Hoje me aceito com maior clareza na situação e condição de corno. Essa aceitação, porém, não apaziguou os questionamentos internos sobre minha própria sexualidade – sementes que germinarão em contos posteriores. Mas em 2017, eu ainda flutuava num limbo contraditório: entre o tesão inegável que a cobiça alheia por minha namorada me provocava e a tentativa desesperada de sufocar o desejo de vê-la entregue a um macho viril. Era um fogo que eu alimentava e tentava apagar ao mesmo tempo. Na época, namorava Bruna, que estava no auge dos seus 23 anos. Há três meses, eu havia bancado tudo: próteses de silicone nos seios, lipo na barriga e enxerto nas nádegas. Subjetivamente, eu buscava nela a realização de um ideal de beleza que, ironicamente, se tornaria o meu próprio instrumento de tortura e êxtase. Estávamos numa praia do litoral paulista, e naquele sábado à noite, o destino era uma casa noturna, uma balada de música eletrônica. No quarto de hotel, o ritual começou. Bruna ajeitou os cabelos castanhos na altura dos ombros, maquiou-se com precisão: olhos delineados, lábios atrativos. Depois, vestiu o look escolhido por mim: uma calcinha branca minúscula que mal cobria sua bucetinha depilada; um body branco de tecido fino, decote profundo que escancarava os seios recém-operados, permitindo uma visão quase completa; a calça jeans justa da Colcci N36 que moldou seu bumbum como uma segunda pele; e, finalmente, sapatos de salto alto de uns 13cm. Quando ela se virou para mim, pronta, a visão era a de uma patricinha saída diretamente dos meus sonhos mais secretos e insinuantes. Foi quando ela tirou selfies no espelho. O clique foi um gatilho. Ciúmes, puros e cortantes, perfuraram meu peito como lâminas. Meu sangue ferveu, trazendo à tona os fantasmas de 2014, com Lara. Aquele episódio (narrado no conto "Namorada patricinha no show sertanejo") nunca saíra da minha cabeça. No carro, indo para a balada, a palavra saiu quase como um grito: "Pra quem são as fotos?". Ela me mostrou, sem cerimônia. Eram lindas. De frente, exibia o par de seios quase à mostra, os bicos marcando o tecido fino como convites. A cintura afunilada no jeans, o púbis desenhado, o sorriso insinuante. De perfil, a silhueta era devastadora: bumbum pronunciado, volume dos seios, a visão lateral de um seio revelada pelo decote. O mais brutal, porém, veio depois: "São pro meu cirurgião. Quero que veja o resultado". Faltou pouco para eu perder o equilíbrio, mas aquele ciúme cortante já me fazia estalar de duro o pau dentro da calça. Não questionei. Algo em mim revivia as sensações de 2014, mas com uma intensidade ampliada pela cirurgia que eu mesmo bancara. Na balada, o efeito foi imediato. Bruna era um farol. Seu look de patricinha, a beleza desenhada por bisturi, destoava completamente do padrão praiano – a maioria das garotas em rasteirinhas e saias soltas. Isso a colocou sob um holofote ainda mais cruel e delicioso. Deixei-a na pista e fui ao banheiro. O intuito era outro: observar de longe. E não demorou. Um rapaz alto, forte, aproximou-se. Beijou-a no rosto em cumprimento. Ela sorriu, conversou, animada com as palavras dele. Quando comecei a voltar, atravessando a multidão, vi-a dispensá-lo com um gesto educado. Um alívio misturado com um pontinho de decepção. Ao chegar, ela envolveu meu pescoço com os braços. Um gesto claro, de sinalização: "Estou acompanhada". Mas a noite guardava mais um capítulo. Ao sairmos, pedi que ela esperasse na calçada enquanto eu buscava o carro no estacionamento. De longe, vi outro rapaz abordá-la. Quando encostei com o carro, ele ainda estava lá, marcando território. Bruna, mais desinibida pelo álcool, não disfarçava o interesse. Ao ver meu carro, disse: "Já vou!". O rapaz não se conteve. Puxou-a forte contra o corpo. A cena me impactou como um soco. Vi-a levantar um dos pés, o salto alto flexionado, o corpo amparado nos braços dele. Ela desvencilhou-se, mas não sem antes receber um beijo no canto da boca. Entrou no carro. No trajeto para o hotel, minha ereção era um monstro marcando a calça. Bruna sabia. Sabia que meu pau duro era consequência direta dos ciúmes daquela cena. No quarto, a ação foi rápida, quase animal. Desabotoei sua calça jeans, deixando-a arriada na parte alta das coxas, expondo apenas o bumbum. Soltei o body por baixo, puxei a calcinha fio dental de lado. A penetrei por trás, de pé, ela apoiada na mesa, o bumbum arrebitado pelo salto alto, exposto com a calça jeans caída. Durei pouco. A ejaculação veio rápida, explosiva. Minha cabeça estava povoada pelas imagens: ela na balada, cobiçada; o abraço no estacionamento; o beijo no canto da boca. Os pensamentos dela sendo desejada ostensivamente por outros homens afrouxaram meu juízo, dissolveram meu controle. No silêncio que se seguiu, enquanto Bruna ia ao banheiro, a reflexão veio. Este conto não é apenas sobre exibicionismo. É sobre ciúmes como combustível, sobre a linha tênue entre posse e entrega, entre o desejo de proteger e o desejo de ver violada. É sobre cuckolding em sua forma mais crua: a excitação na incapacidade de satisfazer plenamente, no prazer derivado da potência alheia. O histórico com Lara em 2014 não era um episódio isolado; era um padrão. Um padrão que eu mesmo alimentava, ao vesti-la como um presente para o mundo, ao bancar as transformações de Bruna que a tornavam ainda mais cobiçável. Eu era o arquiteto da minha própria tortura e do meu próprio êxtase. O espelho no quarto refletia Bruna, mas também refletia minha condição: a de um homem que encontrou seu ápice sexual na própria inadequação, na dor e no prazer de ver sua obra-prima desejada por outros. O abismo da cornitude não era mais um mistério; era o meu território reconhecido. E ainda assim, a pergunta persistia, ecoando no quarto vazio: até onde esse abismo me levaria?
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