Algumas semanas se passaram desde o dia no curral com Tonho, e o último encontro tenso com Marcos. Como num feitiço que perdeu a força, tudo voltou ao normal. A poeira baixou, o cheiro de terra molhada já não atiçava mais lembranças desconfortáveis, e a rotina seguiu seu curso, como se o tempo tivesse engolido os acontecimentos numa caixa de silêncio.
Duas semanas se passaram desde aquele domingo na roça. As lembranças ainda viviam em mim como um som abafado atrás da porta presentes, mas distantes o suficiente pra não doer. Depois de tudo que aconteceu, desde o curral com Tonho até o último encontro silencioso com Marcos, voltei meu foco pra escola. Tentei, pelo menos. Acabei sendo castigado por ter respondido mal a uma professora, coisa boba, uma frase atravessada que escapou sem filtro. Resultado: dois finais de semana trancado em casa, sem roça, sem ninguém.
A roça ficou distante por uns tempos. Nada de Marcos, nada de olhares tortos, nada de cheiro de mato ou de curral. Era só eu, o ventilador quebrado e o som da televisão ligada na minha novela preferida, Rebelde no sbt. E ainda assim... ainda assim, ele não saía de mim. Nem nos dias quentes, nem nas noites frias. Nem no banho, nem quando eu fingia estudar. Ele continuava ali, no fundo da minha cabeça, como uma febre baixa que nunca cessa.
Minha mãe e meu padrasto tentavam preencher o silêncio com conversas casuais, mas eu sentia que ele, meu padrasto, estava tentando se aproximar de mim de uma maneira que eu não sabia como interpretar.
— Você está mais quieto ultimamente, ele disse, enquanto me ajudava a lavar a louça após o jantar.
Eu apenas dei de ombros, evitando olhar diretamente para ele.
— Sabe, eu sei que não sou seu pai, mas quero que você saiba que pode contar comigo, ele continuou, sua voz baixa e quase hesitante.
Havia algo na maneira como ele falava, na forma como seus olhos me observavam, que me deixava desconfortável e, ao mesmo tempo, despertava algo que eu não queria admitir.
Eu murmurei um "obrigado" e voltei minha atenção para o prato em minhas mãos, tentando ignorar o calor que subia pelo meu rosto.
Esses momentos de interação com ele eram carregados de tensão, uma mistura de resistência e curiosidade que eu não conseguia controlar.
Enquanto isso, os dias passavam lentamente. Eu me dedicava à escola, tentando recuperar o tempo perdido e evitar mais problemas. Mas, à noite, quando estava sozinho no meu quarto, os pensamentos voltavam.
Eu me sentia preso em um ciclo de desejo e culpa, tentando entender quem eu era e o que esses sentimentos significavam.
Por um momento, parecia que a vida tinha voltado ao normal, mas eu sabia que era apenas uma fachada. Dentro de mim, o caos continuava, e eu não sabia quanto tempo mais conseguiria manter essa aparência de normalidade.
Ficar com minha mãe e com o padrasto. Surpreendentemente, não foi ruim. O clima estava leve, como se o universo tivesse dado uma trégua. Nada me provocava, nada me puxava pra aquelas zonas cinzentas que costumo visitar em pensamento. Eu estava menos tenso e, por um breve momento, parecia que meus pensamentos estavam livres dos desejos que me atormentavam. Por isso quando meu castigo terminou, preferi ficar em casa. Minha mãe ficou surpresa com minha decisão de não ir para a roça, mas interpretou isso como um sinal de que eu estava finalmente aceitando meu padrasto.
E foi justo quando tudo parecia calmo demais que ele voltou.
No sábado à noite, enquanto estávamos na sala assistindo televisão, o telefone tocou. Minha mãe atendeu e, ao ouvir a voz do outro lado, seu rosto iluminou-se.
— É o Marcos, ela disse, cobrindo o telefone com a mão e olhando para mim.
Meu coração disparou.
Ela voltou a falar com ele, sua voz animada. — Claro, Marcos, ele pode ir sim. Amanhã você vem buscá-lo? Tudo bem, eu aviso a ele.
Quando ela desligou, virou-se para mim com um sorriso. — Marcos vai passar aqui amanhã para te buscar. Ele quer que você vá para a casa dele e faça companhia à Nicole. Ele disse que vai mexer no carro e achou que seria bom você passar o dia lá.
Eu senti um nó se formar no meu estômago. A tranquilidade que havia sentido durante o final de semana desapareceu instantaneamente, substituída por uma tensão que eu não conseguia explicar.
— Você vai gostar, vai ser bom para você, minha mãe continuou, sem perceber minha inquietação.
Eu apenas assenti, tentando esconder o nervosismo que começava a tomar conta de mim.
Naquela noite, enquanto estava deitado na cama, os pensamentos voltaram com força total. A ideia de estar sozinho com Marcos novamente me deixava ansioso e nervoso. Eu sabia que algo iria acontecer, mas não sabia o que.
O caos dentro de mim, que havia dado uma trégua, agora estava de volta, mais forte do que nunca.
A noite passou como se alguém tivesse deixado uma pedra no meu peito e eu tentasse dormir com ela ali, empurrando minha respiração pra dentro. Acordei mais cedo do que todo mundo, antes mesmo da luz entrar pela janela. Rolei de um lado pro outro, tentando ignorar o aperto no estômago, a sensação de que algo estava prestes a acontecer e que, por mais que eu não soubesse o quê, meu corpo já sabia.
Quando ouvi os passos pesados do meu padrasto vindo da cozinha, levantei-me devagar, tentando parecer normal. Ajeitei o short, cocei os olhos e fui até a mesa.
— Acordou cedo hoje, hein — ele disse, colocando o bule de café em cima do fogão com um baque metálico.
— É... acordei sem sono — murmurei, puxando uma cadeira.
Ele se aproximou com um prato de cuscuz e ovos mexidos, me entregando com um gesto seco mas não rude.
— Come aí. Homem que é homem não vive de vento.
Sorri de leve, tentando não parecer deslocado. Ele se sentou também, pegou o jornal velho da semana e ficou ali, mastigando em silêncio, lendo uma notícia qualquer de política. A cozinha parecia comum, tudo parecia comum… menos o que tava passando dentro de mim.
Minha mãe parecia satisfeita com a interação, como se isso confirmasse sua teoria de que eu estava aceitando meu padrasto.
Por volta das 10h, Marcos chegou. Ele estacionou o carro na frente da casa e desceu, cumprimentando minha mãe e meu padrasto com um sorriso.
— Bença, tio Marcos — falei, tentando controlar o tom da voz.
— Deus te abençoe, meu fiê — ele respondeu, abrindo a porta do carona com a mesma calma de sempre. — Bora que hoje tu vai aprender a dar um talento num motor.
— Pronto para ir? ele perguntou, olhando para mim.
Eu assenti, tentando esconder o nervosismo que crescia dentro de mim.
Entrei no carro, sentindo o coração disparar. Marcos parecia tranquilo, como se fosse apenas mais um dia normal.
Enquanto seguíamos para a casa dele, ele começou a falar sobre o carro. — Tá precisando de uns ajustes, mas nada muito complicado. Você vai gostar de aprender.
Eu apenas murmurei um "uhum," tentando controlar a ansiedade que me consumia.
O caminho parecia mais longo do que o normal, cada minuto aumentando a tensão dentro de mim.
Seguimos pela estrada de chão, os pneus levantando poeira. Do lado de fora, tudo seguia no ritmo lento de um domingo de interior. Mas dentro de mim, era como se o mundo estivesse tremendo, prestes a rachar bem no meio.
Eu só não sabia ainda… de que lado eu ia cai
A casa do Marcos era grande. Um sobrado simples, mas espaçoso, com aquele cheiro de casa que tem história e segredos demais. Três quartos no total: o dele com a minha tia, todo organizado; o da Nicole, filha dos dois, com bonecas, cadernos e pôsteres colados na parede; e o da Patrícia, filha da minha tia de um casamento anterior, uma adolescente que carregava no olhar um tédio quase agressivo. Patrícia costumava acordar depois das duas da tarde, e quando acordava, mal dava bom dia.
Assim que entramos, percebi que a casa estava silenciosa demais. Marcos largou as chaves sobre a mesa e olhou para mim com um sorriso que me deixou desconfortável.
— Esqueci de te avisar... Nicole resolveu ir pra roça com a mãe. Mudaram de ideia na última hora. Marcos falou enquanto trancava o portão com uma calma que me arrepiou. Seus olhos não pareciam surpresos. Estavam... preparados.
Me virei meio surpreso.
— Ué, não sabia… pensei que ela ia estar aqui…
Marcos sorriu de canto, aquele sorrisinho que parecia saber mais do que dizia:
— Mas não dá em nada, né? Eu que vou te ensinar a mexer no carro. É até melhor, a gente fica mais à vontade.
Naquele instante, senti o ar rarefeito. A certeza de que ele havia planejado aquilo me fez congelar por dentro. Minha mente era uma avalanche de pensamentos embolados: o que ele queria de fato? O que eu estava fazendo ali? Por que não recuei?
Meu corpo inteiro endureceu. Não era medo do que ele poderia fazer, era do que eu poderia permitir. Da minha curiosidade. Do meu silêncio. Da minha resposta muda ao convite.
Ele trancou a porta com um gesto quase lento, estudado. Os dedos firmes, o som metálico da chave girando. Quando se virou para mim, o olhar dele já não era o mesmo. Não era o de um primo distante ou de um homem comum. Era um olhar que atravessava. Que queimava. Como se, por trás dos olhos escuros, houvesse um abismo onde o desejo e o inferno se encontravam e eu estivesse prestes a cair.
— Relaxa, ele disse, a voz rouca como um trovão abafado. — O que você vai aprender hoje… nunca mais vai esquecer.
A frase ecoou dentro de mim como uma sentença. Uma promessa. Um aviso.
Ele caminhou até mim com a postura de quem carrega um segredo sujo e prazeroso. Ombros largos, a camisa colando levemente ao corpo por causa do calor abafado, os passos pesados, mas silenciosos. E o olhar... aquele olhar. Era como encarar o próprio Diabo e, em vez de fugir, sentir vontade de segui-lo até o fundo do inferno.
Marcos não sorria. Ele não precisava. O desejo escorria dos olhos dele como veneno doce. A mandíbula firme, os lábios entreabertos, a respiração contida, como se estivesse se controlando. Mas eu via… eu sentia. Ele havia planejado tudo. Desde o convite até o silêncio da casa. Desde o toque no portão até o momento em que estávamos a sós.
Era como estar diante de um predador que, ao invés de atacar de uma vez, saboreia a antecipação. E eu… eu não era vítima. Era cúmplice. Estava ali, imóvel, sendo consumido por uma mistura de medo, tesão e rendição.
Marcos parou na minha frente, tão perto que eu pude sentir o cheiro da pele dele algo amadeirado, suor, desejo. Ele ergueu a mão, tocou meu rosto com a palma quente, e então disse, quase num sussurro grave, sem desviar os olhos dos meus:
— Confia em mim, moleque. E a palavra “confia” soou como uma ordem. Como um veneno com gosto de promessa.
— Não precisa ficar nervoso, você sabe por que estar aqui.
E naquele segundo, eu soube: ele estava certo.
Foi pro quarto. Voltou pouco depois usando um short leve, quase translúcido de tão fino, sem camisa. O volume no centro do tecido mexia como se tivesse vontade própria, e eu sabia que tinha. Em uma mão, a caixa de ferramentas. Na outra, o controle da situação.
Fomos para a garagem.
A luz do meio-dia vazava pelas telhas de amianto, criando sombras dançantes no capô do carro. Ele abriu o motor com uma naturalidade firme e começou a explicar:
— Aqui é o carburador... se entupir, o carro morre. Tem que saber limpar, ver se tá molhado demais ou seco demais... igual gente. Olhou pra mim por cima do ombro.
Ele se inclinava sobre o motor, músculos tensionando nas costas largas, gotas de suor deslizando pelo peito e descendo até sumirem dentro do short. A cada movimento, o tecido marcava mais, e seu pau ficava cada vez mais visível, o contorno de seu pau grosso e pesado ganhava vida. Às vezes, ele passava a mão casualmente sobre o volume, como quem ajeita, mas aquilo não era só desconforto físico — era exibição.
— Tem que saber o tempo certo de acelerar... senão o motor engasga. Disse, ligando o carro por alguns segundos e olhando fixo pra mim enquanto dizia.
Ficamos ali até perto de uma da tarde. Eu já não ouvia direito o que ele falava. Cada palavra parecia vir em outra frequência, como se fossem códigos. Meu corpo inteiro vibrava em tensão. Os dedos suavam, a garganta travava, o estômago revirava. Marcos, por outro lado, estava em casa. Dono da cena. Dono do tempo.
— Vou fazer um lanche. Depois vou tomar banho. Disse, como quem anuncia a próxima fase de algo já planejado.
Preparou dois sanduíches rápidos e um copo de suco. Sentamos em silêncio. Ele comia como quem não tinha pressa. A cada mordida, lambia os dedos com um prazer quase sonoro. Era um ato comum, mas naquela atmosfera, cada gesto dele parecia proposital. Me estudando.
Terminou antes de mim e, sem me encarar, foi em direção ao quarto.
— Qualquer coisa, tô no banho. Jogou por cima do ombro.
Fiquei ali, sozinho, mastigando lentamente o lanche, como se aquilo fosse o último fio de normalidade pendurado no abismo. Meus olhos buscavam distração na TV da sala, mas meu corpo só queria entender por que ainda estava ali.
Por que não fui embora?
Ou pior... por que uma parte de mim não queria ir?
Marcos saiu do banheiro com o corpo ainda úmido, a toalha amarrada baixo na cintura. Havia algo diferente nele seu andar era mais lento, mais firme, como se cada passo fosse calculado. Seus olhos, antes apenas descontraído, agora tinham um brilho intenso, predatório, que eu vi antes, e o mesmo olhar que vir no curral no dia que ele me mandou ajoelhar em sua frente. Eu estremeci ao perceber: Ali não era apenas meu tio gente boa e bom pai de família... ali, diante de mim, estava alguém que esperava por aquele momento.
Ele me encarava como quem já tinha vencido. Como quem já sabia até onde eu estava disposto a ir, mesmo sem ter me tocado. Senti um arrepio nas costas. O estômago afundou. A boca secou.
Ao passar por mim na sala, ele sorriu, não era um sorriso qualquer. Era o tipo de sorriso que não precisava dizer nada — ele já dizia tudo. Um sorriso de quem sabe que venceu. Que leu você antes mesmo de você se escrever. O tipo de sorriso que antecede o caos, perverso, que carrega o peso do pecado e o prazer do controle. O sorriso de quem vai te destruir, e ainda vai te fazer implorar por isso. O tipo de sorriso que não convida — sentencia.
— Tá pronto pra aprender de verdade hoje? ele perguntou, a voz mais baixa, firme.
— Aprender o quê? minha voz saiu trêmula.
Ele se inclinou um pouco, sem desgrudar os olhos dos meus.
— Hoje vou te mostrar de perto o que você observando já tem um tempo… e piscou.
Eu travei.
Ele se virou e fez um sinal com a cabeça para que eu o seguisse. Fui atrás como quem caminha pro desconhecido com os olhos abertos e o juízo pendurado no varal.
Marcos abriu a porta do quarto. O ar lá dentro estava carregado, abafado, úmido ainda do vapor do banho. Ele se aproximou do guarda-roupa, empurrou uma das portas de madeira rangente e apontou pra dentro.
— Entra aí.
— Quê? — perguntei, rindo de nervoso.
— Confia no tio. Só olha. Vou te mostrar algo, mas, você tem que ficar quietinho ai dentro e apenas observar e aprender.
Hesitei. Mas entre o medo e a fome de saber o que ele queria, o segundo venceu. Entrei. Ele ajustou a porta do guarda-roupa de forma que uma fresta vertical, fina, dava visão direta da cama. Eu podia ver perfeitamente o colchão, o lençol amarrotado, e o travesseiro ainda úmido da cabeça dele.
Marcos ficou de pé na minha frente por um segundo. Puxou a toalha mais pra cima, seu pênis já estava tomando a forma que eu conhecia e sabia o gosto que tinha, ajeitou o volume entre as pernas com a palma da mão, e respirou fundo.
— Não faz barulho. Só observa. disse ele, baixinho, e então saiu do meu campo de visão.
Eu estava ali, encolhido no guarda-roupa, o coração batendo tão alto que parecia ecoar no quarto. O cheiro do sabonete, do corpo dele molhado, da tensão, tudo misturado numa névoa densa.
E eu esperei. Observando.
Marcos saiu do quarto, e eu ouvir seus passos fora do quarto, o tempo parecia suspenso. Meu corpo estava imóvel, mas por dentro, um turbilhão me consumia medo, desejo, confusão, tudo ao mesmo tempo. Eu não sabia o que ele realmente queria mostrar, mas cada segundo dentro daquele guarda-roupa me fazia sentir que havia algo sendo revelado aos poucos... e que, a qualquer instante, tudo mudaria.
Dentro daquele espaço estreito do guarda-roupa, cada segundo parecia se arrastar com uma lentidão torturante. A fresta, embora estreita, revelava com precisão o que se desenrolava diante de mim.
Marcos voltou e deitou na cama, com os braços atrás da cabeça e as pernas cruzada, ainda com a toalha na cintura. Os olhos dele estavam fixos na porta, como se estivesse à espera de alguém ou algo. E então, com naturalidade provocante, ele levou a mão até seu pau que a essa altura já estava duro e era evidente na toalha.
Logo depois, a porta do quarto se abriu e uma mulher entrou era Patrícia, minha prima, sua enteada. Seus passos calmos mostravam que ela já conhecia o caminho e sabia o que lhe esperava naquele quarto, naquela cama.
A tensão no quarto se intensificou como se o ar tivesse ficado pesado de repente. Eles trocaram olhares longos, cheios de histórias não contadas. Marcos falou algo que não consegui ouvir, mas, vi quando ele pegou em seu pau já completamente duro, ela hesitou por um segundo na porta, mas ele não disse nada. Apenas estendeu uma mão, firme, convidativa. Patrícia se aproximou.
Ela deitou-se ao seu lado, no que ele envolveu ela em um abraço e a beijou, a partir daí, os gestos se tornaram mais próximos, mais íntimos. Ele acariciava os cabelos dela enquanto murmurava algo em seu ouvido. O beijo foi profundo e cheio de ritmo, uma dança úmida e concentrada que se prolongava no som das respirações misturadas. As mãos dele desceram para a cintura dela, puxando a camisola para cima com calma, revelando aos poucos o corpo escondido, ela estava sem calcinha.
Era como se eu estivesse vendo algo proibido, algo que nunca deveria estar diante dos meus olhos. Mas não conseguia desviar o olhar. Os limites entre o certo e o errado, entre desejo e pânico, se misturavam dentro de mim com intensidade sufocante.
Então entre beijos quentes e toques cheios de desejo e pecado, ele retirou a camisola de sua enteada que fiou pelada, e ele pegou em mão e levou até seu pau e retirou a toalha e deixou aquele pedaço de troco apontado para o teto enquanto patrícia envolvia sua mão e começava a descer e subir de forma lenta, sua mão mal fechava toda.
Patrícia soltava pequenos suspiros entre os dentes, mais curtos quando ele roçava os lábios na sua clavícula, mais profundos quando ele passava os dedos entre suas pernas, em sua buceta que aparentava já está molhada que denunciava o tesão e o prazer dela, com suavidade e ritmo.
— Você gosta assim? ele sussurrou no ouvido dela, entre um beijo e outro.
Ela apenas respondeu com um gemido que escapou baixo, meio contido, mas suficiente para que ele entendesse.
Entre os beijos roucos e urgentes, Marcos virou Patrícia de leve, como quem conhece o caminho exato do corpo dela. Seus lábios migraram para o pescoço dela, traçando uma linha lenta e possessiva até a curva dos ombros. A respiração dela falhava em pequenos gemidos. Ele desceu a boca até os seios, lambendo a pele com fome silenciosa, e então os chupou com intensidade, como se sugasse mais do que carne como se quisesse arrancar dela a rendição completa. Patrícia arqueou o corpo, abrindo as pernas num reflexo inconsciente, e ele seguiu o rastro da própria intenção, deslizando a língua em até sua buceta. Ali, onde o corpo pulsa em silêncio, ele começou a chupá-la, devagar no início, depois com mais firmeza, ritmado pela resposta dela. A boca dele parecia ter aprendido um idioma sem palavras, e cada movimento era uma oração carnal. Do guarda-roupa, eu observava tudo paralisado entre o horror e o fascínio, sentindo sua alma se despedaçar, como se ele também fosse parte daquela cena, mesmo sem tocar em ninguém.
Ele ficou chupando sua enteada por alguns minutos até que ele levantou da cama, ficou em pé ao pé da cama, onde eu podia ver perfeitamente tudo, ele então a puxou e com cuidado e disse: Agora mama, gostoso.
Patrícia então pegou pela base e começou a mamar o padrasto, ele pegou em sua nuca e entrelaçou os dedos em seus cabelos e começou a comandar o ritmo, ela até tentava engolir tudo, mas, não conseguia, eu via perfeitamente ela pegando o pau de Marcos pela base e passando a língua na cabeça e voltava engolir com vontade, ela mamou, mamou bastante, e então ele mandou ela deixa o pau bem babado que ele iria meter fundo nela, o que Patrícia fez, cuspiu no pau dele e passou a língua em todo contorno dele.
Marcos então a mandou deitar e abrir as pernas pra ele, o que ele fez, e ele agarrou em sua cintura e a trouxe para beirada da cama, nesse momento ele segurou seu pau com uma mão e a outra passava a ponta dos dedos na buceta de Patrícia, estava preparando o território para entrar, e ela gemia de olhos fechados e nesse momento ele se curvou para frente e foi introduzindo seu pau de forma lenta e com cuidando e olhou diretamente para mim enquanto enfiava o pau cm por cm dentro de Patrícia.
Então seu pau entrou todo, eu vir cada cm daquele pau sumir dentro de sua buceta, ele a beijou novamente então voltou a sua postura de antes, segurou as pernas de Patrícia e começou a meter, ele se movia com domínio e entrega. Tocava com precisão, beijava com intensidade, e Patrícia correspondia com a mesma fome silenciosa, como se naquele momento não houvesse passado nem futuro só aquela temperatura e o instinto do presente.
Ele ficou ali metendo nela por um tempo, então ele deitou, e pediu para ela sentar em cima o que ela fez, e começou a quicar, Patrícia gemia, o pau de Marcos sumiu dentro dela, enquanto ela quicava em cima dele, ele olhava em minha direção com um sorriso.
Ele brincava comigo. Sabia dos meus desejos mais ocultos, da minha fragilidade, e usava isso como se fosse um jogo. Mas o jogo não era meu. Era dele. E eu só podia assistir, impotente e sedento, me afogando naquela dança cruel de poder.
Ele segurou em sua cintura e meteu, meteu com força, meteu rápido.
Os sons eram intensos. Pancadas abafadas. Um ritmo firme, crescente. A madeira da cama gemia. O cheiro do quarto escapava pelas frestas — umidade, suor, desejo cru. E eu estava ali, parado, preso. Observando sem ser visto. Sentindo tudo sem poder tocar em nada.
Então ele a deitou de costas, ela virada em minha direção, nesse momento ele subiu em cima dela e segurou seu pau firme e me olhou, e então foi enterrando novamente dentro da buceta de Patrícia.
— Tá sentindo? Hein? ele sussurrou para ela, mas parecia falar comigo.
— Isso aqui é só meu, vai se entregar de novo para outro homem? completou, numa voz baixa, e ali eu soube que era para mim que ele falava.
Eu soube. Sabia por que estava ali. Sabia que aquilo era um castigo. Um castigo por causa do Tonho.
Ela gemia com força. Mas era ele quem ditava o ritmo. Ele quem comandava tudo.
Minha pele queimava, o estômago revirava e, ao mesmo tempo, uma excitação insuportável pulsava entre minhas pernas. Eu odiava aquilo. Amava aquilo. Era como estar nu diante de um fogo que não queimava por fora.
Senti meu corpo reagir. Involuntário. Cruel. Traidor.
A vergonha subia pelo pescoço, mas não me impedia de continuar olhando.
Meu coração socava as costelas. Meus olhos se recusavam a fechar.
Marcos sabia. Ele sabia que eu havia me entregado a outro homem além dele. Ele sabia que, de alguma forma, eu havia desafiado o domínio que ele exercia sobre mim. E agora, ele estava mostrando seu poder, sua manipulação, deixando claro que eu pertencia a ele mesmo que ele não fosse meu.
E isso, de alguma forma, me excitava.
Eu sentia o peso do castigo, a humilhação de estar ali, escondido, observando. Mas também sentia o desejo, a pulsação que não podia controlar. Era como se Marcos estivesse me ensinando uma lição, uma lição que eu nunca esqueceria.
E então ele gozou.
Com força. Com brutalidade. Com aquele mesmo olhar fixo em mim. Os músculos enrijecidos, os dentes cerrados, os olhos cravados na minha fresta. Ele gozou dentro dela enquanto olhava pra mim, foi um gozo farto que escorreu pela pele, mas o gozo real... era outro. Era o que ele sentia ao me ver ali. Inerte. Submisso. Fraturado.
Patrícia arfava sob ele. Cansada. Suada. Usada.
Mas não era ela quem havia sido marcada naquela tarde.
Era eu
A porta do guarda-roupa se abriu com um estalo seco.
Marcos apareceu. Ainda nu, seu pênis ainda meio duro.
A pele marcada de suor, os olhos semicerrados e intensos como brasas escondidas num monte de cinzas. Me atravessou com os olhos, como se me conhecesse mais do que eu mesmo.
A tensão congelou o ar entre nós. E então ele perguntou.
Com a voz grave, firme, quase debochada:
— E então? Finalmente você aprendeu?
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Eu juro que tentei odiá-lo.
Juro mesmo.
Mas enquanto ela gemia sob o corpo dele, algo em mim também se contorcia.
Não era só no armário que eu estava preso — era em mim.
E quanto mais o via gozar nela… mais me perguntava se aquele gozo também era meu.
Talvez tenha sido ali que comecei a confundir medo com desejo.
Vergonha com excitação.
Culpa com curiosidade.
Ele me viu.
E pior: me viu gostar.
Naquele quarto, o que escorreu não foi só o prazer dele.
Foi a minha inocência derretendo entre as frestas daquela madeira,
junto com a coragem que eu achava que tinha.
Hoje, olhando pra trás,
não sei se fui vítima, cúmplice, ou só um menino carente demais querendo ser escolhido.
Mas sei que, depois daquela tarde,
Marcos não precisou mais se esconder.
Nem eu tentei mais resistir.
Porque ele já sabia.
E eu…
também.
Sabia que aquilo não ia parar por ali.
Porque Marcos tinha sentido meu cheiro.
O cheiro do meu medo.
O cheiro do meu desejo.
E predadores nunca esquecem o cheiro da presa.