A noite chegou com véus de seda, e o luar deslizava sobre nossos corpos como um dedo curioso. O ar salgado do mar misturava-se ao calor da tua respiração, enquanto as ondas batiam em ritmo lento, quase compassado—como o teu coração contra o meu.
Teus lábios, um vinho escuro e doce, encontraram os meus num bebo que começou como um segredo e terminou como um gemido. As tuas mãos, hábeis como versos, traçaram poemas na minha cintura, descendo em espirais de desejo, cada toque uma estrofe não escrita.
A pele, úmida de promessas, brilhava sob a luz das estrelas. E quando o teu nome escapou dos meus lábios, não foi um pedido—foi uma oração. O mundo estreitou-se ao espaço entre nós, e o tempo dissolveu-se como açúcar na língua.
O mar, eterno cúmplice, levou nossos murmúrios para longe, enquanto os corpos se entrelaçavam em movimentos de maré—devagar, depois sem controle, depois devagar outra vez. Até que, no auge do arrebatamento, fomos nada e tudo: dois rios derramando-se no mesmo oceano.