De Calcinha, de Porta Aberta — Parte 1

Meu nome é Marcos.
É assim que me chamam, é o nome que respondo quando alguém fala comigo. Mas aqui dentro, dentro da minha cabeça, eu me chamo Marina. Ninguém sabe. Marina só aparece quando estou sozinho, quando paro de fingir que não conheço cada detalhe do meu corpo.

Tenho 23 anos, 1,70 de altura, sou branco, cabelo curto, olhos castanhos. Nunca fui magro do jeito que esperam. Um pouco acima do peso, macio onde devia ser reto. A bunda sempre veio antes de mim. Cheia demais, redonda demais, impossível de ignorar mesmo quando tento disfarçar. Não me assumo afeminado, mas sei que existe algo em mim que escapa — no jeito de andar, no quadril, na forma como sou olhado. Eu percebo. Finjo que não.

Naquela tarde, eu já estava excitado antes de qualquer visita.

O dia estava quente, abafado, pesado. Sem ar-condicionado, só o ventilador empurrando ar quente pela casa. Sozinho, aproveitei o silêncio. No meu quarto, de porta fechada, eu provava calcinhas na frente do espelho. Marina olhando para Marina.

A que eu vestia era preta, lisa, cavada, grudada no corpo como se tivesse sido feita pra marcar. Apertava o suficiente pra me lembrar dela a cada respiração. Eu me virava devagar, observava minha bunda preenchendo o tecido, a carne macia escapando um pouco. O pau duro, preso, pulsando. Vergonha misturada com vontade.

A campainha tocou.

O susto foi imediato. Meu pai tinha avisado que o técnico da Claro viria à tarde, mas tarde nunca avisa quando chega. Enfiei um shorts por cima da calcinha sem pensar, sentindo o volume apertado, o coração acelerado. Abri a porta tentando parecer normal.

— Boa tarde, sou o Rafael, da Claro.

Ele era alto. Bem mais alto que eu. Devia ter uns 1,85. Ombros largos, corpo forte, barba rala. O uniforme grudado de suor. Cheiro de rua, de homem trabalhando no calor. Falava calmo, seguro, como quem entra na casa dos outros o tempo todo.

— Boa tarde — respondi. — Pode entrar.

Expliquei que a TV com problema ficava no meu quarto, no segundo andar.

— Qual seu nome? — ele perguntou, anotando algo.

— Marcos.

Por dentro, Marina se encolheu. Eu odiava ouvir aquele nome quando estava daquele jeito.

— Pode ir na frente, Marcos — ele disse.

Subi a escada sentindo cada degrau. O shorts subia um pouco, a calcinha preta entrava mais. Eu tinha certeza de que ele via minha bunda se mexendo. O suor escorria pela lombar. Eu me sentia pequeno. Menor que ele. E isso me dava medo. E vontade.

Quando entramos no quarto, Rafael deu dois passos e parou.

Em cima da cama, jogada sem cuidado, estava outra calcinha.

Clara, quase branca, de renda fina. Delicada demais pra fingir que era só roupa qualquer.
O olhar dele foi direto nela.
Rápido. Claro.

— Ah… — soltei, indo até a cama. — Desculpa, eu tava… arrumando.

Peguei a calcinha às pressas e enfiei no guarda-roupa. Senti o rosto queimar. Rafael se abaixou perto da TV, mas o corpo ficou tenso por um segundo errado.

— O sinal cai sempre, Marcos? — ele perguntou.
Marcos.

Eu só conseguia pensar em como queria ouvir Marina.

— Cai… às vezes some tudo — respondi.

Ele mexia nos cabos, as costas largas se movendo sob a camisa suada. O quarto parecia menor com ele ali. Eu pensava na calcinha branca, na preta colada em mim, no que ele tinha entendido sem dizer.

A campainha tocou de novo.

— Só um minuto — falei, olhando rápido para o Rafael.

Desci a escada sentindo o shorts colar na pele suada, a calcinha preta apertando mais a cada passo. O calor não ajudava.

Abri a porta e encontrei outro técnico.

— Boa tarde, sou o Lucas, da Claro.

— Oi… pode entrar — respondi. — Acho que mandaram você também.

Subi a escada agora com o Lucas atrás de mim. De novo aquela sensação de ser observado, de ter o corpo lido sem pedir. O shorts subia um pouco, a bunda se movia, e eu só conseguia pensar em como odiava ser chamado de Marcos quando tudo em mim pedia Marina.

Quando entramos no quarto, Rafael levantou o olhar.

— Mandaram você também?

— Mandaram. Confusão na agenda — Lucas respondeu.

Deram uma risada curta e voltaram ao serviço, como se aquilo fosse normal.

Dois homens grandes no meu quarto.
Dois corpos masculinos ocupando espaço demais.

E eu ali, de shorts, de calcinha por baixo, suado, tentando parecer só o dono da casa.

— Tá quente aqui em cima, hein — Lucas comentou.

— Muito — respondi. — Querem água?

Fui buscar. Caminhar pela casa com os copos na mão me deu aquela sensação estranha. Eu mandava ali. A casa era minha. Mas ao mesmo tempo me sentia servindo, oferecendo, existindo pra eles. Dona de casa por alguns minutos. Submissa sem ninguém pedir. Isso me atravessou com vergonha e tesão.

— Valeu, Marcos — Lucas disse, bebendo rápido.

Rafael pegou o copo depois. Os dedos grandes encostaram nos meus por um segundo a mais do que o necessário.

— Obrigado.

Marcos por fora.
Marina inteira por dentro.

Quando Rafael passou atrás de mim pra alcançar a tomada, o corpo dele ficou perto demais. Alto demais. Quente demais. Meu pau reagiu sozinho dentro da calcinha preta. Pensei em mãos grandes na minha cintura. Pensei em ser segurado ali. Pensei em alguém errando meu nome de propósito.

Nada acontecia.

E isso deixava tudo ainda mais intenso.
Depois de alguns minutos, a TV voltou. Lucas foi o primeiro a descer.

— Qualquer coisa, chama a gente, Marcos.
Fiquei sozinho com Rafael por alguns segundos estranhos. Ele anotou um número num papel.

— Se der problema de novo, liga direto, Marcos — falou, me entregando.

Peguei o papel com a mão suada. Nossos olhares se cruzaram rápido demais. Ele viu. Eu sabia que ele viu.

Depois que ele saiu, a casa voltou a ficar silenciosa e quente. Subi pro quarto, tirei o shorts e fiquei só de calcinha outra vez. A preta. Apertada. Molhada de suor e vontade.

Marina voltou inteira.

Nada tinha acontecido.

Mas eu estava duro, envergonhado e confuso demais pra fingir que tinha sido só uma visita técnica.

E aquele número não era só um número.

Talvez eu não ligasse naquele dia.
Mas eu sabia que ia ligar.


Faca o seu login para poder votar neste conto.


Faca o seu login para poder recomendar esse conto para seus amigos.


Faca o seu login para adicionar esse conto como seu favorito.


Twitter Facebook



Atenção! Faca o seu login para poder comentar este conto.


Contos enviados pelo mesmo autor


Ficha do conto

Foto Perfil Conto Erotico femboy

Nome do conto:
De Calcinha, de Porta Aberta — Parte 1

Codigo do conto:
250463

Categoria:
Gays

Data da Publicação:
28/12/2025

Quant.de Votos:
2

Quant.de Fotos:
0