Fantasias do J.C. - Sofia - Capítulo 3



A Iniciação no Clube das Almas Sombrias

Nos dias que se seguiram à Sala dos Espelhos, Sofia caminhava como uma sonâmbula pelo mundo comum. As aulas, os compromissos triviais, as conversas banais – tudo parecia acontecer atrás de um vidro espesso. Seu verdadeiro eu agora habitava aquele cubo perfeito de reflexos, onde milhares de suas imagens haviam testemunhado sua mais profunda degradação e, paradoxalmente, sua mais genuína libertação.
O orgasmo final de Almeida dentro dela não fora um fim, mas um portal. Ao manter os olhos abertos, encarando suas próprias imagens enquanto ele a possuía, algo se quebrara e se rearranjara dentro de sua psique. A vergonha derretera-se como cera quente, deixando para trás um núcleo de aço frio e aceitação radical.
Mas com essa aceitação vinha um novo tipo de terror. Não mais o medo do ato em si, mas o medo do que vinha a seguir. Se a Sala dos Espelhos representava o ápice do que ela imaginava ser possível em termos de exposição e submissão, o que poderia existir além dela? O que mais poderia ser exigido de alguém que já não possuía mais segredos, nem mesmo para si mesma?
Seu corpo, outrora um território de conflito, agora era um aliado. Sua boceta lembrava-se da possessão com uma nostalgia que a assustava. Seu cuzinho, violado e conquistado, já ansiara pela próxima invasão. As marcas do flogger haviam cicatrizado, mas a memória da dor transformada em prazer estava indelével.
À noite, sozinha em seu quarto, ela se olhava no espelho comum e via nos próprios olhos uma estranha que já não se assustava com nada. A menina de cabelos de fogo estava morta. Em seu lugar, uma mulher de carvão e diamante olhava de volta – frágil e indestrutível ao mesmo tempo.
O conflito agora não era mais entre o certo e o errado, mas entre o conhecido e o desconhecido. Ela havia sobrevivido aos espelhos. Havia descoberto prazer na dor, liberdade na submissão, poder na vulnerabilidade extrema. Partir dela uma faísca perigosa: e se houvesse mais? E se existissem camadas ainda mais profundas para explorar? Abismos dentro do abismo que ela já havia adentrado?
Quando a nova convocação de Almeida chegou – um bilhete discreto com apenas uma palavra: "Profundezas" –, suas mãos não tremeram. Seu coração não acelerou com medo, mas com antecipação. Ela sabia, com uma certeza que vinha das suas entranhas, que estava prestes a deixar para trás até mesmo a relativa segurança daquela sala de espelhos.
Havia um preço a pagar por ter entendido a língua dos sussurros. Um preço por ter olhado para dentro de si mesma e não ter enlouquecido. O porão que ela se preparava para adentrar não era apenas um local físico – era a materialização do próximo estágio de sua iniciação. Um lugar onde a luz do dia era uma lenda distante, e onde os ecos de prazeres e tormentos ancestrais aguardavam por ela.
Ela vestiu-se não como a estudante Sofia, mas como a obra-prima de Almeida. Cada peça de roupa foi uma armadura para a guerra que travava consigo mesma. Ao fechar a porta de seu quarto, ela sabia que a mulher que retornasse – se retornasse – seria outra completamente diferente.
A estante giratória na biblioteca não era mais um segredo, mas um portal. E ela estava pronta para cruzá-lo.
O porão não aparecia em nenhuma planta do edifício histórico da faculdade. Acessado através de uma porta dissimulada atrás de uma estante giratória na biblioteca, descia em espiral até profundidades onde a luz do dia era uma lenda distante. O ar cheirava a terra molhada, cera de abelha queimada e algo mais antigo – o aroma metálico do sexo e do sangue seco em pedras seculares.
Sofia foi conduzida por Almeida através de um corredor baixo, suas costas nuas roçando a parede de pedra áspera. Ele a havia vestido apenas com um manto negro de seda finíssima, transparente como fumaça, atado na cintura por uma corda de cânhamo. Seus pés descalços sentiam o frio úmido do piso de pedra. À sua frente, uma pesada porta de carvalho reforçada com ferro se erguia, gravada com símbolos que ela não conseguia decifrar – espirais que se desenrolavam em figuras entrelaçadas, animais míticos copulando, formas geométricas que doíam nos olhos.
“O Clube das Almas Sombrias não é para os puros de coração,“ sussurrou Almeida em seu ouvido, suas mãos pousando em seus ombros nus. “É para aqueles que entendem que a verdadeira iluminação vem através da quebra de todos os tabus.“
A porta abriu-se sem um ruído, revelando uma câmara circular onde tochas fixadas em suportes de ferro lançavam sombras dançantes nas paredes de pedra. No centro, um círculo de figuras encapuzadas em mantos vermelhos formava um anel silencioso. No exato meio, uma estrutura de madeira negra esperava – uma espécie de cavalete inclinado, forrado de veludo escuro e equipado com correias de couro em cada extremidade.
Um homem mais alto despiu o capuz. Era Eduardo, o colega de Almeida, seu rosto iluminado pelas chamas tremulantes. Seus olhos percorreram o corpo quase nu de Sofia com a frieza de um ourives avaliando uma pedra preciosa.
“A noviça está pronta para a iniciação?“sua voz ecoou na câmara.
Almeida empurrou Sofia suavemente para frente. “Ela assinou seu contrato em sangue e desejo. O corpo está preparado. A mente está…. maleável.“
Mãos a agarraram, guiando-a para a estrutura de madeira. As correias fecharam-se em seus tornozelos e pulsos, puxando seus membros até que ela ficou esticada, de bruços, seu corpo arqueado sobre o cavalete forrado. O manto de seda foi retirado com um puxão, deixando-a nua perante a assembleia silenciosa.
Eduardo aproximou-se, segurando um objeto alongado envolto em veludo negro. “A primeira provação é a Prova do Cálice,“anunciou, desenrolando o tecido para revelar um consolo de prata maciça, entalhado com padrões intricados que lembravam serpentes entrelaçadas. A peça era fria e pesada em suas mãos.
Ele se posicionou atrás dela, lubrificando o objeto com um óleo que cheirava a mirra e algo mais picante. Sofia sentiu a ponta metálica gelada pressionar a entrada de sua boceta.
“O Cálice deve ser preenchido,“ sussurrou Almeida, agora ao seu lado, sua mão acariciando seus cabelos ruivos.
Eduardo empurrou o consolo para dentro dela num movimento único e implacável. Sofia gritou quando a prata fria preencheu sua boceta profundamente, alongando-a de forma quase insuportável. O peso do metal dentro dela era uma sensação alienígena, violadora e, para sua vergonha, profundamente excitante.
“Aguente, noviça,”ordenou Eduardo, começando a mover o objeto para dentro e para fora num ritmo lento e cerimonial.
Enquanto isso, Almeida pegou um segundo objeto - uma vara fina de vidro, oca, com a ponta arredondada. “A Prova da Essência,“ anunciou, levando a ponta ao seu cuzinho. O vidro gelado fez com que ela se contorcesse contra suas amarras. Ele inseriu a vara lentamente, abrindo caminho através da resistência muscular.
A sensação de ter ambos os orifícios preenchidos simultaneamente por objetos frios e impessoais era avassaladora. Sua respiração ofegante ecoava na câmara, misturando-se com o som das tochas crepitantes.
Então, algo mudou. Um líquido quente começou a fluir através da vara de vidro, preenchendo seu reto. Era vinho escuro e especiado – sentiu o líquido quente expandindo-se dentro dela, uma sensação impossivelmente íntima e violadora. Ao mesmo tempo, o consolo de prata em sua boceta começou a vibrar sutilmente, uma frequência baixa que fazia seus dentes tremerem.
“Os opostos se encontram,“entoou Eduardo. ”O quente e o frio. O sagrado e o profano.“
Os membros encapuzados aproximaram-se, formando um círculo mais apertado ao redor dela. Mãos enluvadas começaram a tocar seu corpo esticado – beliscando seus mamilos, acariciando suas coxas, arranhando levemente suas costas. Era um assalto sensorial calculado para sobrecarregar seu sistema nervoso.
Almeida inclinou-se sobre seu ouvido. “Esta é a verdadeira educação, Sofia. O corpo conhecido através dos extremos. A mente libertada através da sobrecarga.”
Ele então pegou um pincel de pelos macios e um recipiente com uma tinta negra e brilhante. “A Marca da Alma Sombria,“sussurrou, começando a pintar símbolos em sua pele - uma espiral sobre seu osso púbico, um triângulo invertido entre seus seios, linhas sinuosas descendo por suas coxas.
Enquanto ele trabalhava, Eduardo aumentou a velocidade do consolo de prata, suas próprias mãos segurando seus quadris com força. A combinação das vibrações profundas em sua boceta, o líquido quente em seu cuzinho, e as mãos anônimas em seu corpo levou-a à beira do orgasmo repetidas vezes, apenas para ser negado no último momento.
“Uma noviça não goza por prazer próprio,“rosnou Eduardo em seu ouvido. ”Goza como oferenda.“
Finalmente, após o que pareceu uma eternidade, Almeida deu um passo atrás. “Ela está preparada para o Ritual do Espelho Sombrio.”
Eles a desamarraram e a guiaram até o centro exato da câmara, onde um grande espelho negro emoldurado em ébano esperava. No reflexo, Sofia viu-se transformada – seu corpo marcado com os símbolos negros, o rosto corado de excitação e exaustão, os olhos dilatados de uma fera acuada.
“Olhe,“ordenou Almeida. ”Veja o que você se tornou. Uma Alma Sombria. Uma filha do prazer e da dor.“
E foi então, olhando para seu próprio reflexo distorcido no espelho negro, com os objetos ainda a preenchê-la e as mãos anônimas ainda a acariciar, que ela finalmente foi permitida o alívio. Seu orgasmo veio como uma convulsão, um grito rouco que rasgou sua garganta enquanto seu corpo se contorcia no chão de pedra, os membros do clube observando com aprovação silenciosa.
Quando as contrações finalmente diminuíram, Almeida a levantou nos braços. “Bem-vinda, Irmã Sofia,“ele sussurrou, seu rosto pela primeira vez mostrando algo parecido com afeto genuíno.
Ela olhou para o espelho mais uma vez. A menina dos cabelos de fogo estava morta. Em seu lugar, uma nova criatura olhava de volta - mais sombria, mais perigosa, e finalmente livre. O Clube das Almas Sombrias tinha uma nova membro, e sua educação estava apenas começando.

Foto 1 do Conto erotico: Fantasias do J.C. - Sofia - Capítulo 3

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Ficha do conto

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Nome do conto:
Fantasias do J.C. - Sofia - Capítulo 3

Codigo do conto:
246049

Categoria:
Sadomasoquismo

Data da Publicação:
31/10/2025

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1

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