Tudo tinha começado com um vinho, uma verdade confessada em tom de brincadeira e um olhar que durou um segundo a mais do que o socialmente permitido. Eu, que sempre me senti atraída pela maturidade serena da Silvia, e o meu parceiro Beto, que não só apoiou a ideia como ficou visivelmente excitado com ela.
No quarto do motel, não havia pressa. A Silvia me beijava com uma expertise que me tirava o chão, enquanto os lábios do Beto percorriam a nuca dela, suas mãos grandes ocupadas em afagar os seios generosos que eu sempre admirara em segredo. Foi uma dança lenta, de descobertas e permissões.
Lembro-me do som baixo que o Beto soltou quando me viu pela primeira vez chupar os mamilos cor de café da Silvia, e do modo como ela guiou a minha mão até o centro molhado dela, sussurrando que eu era mais linda do que ela imaginava.
Não houve ciúmes, não houve disputa. Houve apenas um triângulo de prazer. A boca do Beto em mim, a minha boca na Silvia, e a boca dela nele. Foi uma entrega total, um jogo onde todos ganhavam.
Quando o Beto finalmente me penetrou, por trás, a Silvia estava de frente para mim, nossos seios se esfregando, nossas línguas se encontrando no mesmo ritmo das investidas dele. O orgasmo foi uma onda que não começou em mim, mas no centro da nossa união, espalhando-se pelos três, até que ficássemos exaustos, entrelaçados e rindo baixo, com o suor salgando nossos lábios.
A paz durou até a saída.
Enquanto o Beto dirigia o carro para a rua, ainda com o sorriso satisfeito de quem sabe que fez bem o seu trabalho, e a Silvia no banco de trás com a mão pousada no meu ombro, eu vi. Vi Dona Marta, minha vizinha do condomínio, a mulher que enche a rua com sermões sobre "família tradicional" e sempre comenta sobre "a juventude sem moral de hoje", descendo de um Honda Civic prata, que não era do seu marido.
Nossos olhos se encontraram. O sangue correu gelado nas minhas veias por um segundo. Ela congelou, a mão ainda na maçaneta do carro, o rosto pálido de quem foi pega no flagra. Eu esperei o constrangimento, o aceno rápido, a fuga. Mas não. Para a minha surpresa, o choque inicial no rosto dela se transformou numa máscara de desdém. Ela endireitou os ombros, fechou a porta do carro com um golpe seco e marchou na nossa direção.
Beto parou o carro, atônito.
Dona Marta chegou na minha janela, que estava aberta, e, sem nem mesmo cumprimentar, cuspiu as palavras com um veneno que me pegou desprevenida:
- "Paula, eu espero que você reflita sobre suas atitudes. Três pessoas num carro, saindo de um motel? Que exemplo é esse? Onde já se viu uma promiscuidade dessas? Tenha respeito por si mesma."
Eu fiquei paralisada. A hipocrisia era tão grossa que dava para cortar com uma faca. Mas antes que eu pudesse articular qualquer palavra, senti a pressão suave da mão da Silvia no meu ombro se firmar. Ela se inclinou para frente, o suficiente para que Dona Marta pudesse vê-la claramente, e falou com uma doçura cortante, a voz ainda um pouco rouca da nossa sessão de sexo:
- "Boa tarde, senhora. Pelo que entendi, a senhora está preocupada com a moral alheia. Curioso, vindo de alguém que acaba de descer de um carro que não é do seu marido, também saindo do motel. A diferença, minha querida, é que nós somos adultos solteiros e consentintes, desfrutando do nosso prazer sem enganar ninguém. Já a senhora... bem, a senhora deve ter uma definição muito particular do que é 'respeito', já que está traindo seu marido, nao é?"
O rosto de Dona Marta passou do desdém para o puro horror. Ela abriu a boca, mas nenhum som saiu. A coragem hipócrita dela se esvaiu como ar de um balão furado. Ela recuou um passo, depois dois, e sem dizer mais nada, virou-se e quase correu de volta para o carro, onde o amante esperava, provavelmente tão envergonhado quanto ela.
Beto, que tinha ficado em silêncio, soltou uma risada abafada e colocou o carro em movimento. Ninguém disse nada por um minuto. Então, eu me virei para o banco de trás e olhei para a Silvia. Seus olhos brilhavam de inteligência e uma ponta de diversão maliciosa.
- "Você foi incrível," - eu disse, e a minha voz saiu como um sussurro admirado.
Ela sorriu, um daqueles sorrisos sábios e sensuais que me fizeram derreter horas antes.
- "Hipocrisia é um negócio frágil, querida. Às vezes, só precisa de um pequeno empurrão para desmoronar."
Beto pegou na minha mão e levou-a aos lábios para um beijo rápido.
- "Acho que isso merece uma rodada extra. O que vocês acham de irmos para a minha casa? A noite ainda é uma criança."
Olhei para o meu querido, depois para a minha amante, e senti uma onda de calor completamente diferente da que o motel havia proporcionado. Era o calor da cumplicidade, da liberdade e de uma vitória deliciosamente pervertida.
A noite, de fato, mal havia começado.
* (Por favor, parem de copiar meus contos e publicar como se fosse seu. Faça algo útil, vá transar!)
