O templo branco com vitrais azulados reluzia sob o sol do Lago Sul. O culto de domingo seguia o ritmo lento de um louvor em tom menor. Layla, 58, sentava-se na terceira fileira, de vestido midi azul-marinho, cabelos presos com grampos dourados e olhos atentos ao telão que projetava versículos de Provérbios.
Leo a viu de longe. Advogado tributarista da QI 22, recém-convertido, blazer escuro por cima da camiseta, os tênis limpos destoando dos sapatos sociais ao redor. Fixou os olhos nela quando a luz lateral acendeu.
O culto terminou com uma oração de imposição de mãos. Ele se aproximou com um folheto da “Campanha dos Casais Restaurados”.
— “Paz, irmã... achei que Deus me mandou entregar isso pra senhora.”
Layla ergueu as sobrancelhas. O olhar dela era firme, profissional, mas os lábios tinham o traço sutil de alguém que já viveu mais do que o esperado.
— “Você acha que Deus virou carteiro agora?”
— “Se for pra entregar bilhetes pra mulheres assim, eu me converto todo domingo.”
Ela quase riu, mas manteve o olhar neutro. Pegou o papel com calma, os dedos firmes. Leo notou: sem aliança. Mas o lenço de seda no pescoço escondia algo — talvez uma cicatriz, ou talvez outra coisa.
Ela olhou para o Honda vermelho dele no estacionamento.
— “QI 22… Isso explica o perfume caro. Mas ainda não explica por que está aqui.”
— “Sede de justiça, irmã. Mas confesso: vi tua foto no grupo da célula.”
Layla virou-se sem responder, mas o salto do sapato hesitou por um segundo antes de continuar até o carro.
CASA DE LEO – QI 22
Era segunda-feira. Layla chegou pontualmente às 20h, como ele havia sugerido por mensagem. O vestido longo, de linho cru, escondia as curvas, mas a abertura lateral deixava visível parte da coxa bem cuidada. Ela estva com uma calcinha minúscula. Com a bunda de fora. Ela examinava a sala com olhos treinados, como quem já auditou muitos apartamentos funcionais.
— “Tem gosto moderno. E um leve exagero.” — comentou, passando os dedos numa escultura de acrílico.
— “É um pouco demais pra alguém que lê a Bíblia toda noite?” — Leo surgiu da cozinha com duas taças de vinho branco.
— “Leio o Salmo 91. Não me impede de gostar de vinho.”
Brindaram. Sentaram-se no sofá de couro. A tensão não era de luxúria velada — era uma hesitação, como se um passo adiante pudesse comprometer o que cada um representava no domingo anterior.
— “Se isso é pecado... quero ver como é cair em tentação.” — ele sussurrou, aproximando-se.
Ela apenas fechou os olhos, deixando-se beijar com uma lentidão que lembrava reverência.
QI 15, casa de Layla
A noite em Brasília era friazinha. O relógio do painel do Honda marcava 21h58 quando Leo estacionou em frente à casa de Layla. Era um conjunto bem tranquilo. Quase deserto. Portão branco, jardim bem cuidado, uma luz amarelada vazava pelas frestas das cortinas. Ele hesitou antes de tocar a campainha. O nervosismo era estranho para alguém que já dominava tribunais — mas não aquela mulher.
Layla abriu a porta com um robe de seda cor de areia, preso por um nó frouxo na cintura. Os cabelos estavam soltos, os pés descalços, e o perfume de jasmim misturava-se ao cheiro discreto de papel guardado — aroma de escritório e de corpo.
— “Chegou no horário. Impressionante pra um advogado.” — Ela virou-se sem convidá-lo formalmente, mas a porta aberta era convite suficiente.
Leo entrou. A casa era silenciosa. O ventilador de teto rodava preguiçoso, lançando sombras circulares na parede. Ele seguiu Layla até a sala de estar, onde livros de estudo e literatura estavam empilhados na mesma estante.
— “Quer vinho?” — ela perguntou já na cozinha, de costas, abrindo a geladeira.
— “Quero você. Desde o louvor de domingo.”
Layla parou por um instante. Respirou fundo. Quando se virou, o robe estava um pouco mais solto.
— “Você tem noção do que tá fazendo?”
— “Tenho. E se você mandar eu ir embora agora, eu obedeço.”
Ela se aproximou, puxou a mão dele e colocou sobre a cintura.
— “Fica. Mas entenda… aqui não tem culto. Aqui é carne.”
Ele a beijou com calma, pressionando-a contra a bancada de granito. As mãos deslizaram pelas curvas dela, sem pressa. O corpo de Layla era maduro, firme, e respondia com calor. Quando os lábios dele alcançaram sua clavícula, ela sussurrou:
— “Só não fala versículo agora. Me respeita…”
Riram os dois. Subiram para o quarto.
No andar de cima, o abajur ao lado da cama lançava uma luz suave sobre o dossel. Layla desamarrou o robe e o deixou cair. Não usava nada por baixo. O corpo dela, marcado pelo tempo e pelo desejo, tinha uma beleza serena. Leo a olhou com reverência, quase devoção.
— “Você é o tipo de tentação que até anjo cairia.”
Ela o puxou pela gola da camisa, tirando-a com firmeza.
— “Fala menos, e me ama mais.”
A primeira vez foi lenta. Beijos longos, carícias profundas, os dois reconhecendo o terreno como quem decifra mapas antigos. Depois, vieram as horas mais intensas — na cama, na poltrona, no corredor estreito entre o armário e a janela.
Ela o montava com firmeza, olhos fechados, o corpo suado e entregue. Pegou o pau dele e foi enfiando devagar na sua buceta que estava melada e piscava. Ele virou-a de costas e começou a passar a língua em seu cuzinho. “Oh” que delícia!” .Ele a segurava pela cintura, gemendo o nome dela em orações que Deus provavelmente fingiria não ouvir.
Por volta das três da manhã, ele estava deitado de lado, o braço sobre a barriga dela. Layla ria baixinho.
— “Eu vou precisar de ar-condicionado e fisioterapia se isso virar rotina.”
— “Você vai precisar de um plano de salvação alternativo.”
Ela o beijou, mordiscando seu lábio inferior. Ele ergueu os olhos.
— “Você me condena?”
— “Condeno. Mas com sursis.”
O celular dela vibrou na cômoda. Era o despertador. Culto das 9h.
Ela suspirou.
— “Cinco horas até cantar hino.”
— “Dá tempo pra mais um salmo entre os lençóis.”
Ela riu, o corpo ainda quente. E, sem dizer nada, montou nele mais uma vez.
03h12
A respiração ainda era pesada quando Layla se levantou da cama e foi até o banheiro, nua. Leo a observava de lado, deitado de bruços, com um sorriso meio besta. O corpo dela se movia com a graça de quem já não precisava provar nada. Ele se levantou em silêncio e a seguiu. Pingava esperma líquido da buceta.
A água morna caía sobre os ombros dela quando ele entrou no box. Layla virou-se devagar, os seios molhados, os olhos semiabertos. Ele se ajoelhou sob o jato d’água e passou as mãos pelas coxas dela, lentamente.
— “Você quer me esvaziar até o louvor das nove?”
— “Quero te tirar o culto do corpo.”
Ele começou por baixo. Beijou-lhe a parte interna das coxas, sentindo o gosto da pele e do prazer ressecado pelo calor. Ela se apoiou na parede do azulejo, tremendo quando a língua dele tocou sua buceta quente ela gemeu alto. Abriu as pernas. Arreganhou toda.
Layla gemeu baixinho, tentando não escorregar. Ele a segurou firme pelas nádegas e a guiou até o limite. Ela veio nos dedos dele, ofegando, as unhas cravadas em seus ombros. Quando o puxou pelos cabelos, ele já estava duro outra vez.
Ela se virou de costas, colocando as mãos na parede do box. Ele a penetrou por trás com força. O som da água abafava os gemidos dela. Ele a segurava pela cintura, o quadril batendo contra sua bunda, até que ela arqueou as costas:
— “Isso... agora... agora… fode! … me rasga toda.. no fundo… de força...vai...”
Vieram juntos, os corpos colados, os joelhos tremendo.
04h03 – Frente do espelho
Ela secava o cabelo no closet quando ele se aproximou por trás. O espelho grande refletia os dois — ela, com o robe escorregado até os cotovelos; ele, apenas de cueca.
— “Gosta de se ver?” — Leo perguntou.
— “Não costumo. Mas com você atrás, fico mais corajosa.”
Ele a abraçou por trás, as mãos deslizando até os seios. Layla fechou os olhos, mas ele a fez abrir.
— “Olha. Agora. Você assim, de quatro pra mim, é a coisa mais bonita que esse espelho já viu.”
A vista era linda. A bunda dela toda arreganhada pra Leo. O cuzinho piscando. Ele não resistiu. “Vou te enrabar”, disse.
Ela se apoiou na penteadeira, ele a inclinou devagar. As mãos segurando seus quadris com precisão, ele a penetrou com força, mantendo os olhos fixos no reflexo. Ela mordeu os lábios, ofegando.
— “Fala comigo, Leo…”
— “Você é minha oração da madrugada.”
— “E você é meu dízimo mal pago.”
Ele sorriu, aumentou o ritmo. As coxas dela batiam contra a madeira, e os dois se assistiam no espelho até os gemidos se confundirem com o ranger da penteadeira. Ela gozou com um grito abafado na própria mão, o rosto vermelho, as pernas bambas.
05h22 – Varanda dos fundos
Ainda escuro. Uma brisa leve atravessava o véu branco da varanda. Layla andava com os pés descalços sobre a cerâmica fria. Leo se aproximou por trás, nu, beijando sua nuca.
— “Achei que estva com frio.”
Disse Leo, e depois abaixou-se entre as pernas dela, ajoelhado sobre o tapete da varanda.
— “Mais uma antes do sol nascer.”
Ela afastou a calcinha de lado — a única coisa que vestia — e o guiou com as mãos. O prazer veio rápido, mais contido, mas intenso. Quando ele subiu, ela o puxou para si.
— “Você sabe o que tá fazendo comigo?”
— “Sim. Tô deixando você viva.”
Ela o beijou no escuro. Ao longe, um galo cantava. Na igreja da QI 28, o coral aquecia as vozes para o culto das 9h.
Domingo — QI 28, culto da manhã seguinte
O louvor já começava quando Layla entrou discretamente pela lateral. Usava um vestido azul-escuro de mangas longas, óculos escuros e um lenço no pescoço — como sempre, mas agora por necessidade. As marcas da noite ainda ardiam.
Leo já estava sentado na penúltima fileira, com a Bíblia aberta em João 3:16, embora não estivesse lendo uma palavra.
Ela sentou-se três fileiras à frente. Os olhos não se encontraram, mas os corpos sabiam: cada centímetro parecia pulsar com memórias da madrugada. Quando o pastor pediu que todos se levantassem para orar pela “santidade do corpo e da alma”, Layla apertou os olhos com força. Leo cruzou os braços sobre o colo.
Na hora da paz, ele se aproximou discretamente.
— “Paz do Senhor, irmã.”
Ela respondeu sem virar-se:
— “Não esquece de orar em línguas. A sua anda muito solta.”
Ele sorriu, sussurrando:
— “A sua que me ensinou os dons.”
Ambos voltaram a seus lugares, fingindo normalidade. Ao final, Layla saiu antes da oração final, andando rápido, mas deixando cair um bilhete no banco dele:
Segunda-feira — QI 28 e QI 22
O templo estava lotado. O “Culto da Vida Financeira” era um dos mais concorridos, com promessas de libertação das dívidas, multiplicação de renda e sabedoria para prosperar. Layla chegou impecável: saia lápis preta, camisa branca com botão superior aberto, salto médio. Sem maquiagem pesada, mas com batom cor de vinho.
Leo estava de jeans escuro e camisa branca social. Nenhum contato entre eles. Sentaram-se longe. Oraram separados. Cantaram separados. Mas o desejo... esse suava pelos poros.
Após o culto, encontraram-se no estacionamento. Ela entrou no carro dele sem dizer uma palavra.
Casa de Leo — QI 22
Já era quase 22h quando entraram. A casa estava com luzes baixas, um jazz instrumental tocava ao fundo. Sem vinho, sem conversa. Ela tirou os sapatos ainda na entrada. Ele puxou-a pela cintura, beijando-lhe a boca com força. Nenhum jogo de sedução agora — era carne pura.
A roupa foi tirada pelo caminho até o quarto.
No tapete da sala, de joelhos, ela o engolia com fome. No balcão da cozinha, ele a levantou pela cintura e a penetrou com brutalidade. Ela gemia entre suspiros e palavras soltas e risos abafados. Na parede do quarto, ela se apoiou de costas, uma perna em seu ombro, enquanto ele a tomava como se fosse a última vez.
— “Você quer quebrar meu FGC!” — ela gritou, ofegante.
— “Quero fazer sua Selic explodir.”
A noite terminou com ambos nus sobre o piso frio da sala, exaustos, suados, sem culpa.
— “Se Deus quiser me punir, que seja com você do lado”, ele sussurrou.
Ela não respondeu. Estava dormindo.
Terça-feira — Noroeste, casa de Luzia
O prédio era novo, minimalista, com portaria de biometria e cheiro de eucalipto nos corredores. Leo subiu direto. 4.º andar. Luzia, 57 anos, advogada veterana em um órgão público da Esplanada, paraibana de voz rouca e melada e olhar afiado. Divorciada, dois filhos já criados, dona de um apartamento moderno no Noroeste e de uma bunda que desafiava a gravidade com insolência. Leo já havia afirmado que sua buceta era "a mais cheirosa de Brasília – e eu já provei várias".
Tinha cabelos ruivos e sorriso indecente, o esperava de robe de cetim vinho e um copo de Campari.
— “Achei que ia te perder pra Jesus.”
— “Jesus me deixou de castigo ontem.”
Ela riu e o beijou forte. Luiza era fogo, mas sem mistério. Já começou a abrir o cinto dele ainda no corredor.
— “Hoje é sem culpa, sem louvor, e sem lenço.”
Ele a carregou até o quarto, jogando-a na cama. Ela montou nele como quem sabe o que faz, rindo, puxando os próprios cabelos. Diferente de Layla: mais direta, mais rápida, mais selvagem.
— “Quem é essa irmãzinha que anda te marcando com perfume de jasmim?” — ela perguntou com a boca no pescoço dele.
— “Ninguém. Só um erro de cálculo.”
— “Então deixa que eu corrijo esse déficit.”
Fizeram amor com fúria, sem pausa, como se ambos estivessem fugindo da realidade. Ao final, Luzia rolou para o lado e disse, ainda ofegante:
— “Avisa pra tua crente que aqui é regime de caixa. O que entra, entra com força.”
Quarta-feira — QI 28, culto das mulheres
Layla chegou à igreja mais cedo, com seu blazer bege e Bíblia de capa de couro nas mãos. Sabia que Leo não estaria ali — e ainda assim o procurou com os olhos. Sentou-se na lateral, fingindo atenção total na preletora.
No meio da oração, o celular vibrou discretamente. Uma notificação do Instagram.
Luiza em uma foto.
Layla clicou. A imagem mostrava Leo e Luiza lado a lado, sorrindo num jantar informal. “Noite de terça com meu favorito ?? ”
Layla travou o maxilar. Fechou o aplicativo. E abriu no Salmo 139:
“Para onde me ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?”
Filho da mãe...
Quinta-feira — QI 22, casa de Leo
Layla bateu na porta sem avisar. Entrou sem esperar convite. Leo, de camiseta preta e cabelo molhado, ainda coçava a cabeça.
— “Você me deve explicações.”
— “Layla... são sete da manhã.”
— “E você postando foto com aquela “barnabé de auditório” às três da madrugada? De terno, na casa dela?”
Leo suspirou, fechou a porta. Tentou manter a calma.
— “Luiza não tem nada com a igreja. Você e eu... somos outra coisa.”
— “Somos? O que exatamente? Experimento sociológico entre levitas e vagabundos?”
Ela estava visivelmente afetada. Não era posse, era orgulho ferido. Ela sabia que não era só sexo.
— “Você acha que pode me comer na segunda e postar sorrisinho com ela na terça?”
— “A gente não fez promessa de altar.”
— “Não. Mas fizemos promessas em línguas estranhas entre meu travesseiro e a parede do seu quarto.”
Silêncio. Ela foi embora sem beijá-lo.
Sexta-feira — Happy Hour no Noroeste
Luiza organizou um encontro informal com antigas amigas de trabalho. Leo apareceu, meio deslocado, camisa polo e blazer. Ela estava radiante. Ao vê-lo, deu um beijo rápido na boca dele, sem perguntar se podia.
Durante a noite, ao ver que Leo andava distraído no celular, Luiza o chamou num canto.
— “É a crente velha, né? Aquela que fala em ‘passivo tributário’ quando goza?”
Leo fechou a cara.
— “Layla é mais do que isso.”
— “É. Ela é ressentida. Dá pra ver de longe. Sabe que não consegue competir com... isso.” — Luiza girou o próprio corpo num movimento provocativo.
Leo sorriu sem graça, mas ficou calado. Na volta pra casa, não dormiu bem.
Sábado — culto de casais (QI 28)
Leo apareceu de novo. Layla fingiu ignorá-lo. Mas ao final, durante a oração final, ambos ficaram lado a lado. O pastor pediu que os casais se dessem as mãos.
Leo tocou nos dedos dela. Ela resistiu por dois segundos, depois cedeu.
Ao final da oração, ele sussurrou:
— “Ela não tem teu cheiro.”
— “Mas tem tua terça-feira.”
Ela saiu, cabeça erguida. Mas os olhos marejados.
Continua ...