das notificações no computador ao lado, a respiração do marido em reuniões na parede seguinte — tudo aquilo era combustível.
Ela se tocava em silêncio, com os dedos por baixo da calcinha de renda, fingindo estar digitando e-mails urgentes. Às vezes saía para o banheiro com o celular na mão e ficava lá, encostada na porta, com fones de ouvido, ouvindo comandos sussurrados de um homem que nunca viu pessoalmente.
— Goza pra mim agora. E volta pra sala como se nada tivesse acontecido.
Ela obedecia. E voltava.
Naquele dia, porém, ela foi além.
Mandou uma foto nua, sentada na mesa de reuniões, pernas abertas, os saltos ainda nos pés. Tirou com o cronômetro ativado, em dez segundos, tempo suficiente pra se recompor antes que qualquer um entrasse. Era o jogo do controle, do risco, do prazer escondido.
O marido? Nunca suspeitava. Ele a achava ocupada, focada, leal. E ela era tudo isso — mas também era uma adúltera digital, uma amante de sombras que vivia duas vidas no mesmo lugar.
À noite, ainda no elevador com ele, recebia uma mensagem:
“Amanhã, 14h, banheiro do 15º. Sem calcinha.”
Ela apagava o aviso com um sorriso, encostava no ombro do marido e comentava sobre a reunião do dia seguinte.
Do lado de fora, ela era uma mulher de negócios.
Do lado de dentro, era só desejo com estratégia.