O Reencontro
Dona Marta, 62 anos, cabelos prateados e olhos verdes que ainda incendiavam corações, arrumava as últimas rosas na floricultura quando a campainha tocou. Ao levantar os olhos, viu Helena, 65 anos, sua paixão de juventude, parada na porta, tão elegante quanto cinquenta anos atrás – agora com os cabelos brancos cortados à garçonne e um vestido que deixava pouco à imaginação sobre seus seios ainda fartos.
— Sempre soube que você voltaria um dia — Marta disse, os dedos manchados de terra tremendo levemente.
Helena sorriu, aproximando-se até que o perfume de jasmim envolvesse ambas.
— *Eu só vim comprar orquídeas, querida.*
— *Mentira. Você veio por isso.*
E, antes que Helena respondesse, Marta a puxou pelo colarinho e a beijou – um beijo de cinco décadas de espera.
---
O Fogo
O apartamento de Marta cheirava a baunilha e terra molhada. As cortinas estavam fechadas, mas a luz do entardecer filtrada tingia a pele de Helena de âmbar enquanto Marta desabotoava seu vestido com mãos pacientes.
— Você ainda é a mesma — Helena murmurou, arqueando as costas quando os lábios de Marta encontraram seu pescoço.
— E você ainda treme igual — Marta respondeu, levando a mão às coxas macias de Helena, agora abertas para ela.
Os corpos, marcados pelo tempo, eram mapas de histórias que só elas conheciam. Marta beijou cada linha, cada curva, como se decifrasse um segredo. Quando seus dedos finalmente encontraram o calor úmido de Helena, um gemido rouco ecoou no quarto.
— Devagar…— Helena pediu, mas Marta não ouviu. Em vez disso, afundou a língua nela, bebendo seu desejo como se fosse néctar.
As mãos de Helena se perderam nos cabelos prateados de Marta, puxando-os com força enquanto as pernas tremiam. O orgasmo veio como uma maré – lento, depois avassalador, deixando-a arquejando e suplicando por mais.
---
A Promessa
Mais tarde, deitadas na cama, os corpos ainda colados pelo suor, Helena traçou círculos no ventre de Marta.
— Por que nunca nos casamos? — perguntou, voz rouca.
Marta riu, virando-se para morder seu ombro.
— Porque você fugiu para a Europa, sua covarde.
Helena encostou a testa na dela.
— Dessa vez, eu fico.
E sob o crepúsculo, entre flores e corpos redescobertos, elas selaram a promessa – dessa vez, com os lábios, as mãos e todo o tempo que lhes restava.