Mas por dentro, Clara estava em chamas.
14h. Banheiro do 15º. Sem calcinha.
A mensagem do estranho ecoava como um mantra desde a manhã.
Ela passou no espelho do banheiro do escritório às 13h47. Tirou a calcinha preta com calma e guardou discretamente na bolsa. Voltou para sua sala, digitou mais alguns e-mails para despistar e avisou:
— Vou subir na agência do 15º, ver o material do novo cliente.
O marido nem levantou os olhos do computador.
O 15º andar estava vazio àquela hora. Os funcionários da agência tinham saído para almoçar. Clara entrou no banheiro feminino como quem entrava num palco, o coração disparado.
Ele já estava lá.
Alto, camisa social dobrada até os cotovelos, olhar faminto. Tinham trocado mensagens, fotos, áudios sussurrados. Mas ao vivo, era outra coisa. Era cheiro. Tensão. Silêncio elétrico.
— Você veio — ele disse, se aproximando.
Ela encostou na parede fria do azulejo e ergueu o vestido até o quadril.
— Vê se eu menti — sussurrou.
Ele caiu de joelhos sem dizer mais nada. A língua dele era urgente, sem cerimônia. Clara segurava a pia com força para não gemer alto. O som da língua molhada, o ritmo intenso, o prazer que se espalhava por cada parte do corpo dela — tudo era proibido e perfeito.
Ela gozou na boca dele, arfando, com as pernas trêmulas. Ele levantou, ainda com o gosto dela na boca.
— Agora você vai embora — disse, ajeitando o vestido. — E eu volto pra minha sala.
Ele a encarou, confuso, excitado.
— É só isso?
Ela sorriu.
— Hoje, sim. Amanhã talvez eu deixe você me comer na escada de emergência. Mas só se merecer.
Saiu do banheiro sem olhar pra trás, o batom borrado e a calcinha ainda na bolsa. No elevador, reaplicou o batom no reflexo do espelho. Ao chegar de volta no escritório, o marido comentou, sem tirar os olhos do Excel:
— Resolveu lá em cima?
Ela sentou na cadeira, cruzou as pernas e respondeu com um sorriso calmo:
— Resolvido.
E abriu um novo e-mail como se nada tivesse acontecido.