No íntimo, eu queria ser Kátia e pensei na possibilidade. Fiz academia preparando Kátia e descobri que para sê-la, precisaria ser corajosa demais diante da sociedade preconceituosa. Magro, Kátia já começava a ser desenhada, olhei no espelho e vi uma Kátia bunduda! Humm! Daria certo? Uma pesquisa na Internet e vi que para ser efetivamente Kátia o preço era salgado! Por outro lado, Kátia não poderia ser uma boneca modelada com corpo de homem exigindo investimentos aos quais o bolso não comportava. Por fim, eu sabia que para ser Kátia, precisaria romper com todo o passado e aceitar toda a convivência social. Como seria vista e julgada? Abortei a ideia como se o vento levasse Kátia para algum lugar e por lá ficasse. Kátia só ajudaria naquele momento em compras como uma calcinha vermelha e um plug anal!
Pluguei, coloquei a calcinha, olhei no espelho! Achei esquisito. Eu poderia estar com diversos cacetes numa suruba sendo eu e não Kátia. Como é difícil! Tomasse uma bela surra numa dupla penetração com dois paus pretos, seria mais fácil que convencer-me a ser Kátia! Pensei e nem sair com a calcinha tinha coragem quanto mais uma transformação radical! O plug mostrou que meu rabo é um necessitado por pica, especialmente, preta! Estimulante, fui levado à loucura com sua pontinha fina como uma rola menor que tentava ganhar mais profundidade. O certo desta experiência, Kátia não apareceria tão cedo. Quem sabe no futuro? A brincadeira acabou, tirei o plug, calcinha, lavei o danado, guardei no baú dentro do guarda-roupa. Este segredinho ficou lá no cantinho, dentro do baú, uma tentativa doida em ser Kátia.
Diariamente, eu evocava o espírito de Kátia repetindo a plugada e vestindo calcinha, descobrindo meu corpo! Corajoso, adquiri um consolo preto, algo que abrisse meu anel ao modo que gostaria. O danado trabalhava bem e o desejo por pica foi aumentando, eu estava numa reflexão se voltava ou não para os caralhos em carne viva que poderiam invadir meu corpo! A separação de Amanda provocou uma paralisia sexual com pessoas, mostrou uma interrogação. O fato de ser gay teria minado meu relacionamento? Ela sabia, divertiu-se, por fim, coloquei na cabeça que isto teria atrapalhado tudo precisando de tempo. Quem ganhou espaço com isto foi o consolo preto que ficou íntimo do meu rabinho! Naquele momento, ele seria bem a sua palavra: consolo! Excita, provoca, bota dúvida na cabeça, fala dentro do cu que o negócio precisa ser real com machos fodedores e não ele, um brinquedo estimulante que botava mais fogo na minha tara toda implícita.
A bizarrice pintou diante de mim. Uma máquina de foder! Quem sabe? O preço não compensava, importada, recursos capazes de trazer comodidade como uso de controle via Bluetooth, troca de consolos facilitada, uma beleza. O preço era bem salgado e a ideia morreu ali. Tudo isto sinalizava que ter prazer é caro e o meu precisaria estar dentro dos limites do limitadíssimo bolso. Brinquedos só botavam mais necessidades, era uma fuga diante da realidade ao qual eu precisava encarar.
Eu tiro o chapéu para quem possui toda a coragem em ser Kátia. Estão de parabéns, dou apoio e força para que sejam felizes e nunca desistam de seus objetivos. Eu não consegui. O medo diante da sociedade, a transfobia, foram determinantes para não encarnar Kátia. Há muito mais que a transformação física sendo profundamente psicológica e isto eu não consegui assimilar, não tive maturidade! Kátia é mais que bundão com cinta liga, seios com silicone e todo aparato para virar princesa! Peço desculpas ao leitor e a leitora, não consigo ser Kátia. É isto.
Você pode liberar a Kátia de vez em quando... Tendo alguém pra admirar e te encher a bola, fica mais fácil. Pequenas escapadas ajudam bem..