Não tenho noção do tempo em que fiquei trancado no banheiro, eu não tinha coragem de sair, tava com muita vergonha de tudo. Fiquei sentado em cima da tampa do vaso e minha mente agora era pura culpa e nojo de mim mesmo. Depois senti raiva do Douglas, senti como se ele fosse o culpado. Depois senti raiva de ter fumado tanta erva, nem ele nem eu erámos culpados, aquilo tudo foi onda errada, sei lá.
Eu adormeci, tava chapado, tava numa lomba e já tava tarde. Não sei quanto tempo eu dormi mas acordei com a voz do Doug me chamando e ele batendo na porta. Quando eu acordei, acordei desnorteado, meio que não lembrava porque tava ali e meu corpo tava doendo pela posição que eu fiquei sabe se –lá quanto tempo, eu só pensei “quero meu colchão”...
Abri a porta e ele me deu um soquinho, não forte, e falou “Deita na cama, zé, vai dormir de boa”, nem pensei, só me joguei na cama dele, nesse momento lembrei tudo que tinha rolado e meu estômago revirou, só pensei “ele vai deitar do meu lado e vai começar tudo de novo”. Só que naquele momento eu era metade vontade de dormir e outra metade repugnância pelo que tinha rolado.
Fiquei surpreso e aliviado quando ele pegou o travesseiro e o edredom que estava no colchão e jogou em cima da cama, ele puxou o edredom dele e me pediu o travesseiro. Entreguei o travesseiro e ele se deitou.
Eu não demorei muito pra dormir, misturou tudo, maconha pra caralho, álcool, aquele rolê estranho, meus sentimentos de culpa e raiva, tudo isso me derrubou. Mas o pouco que eu fiquei acordado eu fiquei muito pilhado no jeito dele pouco antes; o tom de voz que ele me chamou estando eu trancado do lado de dentro do banheiro, o jeito que ele me falou pra ir deitar, a forma que pediu o travesseiro dele, tudo isso tinha um ar que eu não conseguia entender. Ora parecia alguém que também estava se sentindo mal e com vergonha, ora parecia alguém que tinha dormido e acordado só pra me colocar pra dormir na cama e tipo, tava meio zumbi igual todo mundo quando acorda no meio da noite.
Não fiquei muito tempo pensando nisso, logo dormi.
Agora aqui escrevendo não lembro o que eu tava sonhando, sei que o Doug tava mexendo no meu ombro e aquilo misturou com o sonho, e eu acordei.
“Levanta, viado, eu tenho que ir pra escola e cê tem que ir pra casa”.
Bom... Eu sempre levanto mais calado e o Doug também, tem sido assim ao longo dos últimos dez anos em que eu durmo na beirada da cama dele num colchão, ou o inverso na minha casa. Então não tinha nada de muito anormal silêncio que se instaurou depois dele me acordar, levantei, ele desceu provavelmente pra tomar banho e eu fui tomar café.
A mãe dele sempre era da hora comigo, mas eu simplesmente não tava escutando nada que ela tava falando, além da cabeça estar doendo pra uma porra, minha barriga tava esquisita e eu nessas alturas já tava encafifado com tudo que tinha rolado.
O Doug apareceu do nada, já tava de uniforme e terminando de enfiar um caderno na mochila, pegou um pão e beijou a testa da mãe “benção!”
“Uai menino, toma café direito”, ela falou.
“Se eu não sair agora vou perder o segundo busão, oh meu café direito aqui”, e sacudiu o pão no ar.
Chegou perto de mim e fez o que sempre fazemos pra nos cumprimentarmos ou despedir, deu um soco no meu braço “Falou gay!”.
Inúmeras vezes na vida essa foi a despedida dele, mas naquele dia foi diferente, aquele “gay” bateu em mim de um jeito estranho, incômodo. Nem dei outro soco nele como seria de costume.
Peguei meu uber, voltei o percurso todo entre Sete Lagoas e BH me sentindo um lixo.
Cheguei em casa eram umas 8:30 da manhã, não quis ir malhar, fiquei deitado na cama. Tentava espairecer a cabeça mexendo no insta, mas só ficava rolando o dedo e o tempo passando. Quando assustei já era meio dia, eu já deveria estar me arrumando pra ir pra aula, toquei o fodas, nem pro lado virei.
Fui no quarto dos meus pais, abri a gaveta de remédio da minha mãe, eu tava ligado no comprimidinho dela, parti um no meio e tomei.
Delícia... Só acordei umas 8 da noite, ela puta comigo porque eu tava desmaiado, a casa toda aberta, as merdas do Thor sem catar, e blá blá blá, e eu grogue.
“Chego do trabalho e tá tudo errado nessa casa, e blá blá, blá”
“Seu pai é outro folgado, esse negócio de futebol segunda feira não existe, blá blá blá”
Aí eu levantei, tomei um banho, despertei.
Minha angústia não passava de jeito nenhum, então foi aí que decidi escrever detalhadamente o que rolou, que foi aquele primeiro texto.
Então, tem um detalhe, eu parei de contar justamente na hora que eu adormeci sentado na tampa do vaso né, pois é, nessa de escrever e detalhar eu fiquei de pau duro praticamente o tempo inteiro, um inferno.
Nossa, vey, principalmente nas partes mais quentes, minha angústia cedeu lugar a um tesão maluco. Finalizei o texto e meu corpo começou a tremer, eu ficava revendo nitidamente o Doug na minha frente me punhetando, eu lembrava da textura do pau dele na minha mão. Meu pau tava torando.
Vey, foi um inferno, eu queria tomar a outra metade do remédio, mas ele ia me derrubar e na terça 7 horas é minha responsabilidade abrir a loja, meu pai presta consultorias e ele sai cedo terças, quintas e uma sexta sim outra não, é minha obrigação abrir a loja nesses dias (temos uma papelaria).
Eu tentei dormir, mas não consegui.
Falei comigo mesmo, “ah quer saber, vou bater uma rápida sem pensar em nada e vou dormir”.
Ah! Pensar em nada? Tudo que eu fazia era lembrar do rolê. Do nada veio uma imagem na minha cabeça, eu mamando o pau do Douglas, que tesão da porra... Mas que horror aquilo, que merda tava rolando comigo? Vey, eu tava virando viado mesmo? Só pode! Meu corpo falava comigo “toca o fodas, deixa a imagem vir”.
Eu tremia todo, sentia o tremor dentro de mim, eu sentia um tremer que era como se eu estivesse sentindo frio, o tesão era uma coisa surreal. Não era tesão de mera punheta, cara, meus dentes de cima batiam nos de baixo porque eu tava me tremendo todo.
“Quer saber, fodas!”
Deixei minha mente mostrar o que ela quisesse...
Me vi agachado mamando o Douglas, me vi levantando e empurrando ele pra cama dele, me vi metendo meu pau na boca dele. Nessa hora eu gozei de urrar, talvez minha mãe tenha até ouvido. Eu urrei, não deu tempo de pegar a cueca que eu tinha tirado pra gozar em cima, o jato foi mais rápido, cara, foi um estrago, a porra passou meu ombro e sujou a cama.
Vey, xinguei o palavrão que nunca xingo, qué proibido na minha casa.
Dei um soco no meu próprio peito, senti ódio e nojo de mim mesmo.
Caí de joelho no chão e falei: “Senhor, em nome de Jesus, me perdoa. Por favor, me perdoa, tudo isso é consequência da maconha, me perdoa! Eu juro Deus, juro, eu nunca mais na minha vida vou fumar maconha! Deus, eu, Jhonatan de Araújo do Carmo, eu juro que nunca mais farei de novo o que fiz antes de ontem”.
Na metade disso eu já tava chorando...
Levantei, me permiti chorar...
Quando eu parei, sequei a cara numa camisa, respirei fundo e falei em voz alta: “Chega de pensar nisso, meus pecados caíram no mar do esquecimento, vida que segue, a partir de agora é como se nada disso tivesse rolado”.
Éh! Eu realmente não tinha a menor noção do quanto eu estava errado.
Continuará...
Que delícia de conto, eu revivi a minha adolescência achando que era pecado que ia pro inferno rsrsrs lê meu conto enfim meu amigo da escola me coneu
Que delicia de relato!!!